Capítulo 45

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Lycka Claire

Não sei se agradeço a Deus ou fico com medo por ter parado de ser seguida durante esses dias. Antes de sair com o Renan eu sentia que alguém estava me seguindo onde quer que eu ia, a sensação só ficava para trás quando eu colocava os pés no meu apartamento.

Na segunda-feira eu notei algo estranho, não tinha certeza mas eu sentia que ninguém mais estava me perseguindo que nem doido pelos cantos. Então eu aproveitei e abusei da sorte, ia ao trabalho, shopping, fazia compras e me divertia muito.

Numa dessas idas ao shopping acabei entrando na sala de cinema e assisti A culpa é das estrelas, chorei muito mesmo que não fosse minha primeira vez vendo o filme, aprendi que tenho que valorizar as pessoas enquanto elas ainda estão vivos e aqui comigo.

Por isso mesmo estou me arrumando para ir até a casa do Renan, nosso relacionamento nunca foi estável e sempre teve altos e baixos mas decidi que faria de tudo para que a gente desse certo e vivesse feliz juntos.

— Posso usar a tua cozinha para fazer o que eu quiser? — Vic finalmente teve tempo para conhecer minha casa e eu a convidei para passar o final de semana aqui também.

— Não começa a agir como se você fosse uma visita.

Termino de fazer a minha maquiagem e começo a passar a chapinha na minha lace, virou minha sobrevivência desde que comecei a ficar sem tempo para cuidar do meu cabelo.

— Pode cozinhar algo só pra você, visto que vou almoçar lá — digo colocando os últimos acessórios — Se cuida, tchau.

Renan estava me esperando lá em baixo para me levar até a casa deles, ele não quis que eu fosse de Uber. Abro a porta do carro e me sento, deposito um beijo na lateral do seu rosto e seguimos até o nosso destino.

O silêncio pairava entre nós, eu tinha medo de como eles iam reagir quando me vissem. Será que vão gostar de mim?

— Eles vão te adorar — Renan responde como se tivesse lido os meus pensamentos e faz um carinho leve em minhas mãos.

— Tomará!

Não me apercebi quando dormi, ao sentir as mãos macias de alguém me cutucando pensei logo na possibilidade de eu ter dormido durante o caminho. Abro os olhos e volto a fechá-los devido a claridade, lembro porque estou aqui e me recomponho.

— Seja bem-vinda — uma senhora me abraça depois de atravessarmos a porta. Eu sorri para ela mas estava mais entusiasmada com o tamanho de sua barriga.

— Mamãe está é a Lycka. Lycka, está é a minha mãe. — Renan nos apresenta e eu volto a dar um abraço na senhora.

— Muito prazer senhora, seu filho fala bastante de você.

— Boas coisas eu espero, vamos entrar.

Ela foi na frente e eu fiquei atrás com o Renan, e foi o momento oportuno para beliscar sua mão — Aíi, porquê você fez isso?

— Por quê você não me disse que ela estava grávida? Eu teria comprado um presente.

— Você faz isso quando eles nascerem.

— Eles? — pergunto surpresa — Tem mais de um bebê ali dentro?

— Vê como você fala da sua sogra — ele repreende e eu peço desculpas — Estou brincando, é um casal de gêmeos.

Fazer sair um deve doer tanto, imagina parir duas crianças?

Nos sentamos a mesa e conversamos, a mãe do Renan já não me transmitia a mesma alegria que antes. O seu brilho tinha diminuído, é como se ela estivesse confusa em relação a alguma coisa. Notando meu ligeiro desconforto ele passa a mão sobre a minha coxa me transmitindo confiança.

— Podemos começar a comer, seu pai não vem porque a mercadoria foi roubada e ele precisa resolver isso.

— Tudo bem — meu companheiro diz começando a se servir — Ly, você vai adorar a feijoda da mamãe.

— Claro, consigo sentir que está uma delícia pelo cheirinho bom — pego meu prato e coloco um pouco de arroz e uma colher de feijoada — Desculpa, mas eu gostaria de saber quantos meses?!

— Bom, estou com 8 meses de gestação. Não vejo a hora de ter os meus nenês em mãos! — ela parecia tão feliz com aquilo que sorri junto dela.

— Renan não me disse que a Senhora estava grávida, senão traria um presente.

— Ah minha menina, não precisa se preocupar com isso.

Aquela leve sensação de que a senhora não tinha ido com a minha cara passou, agora a gente se encontrava rindo depois de um belo almoço, ela contava como foi a infância do Renan e as aventuras que ele fazia. Parece que mãe e o filho tinham o mesmo sentido de humor, porque a medida que um contava algum acontecimento histórico o outro recordava outros detalhes em falta e acrescentava.

Naquela mesa toda sorridente eu me imaginei fazendo parte daquilo! Eu não tive uma infância feliz e muito menos acolhedora, mas sentada ali, eu quis ter um rumo diferente na minha vida... Ser feliz, junto com a família que eu construiria com ele, por isso segurei sua mão entrelaçando nossos dedos, e ele retribuiu dando um aperto mais forte.

— Lembre-se de vir me visitar quando eles nascerem — minha sogra disse se despedindo de mim.

— Claro senhora, aí eu trago os presentes!

— Já falei para não me chamar de senhora, sou sua sogra. — Enquanto a gente tinha uma última conversa antes de partir, Renan só sabia olhar para nós com um sorriso nos lábios — Cuida bem dela Renan.

Na volta para casa tinha sido bem diferente da ida até o morro do jacaré, eu estava feliz e compartilhava aquele momento com o Terror. Contei pra ele como me senti de primeira, mas depois aquela sensação parou e eu fui ficando mais confortável. Queria ter conhecido o pai dele também mas deixamos isso para próxima vez!

Avistei o meu prédio ao longe e fiquei um pouco triste por ter que deixar ele voltar para casa, queria passar mais tempo com ele...

A Filha Perdida Do Dono Do MorroWhere stories live. Discover now