Perigo e Desejo

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   Ainda no aeroporto, Lisa e Min-ho correram para o balcão de passagens. Lisa adquiriu duas passagens para Paris. Min-ho, com um olhar sério, era observado atentamente por Lisa, que ainda tentava processar tudo o que estava acontecendo. O avião decolou, deixando para trás o aeroporto e a cidade onde Lisa morava. Sentada ao lado de Min-ho, o homem que havia confessado ser um assassino contratado para matá-la, mas que agora jurava protegê-la, o coração de Lisa batia acelerado, com a adrenalina da fuga ainda pulsando em suas veias. Ela lançou um olhar furtivo a Min-ho, cujos olhos permaneciam fixos em seu celular.

"Perigo e desejo", pensou Lisa, "duas palavras que nunca imaginei que definiriam minha vida". Contudo, o mais surpreendente era o sentimento que nutria por ele; estava apaixonada e era correspondida, mas não podia confiar cegamente nele. Era um sentimento estranho e novo, que fazia seu coração palpitar toda vez que o olhava. Sentia medo dos perigos que enfrentavam juntos, desejo de estar ao seu lado e uma paixão avassaladora, um anseio que nunca esperou ter por alguém como Min-ho.

  Enquanto o avião continuava a voar pela noite, Lisa sabia que estava entrando em um mundo desconhecido, cheio de perigos e incertezas. Mas, por mais assustador que fosse, ela também sentia uma estranha sensação de excitação. Porque, pela primeira vez em sua vida, ela estava no controle de seu próprio destino. E, por mais perigoso que fosse, ela estava determinada a enfrentar qualquer coisa que viesse em seu caminho. O silêncio no avião era quase ensurdecedor, interrompido apenas pelo zumbido suave dos motores. Lisa olhou para Min-ho. Ele parecia calmo, mas havia uma tensão em seu olhar que Lisa não podia ignorar.

— Lisa: (com voz trêmula) Min-ho, você acha que vamos conseguir descobrir quem está por trás disso tudo?

Min-ho virou-se para ela, seus olhos escuros encontrando os dela. Ele segurou a mão dela, apertando-a levemente.

— Min-ho: (com determinação) Vamos conseguir, Lisa. Eu prometo.

Lisa assentiu, tentando acreditar em suas palavras. Ela se recostou em sua poltrona, olhando pela janela do avião. As luzes da cidade estavam agora longe, apenas pontos distantes na escuridão.

— Lisa: (sussurrando para si mesma) Perigo e desejo...

  Ela fechou os olhos, permitindo que as palavras ecoassem em sua mente. A turbulência suave do avião fez Lisa abrir os olhos. Ela olhou para Min-ho, que ainda estava acordado, folheando uma revista disponível em cada poltrona do avião. Ele parecia perdido em pensamentos.

— Lisa: (com voz suave) Min-ho, você está bem?

Ele virou-se para ela, seus olhos encontrando os dela. Ele assentiu, um pequeno sorriso aparecendo em seu rosto.

— Min-ho: (com um sorriso cansado) Estou bem, Lisa.

Lisa sorriu de volta.

— Lisa: (com determinação) Vamos ficar bem, Min-ho. Não importa o que aconteça.

Min-ho olhou para ela, seus olhos brilhando, um sorriso genuíno aparecendo em seu rosto.

— Min-ho: Vamos sim, Lisa.

  Durante o voo, Lisa e Min-ho permaneceram em silêncio, cada um imerso em seus próprios pensamentos. Lisa estava a caminho de Paris, fugindo com Min-ho, um homem que se revelou tanto seu protetor quanto uma ameaça. Apesar do medo, ela não conseguia negar os sentimentos que tinha por ele. Quando o avião finalmente aterrissou em Paris, uma onda de alívio e ansiedade inundou Lisa. Ela estava em um país estrangeiro, longe de casa, sem saber o que o futuro lhe reservava.

  Depois de desembarcar, Lisa e Min-ho pegaram suas mochilas e saíram do aeroporto. Min-ho, sempre vigilante, solicitou um táxi através de seu celular. Não demorou muito para o táxi chegar. Lisa forneceu o endereço do hotel Pullman Paris Tour Eiffel, um lugar familiar para ela, pois costumava ficar lá quando visitava Paris com seus pais. Ao chegarem ao hotel, Lisa caminhou até a recepção. Ela conversou brevemente com a recepcionista e pegou os cartões de acesso ao quarto. Enquanto isso, Min-ho permaneceu atento, observando cuidadosamente o ambiente ao redor. Ele caminhou logo atrás da garota e foram até o elevador, chegando ao quarto do hotel. Min-ho carregava sua mochila e a de Lisa, que as colocou em cima da cama.

  A escuridão envolvia Paris, e a Torre  Eiffel erguia-se, um farol de luz contra o céu noturno. No quarto do hotel, Lisa deixava a adrenalina da fuga se esvair enquanto se acomodava na varanda. Vestida com um shorts confortável e o casaco de lã largo, um lembrete do abraço de seu pai, ela se permitiu um breve respiro na tempestade de sua vida. Min-ho, cuja presença era tanto uma promessa de segurança quanto um lembrete do perigo, observou-a em silêncio. Ele se aproximou, trazendo consigo uma garrafa de vinho tinto e duas taças, um gesto de normalidade em um mundo que havia se tornado tudo, menos isso.

"Um brinde," ele propôs, com uma voz que carregava o peso de um passado sombrio, "à nossa segurança e ao mistério que nos cerca."

— Lisa: "À segurança," ela ecoou, sua voz tremendo ligeiramente com a magnitude do que estavam enfrentando.

  Eles brindaram, o som cristalino das taças contrastando com o silêncio da noite. O vinho, rico e encorpado, oferecia um calor que ia além do paladar, um calor que parecia afastar, ainda que momentaneamente, o frio da incerteza. Lisa se inclinou para trás, permitindo-se ser envolvida pela beleza de Paris e pela presença reconfortante de Min-ho. As preocupações que a atormentavam deram lugar a um sentimento de contentamento, uma trégua na batalha constante entre o medo e a esperança.

— Min-ho: "Você está bem?" ele perguntou, sua voz carregada de preocupação não dita.

— Lisa: "Estou agora. Com você aqui, sinto que podemos enfrentar qualquer coisa," ela respondeu, com um sorriso frágil se formando em seus lábios.

  A conversa fluiu naturalmente, risadas e histórias compartilhadas sob o manto da noite. Por um instante, eles foram apenas duas almas perdidas encontrando companhia, esquecendo-se das sombras que os perseguiam. Quando a última gota de vinho desapareceu entre eles, Lisa olhou para Min-ho, vendo-o não como o assassino ou o protetor, mas como o homem que havia desafiado o próprio destino por ela. Ela se aproximou dele, um encontro de almas e corpos, um momento de intimidade que transcendeu palavras, selando uma conexão forjada no fogo de suas provações.

  Sob a vigilância da Torre Eiffel, Lisa e Min-ho encontraram, um no outro, um refúgio seguro, um porto em meio à tempestade que ainda estava por vir.

Amor perigosoWhere stories live. Discover now