Capítulo Nove

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O dia foi tão cheio que Jungkook quis agradecer a Deus por finalmente ter chegado em casa. Minutos antes, deixou Taehyung nas mãos do seu irmão e conversou uma última vez com Jimin.

Conversa essa, na qual fez uma promessa que não soube ao certo se conseguiria mesmo cumprir.

Porém, uma presença inusitada o esperava. De frente para a porta do seu apartamento.

Ele juntou as sobrancelhas e repousou o capacete em apenas uma mão, quando chamou: — Mãe?

Sinceramente. Por que logo agora? Justo neste dia? Depois de tantas ligações as quais o mesmo ignorou, pois não deseja arrastar mais nenhum problema alheio para sua vida.

— Ah, achei que iria demorar mais! — afoita, a mulher disse, em um tom aflito.

Jungkook pouco herdou na sua genética as características dela. Há muitos que sempre disseram que ele é uma cópia quase exata do seu pai, embora ambos possuam personalidades e caracteres completamente diferentes.

Apesar de tudo, após sua saída completa de casa, ele esperou que os problemas dentro dela não o acompanhassem na sua jornada. Todavia, como nem tudo a distância pode saciar, as pessoas ressurgem para lembrar a real razão de uma mudança drástica.

A presença dela ali, naquele horário da noite, fez Jungkook compreender na hora do que se tratava, mas ainda quis fazê-la falar.

— Que que tu tá fazendo aqui? — enquanto se aproximava, ele perguntou.

— Eu vim te falar sobre algumas coisas que aconteceram-

— Olha, melhor não.

— Jungkook! O seu pai tá… violento demais nos últimos dias.

Um suspiro deixou a boca ressecada dele. Claro. Tinha que ser aquele merda. Insatisfeito por precisar estar ouvindo o mesmo problema, pela milésima vez, ele coçou o topo da cabeça.

— Eu quero me separar dele. Você precisa me ajudar. — em um tom de súplica, ela pediu, e ainda segurou no tecido do casaco dele.

Jungkook por um relance tomou um tempo para ver direito a expressão no rosto da sua mãe. Tão… vulnerável. O completo contrário da mulher que o criou tão bem. Que nunca lhe bateu ou discriminou suas escolhas.

De certa forma, uma parcela da culpa pode sim ser sua. Jungkook deveria ter voltado para buscá-la, deveria ter impedido de que aquele homem maldito retirasse a liberdade dela. Mas o que ele poderia fazer? Desde daquela noite em que quase foi espancado até a morte pelo seu próprio pai, o mesmo jamais teve coragem de retornar para aquela casa, que já não soava mais como uma.

Foi sua escolha abandonar tudo e ir pedir abrigo a Yoongi e aos pais deste. Ainda sim, Jungkook não deixa de pensar, que ela como sua mãe, apesar de estar sob o domínio dele, poderia ter impedido a situação.

Pelo amor de Deus. Ele era apenas um moleque de dezessete anos, confuso, repreendido por um regime familiar tóxico e extremo.

A pior, de todas as época da sua vida. Por sorte, ele e Yoongi passaram a crescer juntos e no meio de todo um devaneio, Hoseok chegou. E os três, hoje, conquistaram uma única parcela do que realmente merecem ter pelo trabalho e empenho posto.

Ji-Yu encarou o seu único filho em tom de aflição direta. Jungkook se viu fadado a aceitar sua realidade. Ele não pode mais ignorar os pedidos de ajuda, e esse, de certa forma, seja seu último pagamento a se quitar relacionado a sua vida.

O mal que o seu pai instalou na sua família talvez nunca consiga ser apagado. Ainda sim, saber que mesmo após ter ido embora, nada mudou, deixou-o um pouco abalado.

Morango do Nordeste 🍓 | taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora