Entre o amor e o ódio

𝐂𝐚𝐩 𝟐𝟓

≪Jungkook narrando≫

Eu estava aconchegado no sofá, lendo um livro sobre autocontrole, quando a campainha da minha casa soou, interrompendo o silêncio da sala. Parei de ler, inclinando a cabeça em atenção, questionando-me se realmente ouvi o som. Então, a campainha ecoou novamente, desta vez em uma sequência insistente e urgente.

Uma ruga de confusão marcou minha testa. Quem poderia ser? Não recebia visitas desde que me mudei para essa casa isolada. Descartei a possibilidade de ser Seokjin; ele estava trabalhando no hospital, além disso, nossos encontros para beber eram ritualisticamente aos domingos.

Deixei o livro aberto no sofá, marcando a página com um papel, enquanto me levantava, sentindo uma irritação crescente com o som incessante da campainha.

Ao abrir a porta, me deparei com um homem que parecia ligeiramente mais novo e mais baixo do que eu. Seus olhos me analisaram por um momento antes de ele levantar uma fotografia à altura dos olhos, alternando seu olhar entre mim e a imagem. Estaria ele me comparando com alguém na foto?

Quem é você? - perguntei, minha curiosidade tingida de cautela.

Prazer, me chamo Kim Taehyung - ele respondeu, estendendo a mão em cumprimento. Hesitei, apenas arqueando uma sobrancelha em resposta. Ele pareceu perceber minha hesitação, recuando a mão e passando-a pelo cabelo numa expressão de desconforto.

Pois bem, Jungkook, eu sou... - ele começou, mas o interrompi antes que pudesse terminar.

Como sabe meu nome? Nunca nos vimos antes - insisti, minha voz firme. Ele suspirou, um vislumbre de resignação passando por seus olhos antes de virar a fotografia em minha direção. Era eu... com S/N.

Onde diabos ele encontrou aquela foto?

Ele notou minha surpresa e um sorriso enigmático surgiu em seus lábios.

Posso entrar? - ele indagou, uma sobrancelha erguida em desafio - Explicarei tudo lá dentro - concluiu, com um tom que sugeria que esta conversa estava longe de acabar.

Acenei com a cabeça, ainda atordoado, e dei um passo para trás, abrindo espaço para ele entrar. Enquanto ele passava por mim, uma sensação de inquietude tomou conta de mim.

Ele se acomodou no sofá com uma postura relaxada, enquanto eu, ainda processando a situação, sentei-me de frente para ele, cruzando as pernas e o encarando com um olhar penetrante. A luz da tarde filtrava pela janela, lançando sombras suaves sobre os móveis e refletindo em seus olhos atentos.

Como eu disse antes, meu nome é Kim Taehyung e sou detetive - ele revelou, estendendo a mão para me entregar a fotografia - A moça da foto me contratou para encontrá-lo.

O QUÊ?

Por que ela me procuraria depois de todo esse tempo? - A pergunta escapou dos meus lábios antes que eu pudesse contê-la, e minha voz saiu mais fraca do que eu pretendia. Eu levantei os olhos da fotografia para encontrar o olhar de Taehyung, buscando alguma compreensão.

A imagem dela na minha mente ainda estava clara, tão vívida quanto no dia em que nos despedimos. Eu havia prometido que seria a última vez, e mantive minha palavra. Naquela noite, ao virar as costas para ela, decidi que nunca mais os veria, nem a ela, nem ao nosso filho, Min-ho. Era melhor assim, eles estariam melhor sem mim.

Bem, ela não me explicou os detalhes - Taehyung continuou, sua voz calma contrastando com a tempestade de emoções dentro de mim - Mas pelo que ela me disse, ela quer que você volte... para o filho - Com essas palavras, ele me entregou outra fotografia.