ONE PIECE REAGINDO (yaoi)

Bonus🩺🌹

N/A: Um capítulo bônus falando o que aconteceu na conversa entre o Law e a Robin.

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As batidas na porta fizeram o moreno apertar os punhos com força, não queria falar com ninguém. Já tinha vomitado todo o almoço e seu suco gástrico no vaso, só parou de vomitar por não ter mais nada ali. Não tinha chorado, fazia um tempo que não chorava por aquele motivo. Não via mais nenhum sentido em chorar.

-Luffy, vai embora, por favor.-O cirurgião presumiu que as batidas na porta eram do chapéu de palha, uma suposição errada.

-Law, é a Robin.-Um silêncio tomou conta do lugar.-Passei no bar vindo para cá, trouxe bebida.-Aquelas palavras foram o suficiente para fazer o moreno destrancar a porta, mas não se deu o trabalho de abrir, deixando assim o trabalho para a arqueóloga.

A cena que viu quando abriu a porta foi o homem sentado no chão do banheiro levemente amplo olhando para baixo,  sua reação foi se sentar do lado dele e começar a falar.

-Gosta de wisque?

-Nesse momento beberia até álcool em gel. O que você quer?

-Nada. E você?-Deu de ombros colocando um pouco de bebida nos copos.

-Quem me seguiu até o banheiro foi você. Quando vai começar o discurso?- Ja tinha ouvido esse discurso algumas vezes "Esta tudo bem, já passou." Ou "Você vai superar." Não que deixasse de se sentir grato pelas tentativas de ajudar, mas ao final do dia aquelas eram só isso, tentativas.

-Pra que eu iria sair do lado dos meus companheiros para vir aqui falar mentiras?

-Sei lá...-Virou a bebida de uma vez, fazia um bom tempo que mão tinha uma conversa franca sobre isso com alguém.  A mesma coisa valia para a Robin.

-O cheiro é terrível,  não é?

-A pior coisa que eu já senti na minha vida. Não importa quanto tempo passe, eu não consigo esquecer. Ohara também foi queimada, certo?

-Tem dias que eu acordo me sentindo sufocada pela fumaça, já se passaram tantos anos mas o calor anda está marcado na minha pele. -Com o final da frase ela virou mais um copo.

-Eu achei que iria ficar tudo bem. Quando pedi para minha irmã ficar no armário, achei que algum almirante iria chegar e resolver o mal entendido. Achei que os marinheiros de bom coração iriam perceber que aquilo era loucura e parar. Quando tudo acabou, rezei para ser um pesadelo,  belisquei tanto meu braço para acordar... meu braço começou a sangrar e até hoje eu não acordei.

-O dia em que minha mãe morreu foi a primeira vez que vi ela, ela negou tudo. Falou que não era minha mãe e que não me conhecia. Ela tinha me deixando com minha tia para ir estudar o século perdido... eu entendo ela, todo um século perdido é realmente mais importante que uma criança... a criança dela.

-Mais um copo?-Sugere o cirurgião pegando a garrafa do chão.

-Por favor.

-Depois que percebi que não era um sonho saí vagando Nort Blue. Até que um dia ouvi os rumores "Tem um demônio rodando por aqui, ele é capaz de fazer tudo de ruim"

-Doflamingo?

-Na época eu não sabia o nome dele, só que ele era o mal encarnado. Por incrível que pareça, mudei de opinião quando o conheci. Eu queria matar todo mundo e ele proteger sua família, para mim ele foi como uma salvação. Ele não julgou minha doença nem as histórias, queria ver o mundo queimará e não ligava se quem jogasse combustível fosse uma criança destinada a morrer. Eu tinha tanto medo...

-Eu passei uma boa parte da minha vida querendo morrer, quando finalmente quis ficar viva esse direito foi tirado de mim. O irônico foi que a mesma pessoa que tirou tudo que eu tinha também me salvou.

-O almirante Aokiji?

-Ele mesmo. Eu fiquei tão aliviada quando uma família aceitou cuidar de mim, fui dormir imaginando que iria ficar tudo bem. Dormi me imaginando chamando a filha da família de irmã e tendo uma vida normal, acordei com um soldado da marinha tentando me matar.-Virou mais um copo, o terceiro.

-Quando o Corazon me levou pro mar, me senti mal. Ele estava fazendo tanto esforço para alguém como eu.

-Alguem como você? Fala de alguém destinado a morte?-Todo o tato e educação que a arqueóloga normalmente tinha não estava sendo utilizado na conversa. Nenhum dos dois queria isso, só queriam desabafar com uma alma tão condenada quando a deles.

-Alguem que queria matar apenas por vingança. Mas mesmo assim meu coração se enchia de esperança a cada médico,  uma esperança que era despedaçada logo depois-Menos um copo.

-Isso e tão idiota... mesmo quebrando a cara tantas vezes a esperança de ter uma vida normal estava lá.-O que a arqueóloga falou era uma verdade deprimente para ambos, por mais que falassem que ja não tinham mais esperanças de viver uma vida normal ela ainda existia. A cada médico que o law passava e a cada companheiro que a Robin achava era sempre a mesma coisa, imaginar 1001 possibilidades só que iria acontecer. Mas no final era sempre a mesma coisa.

-No final o corazon morreu pelas mãos do doflamingo, eu fiquei vivo e com uma fruta que pode dar a imortalidade. Perdi duas pessoas ao mesmo tempo. Fiquei vivo mas sozinho.

-Quando eu li o poneglyph em Alabasta e ele não mencionava nada sobre o século perdido, foi como se tivessem arrancado o meu único fio de esperança... ali eu perdi totalmente a vontade de viver. Mas aí o luffy me tirou de lá.-Sorriu pela primeira vez na conversa,  sempre sorria quando se lembrava desse dia.

-Quando sai da ilha, vi duas crianças intimidando um urso polar... quando enfrentei eles esperava tudo, menos que eles fossem jurar lealdade a mim.-Soltou uma risada anasalada.

-Por fim o idiota do meu Capitão ateou fogo na bandeira do governo... aquele idiota.

-Quando vi o luffy em Sabaody pela primeira vez, ele me lembrou o corazon.

-Acho que temos muitas coisas em comum.-O cirurgião comentou colocando mais bebida nos copos.

-E isso por acaso é bom?-Riu levantando a sobrancelha, claro que não era bom.- Amigos?

-Quer mesmo ser amiga do demônio da cidade branca?

-Quer mesmo ser amigo do demônio de Ohara?

-Um brinde a amizade entre a luz de revolução. -Colocou o copo para o alto sugerindo um brinde.

-E do cirurgião da morte. Saúde.

Quando terminaram a bebida pensaram a mesma coisa "temos que voltar." E assim fizeram.