Parte 2

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Enquanto o inverno se passava se forma agressiva, Mia continuou na rotina habitual, porém mais difícil. Buscava água no lago, lavava roupas, limpava o chão, cortava lenha e as vezes tinha que preparar o jantar.
Enquanto Mia não caisse a beira da morte, a senhora Raabe parecia disposta a usar toda a energia dela.
Sentindo que ia sufocar com aquelas três pessoas ruidosas, a criada correu para a floresta nebulosa e gelada.
Ascendeu uma fogueira e se deitou o musgo das raizes de uma árvore de carvalho.
Ela fechou os olhos e sentiu que os guardiões da floresta cuidaria dela. No entanto, pouco a pouco o frio penetrou em seus ossos.
Quando o céu escureceu e Mia não podia se mecher e sentiu os braços de morte se aproximando, ela sentiu que aquela parecia uma forma serena de morrer.
Entretanto, foi poupada. Um dos guarda caças a encontrou e a levou de volta para o chalé, onde se recuperou por um milagre jogada em um canto.
Finalmente quando o primavera começou e as flores ganharam vida, ela sentiu a liberdade retornar.
Ela passou a fazer suas tarefas mais cedo, e ao pôr do sol corria para os bosques.
Em uma dessas tardes, enquanto colhia hortências num campo de flores perto do bosque foi observada de longe por vários minutos.
- Você é a lunática da floresta? - alguém perguntou.
Mia se virou e viu lorde Efraim caminhando ao lado de uma grande cadela de pelagem dourada.
Ele já não usava curativos e seu rosto amassado era algo assustador.
- Devo ser senhor - ela respondeu.
Ele riu de modo estranho e se aproximou. Seus olhos estavam azuis cinzenteos.
- Estou tão feio - ele ergueu as sobrancelhas.
- Espero que esteja melhor - Mia baixou os olhos para o vestido azul surrado.
Estava imunda e suada.
- Caminhe comigo - disse ele.
- Serei chicoteada de alguém me ver - a criada tremeu.
- Isso não foi um pedido - Efraim bufou irritado.
Temendo a rigidez do garoto, Mia caminhou ao seu lado até que ele se canssasse de perturbá-la.
- As pessoas na fazenda rudes com você?
- O bastante para eu ter ido cochilar na floresta no inverno.
- Como foi sua experiência de quase morte?
Eles pareram ao redornde uma fonte e ele se sentou na borda enquanto a  adela se refrescava.
- Foi fria e solitária - disse Mia - Mas era um lugar sereno para partir.
- Você me mostra onde foi? - ele parecia realmente interessado.
- Com qual sentido? - Mia se sentiu estranha e medrosa.
- Eu gosto de coisas sobrenaturais, natureza, morte - o garoto deu de ombros - Não finja que não sabe que sou peculiar. Podre titio, tenho que acabar com isso logo.
- Eu o levo se me contar uma coisa - Mia  o olhou de esguelha - O que aconteceu com sua família, digo, seus pais?
- O que dizem, acordamos um dia e meu pai havia desaparecido. Minha expulsou os criados, trancou a casa, enfiou uma faca na perna e começou a escrever versiculos na parede com o sangue. Depois incendiou a casa, mas um dos criados quebrou uma das janelas e fui salvo - Efraim olhou para as mãos pálidas - Eu sempre tento entender por que ela fez aquilo.
Mia se sentou ao seu lado com as mãos firmes ao redor da alça da cesta.
- As vezes eu sinto que sou como ela, que preciso fazer coisas estranhas para me sentir vivo, mas ninguém entende. Por isso estou preso aqui - ele agarrou o pulso dela com uma expressão de desespero no rosto.
- Por favor me solte - pediu Mia.
- Você tem que ir embora daqui quando ficar mais velha Mia, ou perderá a sua vida aqui. Eu posso ajudá-la, mas gostaria que fisesse algo por mim.
- Como poderia me ajudar? Não passo de uma escrava aqui.
- Eu posso lhe garantir recursos financeiros na Holanda, onde herdei posses...
- Me solte! - Mia puxou o braço e se afastou.
- Pense bem - disse ele - Me encontre aqui em dois dias e me mostre o lugar - Eu não quero morrer sozinho e preciso que alguém esteja disposto a não me salvar.
- Como pode me pedir que assiste sia morte? - a criada estava enojada - O senhor têm um futuro!
- Eu não tenho nada! - ele gritou com lágrimas nos olhos - Eu nâo tenho nada. Nada. Eu quero ir ver a minha mãe.
Mia saiu correndo loucamente e devastada pelos campos e correu o mais longe possível do bosque.

Sobre os LiriosWhere stories live. Discover now