Epílogo

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— Elizabeth! Por favor, entre em casa antes que fique doente. — Minha voz saiu alta o bastante para que a menininha ouvisse.

Minha filha olhou em minha direção, os pezinhos pequenos se movendo mais rápido do que achei que seria possível enquanto corria em minha direção. 

— Mas eu quero ver a neve! — Exclamou, apontando para o lado de fora. 

— Está muito frio para você. — A peguei no colo. — E você já brincou ontem por horas. 

Aparentemente minha filha tinha o mesmo gosto pelo frio que eu. Agora finalmente entendia quando Shawn revirava os olhos por me encontrar novamente do lado de fora de casa, ou tomando banho no lago gelado. 

Sorri com aquela lembrança que parecia ser de uma época distante, mas que havia acontecido apenas há cinco anos atrás.

— O que acha de tomar um banho...

— Não! — Me interrompeu de imediato. — Eu quero brincar com Monstro na neve!

— Monstro está cansado. — Apontei para o animal deitado em frente a lareira. — Olhe para ele, acho que está com sono. 

Lizzie se aproximou de mim, como se fosse contar um segredo. 

— Eu acho que ele quer dormir para sempre, mamãe. — Sussurrou. 

Olhei para a garotinha, que, apesar de só ter cinco anos, parecia ter uma sensibilidade extraordinária para o que acontecia ao seu redor. 

— Por que você acha isso?

— Às vezes ele parece triste. — Murmurou. 

Ela não estava errada. Monstro estava velho demais para acompanhar a energia de uma criança, diferente de Lola que sempre se animava quando Elizabeth e Peter estavam juntos. Mas Monstro... Eu sabia que era só uma questão de tempo até ele nos deixar. 

Seus olhos cansados, o corpo movendo-se devagar, era triste vê-lo nessa situação, especialmente quando eu me lembrava de como ele já foi. 

Antes, o mísero pensamento de vê-lo partir teria me deixado arrasada. Monstro foi mais companheiro meu do que a maioria das pessoas que passou pela minha vida. 

Hoje, eu apenas aprendi a aceitar que era um ciclo pelo qual todos nós passaríamos. 

Nascíamos, alguns de nós amavam e, no fim, todos perdíamos uns aos outros. 

— Então vamos tentar fazer de tudo para deixá-lo mais feliz, o que acha? — Ela assentiu, um sorriso gigante no seu rosto. Beijei sua bochecha gorda, fechando os olhos quando senti ela me abraçar com força. — Eu acho que Monstro ficaria mais feliz se você tomasse um banho. 

— Ele me disse que não. — Arrebitou o nariz, os braços cruzados, séria demais para que eu a levasse à sério. 

— Você é muito teimosa, sabia?

— O papai diz que eu puxei de você. — Lizzie arregalou os olhos, cobrindo a boca com as mãos sabendo que provavelmente havia dito algo que Shawn havia pedido para ela não me contar. 

— Você e seu...

— Papai! — Gritou, de repente, se remechendo em meus braços para que eu pudesse soltá-la e, assim que o fiz, Elizabeth correu em direção a porta, por onde Shawn havia acabado de entrar. 

Um sorriso enorme decorou seu rosto, ao mesmo tempo em que ele se agachava para pegar a nossa filha no colo. 

— Você está tão pesada. — Ele disse, caminhando com dificuldade com ela. 

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