[TUA] Ben Hargreeves - Don't blame me

12. Jantar em família

Mordo uma das almôndegas do meu prato e me obrigo a engolir. Apesar de estar perante a mesa de jantar mais farta que já vi e da comida estar maravilhosa, não consigo comer direito. Talvez seja por ter me despedido da senhora Jones ontem, ou por ter me demitido do meu trabalho dos sonhos hoje, ou por estar com medo do que virá a seguir, ou até mesmo por ter que dividir cômodo com o chato do Ben Hargreeves. Acho que finalmente a ficha está caindo para mim, já estava mais do que na hora de perceber que a minha vida está mudando de forma brusca.

— Então, Maya, qual desculpa você usou? — Marcus profere, acabando com o silêncio desconfortável que reinava na mesa.

— Desculpa? — Repito de forma confusa quando sou tirada dos meus pensamentos.

— Pra estar morando aqui. — Ben entra na conversa, parecendo já estar sem paciência. — Sabe que não pode contar pra ninguém que trabalha com a gente, não sabe?

— Eu sei. — Respondo com seriedade e o encaro, por acaso ele pensa que eu tenho cinco anos de idade? — É difícil ter uma justificativa boa sobre morar com vocês, eu disse a gerente da galeria onde eu trabalhava que vocês estão reformando a casa e queriam alguém para ajudar com a visão artística, e também... — Hesito um pouco antes de continuar, voltando a olhar para o meu prato. — Falei que um de vocês precisa de ajuda para explorar o lado criativo.

E é nesse momento que eu presencio as mais diversas reações na mesa de jantar. Fei, Alphonso e Christopher se acabam de rir, Marcus suspira e coloca a mão na testa, Sloane apenas fica quieta e observa a situação, e quanto a Ben e Jayme... bem, eles parecem querer me matar.

— Você é burra mesmo ou se esforça pra ser? — Jayme rosna enquanto larga o garfo sobre a comida. — Quem acreditaria nisso? — Eu preciso respirar fundo antes de responder qualquer coisa, não posso me descontrolar, mas às vezes essa garota me dá nos nervos. Minha respiração acelera e eu luto para pensar com clareza e escolher como devo responder. Devo ser calma, firme, tranquilizadora ou dar logo uma patada nela?

— Então me diga qual desculpa eu deveria usar, seria realmente útil. — Acabo ignorando as demais opções e respondendo de uma forma mais fria e debochada. Me pergunto se escolhi as palavras certas, mas quando vejo o olhar dela se encher de fúria, me arrependo. Péssima ideia, péssima ideia!

— Jayme. — Reconheço a voz calma da Sloane entrar na conversa antes que sua irmã me jogue uma chuva de insultos. — É algo realmente complicado, infelizmente a desculpa que a Maya usou parece ser a mais plausível agora.

A número seis se jogou nas costas da cadeira, cruzando os braços e bufando. Eu lancei um pequeno sorriso grato para Sloane, mas o clima na mesa estava longe de melhorar.

— Maya, por acaso você disse qual de nós é a pessoa que você ajuda? — O número um interrompe novamente o silêncio. Parece que em climas tensos como esse, ele prefere falar apenas quando é necessário.

— Não, eu não entrei em detalhes, ninguém desconfiou. — Ele parece ficar aliviado e eu dou outra garfada na comida. Alguns dos irmãos parecem já ter terminado de comer, mas permanecem na mesa, é um pouco estranho vê-los jantar em família assim.

— Qualquer coisa, se alguém perguntar, a gente diz que ela ajuda o Ben, afinal, ele é um artista secreto. — O número quatro zomba e logo começa a rir, eu vejo o número dois o fuzilar com o olhar, me perguntando sobre o que ele quis dizer.

— Cala a boca, Alphonso. — Ben censura seu irmão e imediatamente se levanta da mesa de forma brusca. — Pronto, o jantar terminou, já falamos o que tínhamos que falar. Seja bem-vinda, surtada. — Ele diz de forma rápida, sem nem mesmo ter o trabalho de me encarar, isso faz com que eu me lembre das palavras da sua irmã, então ele me odeia mesmo...