Hoje, as lembranças do meu querido pai me invadem e como sinto imensamente sua falta, meu amado velho. Agora que sou adulto, gostaria de poder te perguntar os detalhes mais triviais da vida. Também me pergunto sobre as coisas que nunca tive a chance de saber, as histórias não contadas, as lições não ensinadas. Oh, meu querido velho, que hoje já não está mais em carne ao meu lado, como eu gostaria de saber sobre suas paixões e decepções, saber se sua jornada valeu a pena.
A cada dia que passa, descubro mais sobre mim mesmo, mas também percebo o quanto gostaria de conhecer mais sobre você, meu pai. Suas experiências, suas jornadas, suas vitórias e derrotas. Como eu gostaria de sentar ao seu lado, compartilhar pensamentos e abrir meu coração para ouvir suas histórias.
Refletindo sobre minhas origens como filho de um viajante e de uma garota de aluguel, nascido da escassez e da luxúria, esse sou eu. Me sinto impuro, mas de alguma forma me encontro confortável nessa escuridão. Não posso negar minha escuridão, minhas raízes. Ainda me sinto um garoto desamparado, sem o colo da mãe, carregando as responsabilidades de um adulto que nunca compreendeu completamente o verdadeiro significado do amor.
Recentemente, durante uma conversa de botequim, uma mulher com seus quarenta e cinco anos de vivência me disse que nunca entendeu o que era o amor. Quando ela disse isso, ri, mas com uma tristeza subjacente, pois talvez também nunca chegue a compreender e conhecer, de fato, esse sentimento sublime e raro. Não me sinto digno de amar, me sinto demasiado impuro para aceitar e conviver com as dificuldades do amor verdadeiro e romântico. Deixe-me esclarecer: é esse o tipo de amor ao qual me refiro, o amor que faz o coração saltitar de alegria e enche a alma de leveza, aquele que faz a alma sorrir novamente.
Dentro do meu peito, é como se fosse a casa de Irene, pessoas vêm e vão, e é onde residem minha tristeza e meus prazeres, meu refúgio e minha solidão. Essas inspirações da madrugada são como damas da noite, inquietas até que paguem seu preço. A Insônia me consome, e assim escrevo, pagando e mitigando seu preço. Elas dançam e se banqueteiam sobre minha melancolia, essa doença incurável da alma. A cada gole, um novo verso é criado e outro sentimento despertado. Talvez só me resta sonhar por um novo amanhecer, mesmo sob as lágrimas que caem.
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Diário de Alguém que Cresceu às Pressas
RandomNum mundo obscurecido pela desilusão e pela introspecção, acompanhamos a jornada de um protagonista atormentado pela lucidez de sua própria alma. Nessa narrativa introspectiva, o protagonista confronta sua própria insignificância e mediocridade, enq...