| CAPÍTULO 51 ¦ É melhor deixar como está |

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Noah Marshall:
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A noite passou como um borrão, enquanto eu enchia a cara de bebida e, pelo visto, o Josh resolveu começar a vender drogas. E é claro que burlamos o toque de recolher e nos enfiamos todos no quarto da Julie, que contrabandeou bebidas para cá não faço ideia de como.

De qualquer sorte, já estou bêbado demais e preciso ir para cama. A Kira não veio, a Holly está aqui e avisou que ela preferiu ficar no quarto. O que potencializou as chances da Sophia de tentar ficar com ela, que pelo visto foi o que tentou fazer a noite toda. As duas agora estão sentadas no sofá mergulhadas em um assunto pessoal sem sequer prestar atenção no caos ao redor. Seria engraçado se não fosse estranho.

Senti o ímpeto incontrolável de correr para vê-la, mas me odiaria ainda mais se a obrigasse a me encarar nesse momento. Nunca me senti assim antes, tão culpado, pelo menos não em relação a ela, já que a culpa é algo que me persegue eternamente. Eu não pensei que algo que me faz tão bem fosse soar tão errado aos meus olhos.

Longe de mim ela está mais segura. Repito, pela milésima vez.

Segura do Jack, e segura de mim mesmo. Se ela voltar a me odiar, deixará de ser um risco tão grande, terei de lidar com um problema a menos. Não tê-la doerá menos do que o medo constante de que algo lhe aconteça ou que eu, sem querer, faça algo com ela.

Me despeço de todos e cambaleio em direção a porta, sentindo minha barriga revirar e minha visão escurecer. Aperto os olhos com força tentando recuperar o fôlego perdido e voltar a enxergar, mas de nada adianta então me escoro na porta. Eu estou lúcido, ao menos em relação a bebida, porém, experimentei uma droga que o Josh chamou de “Gotinha”, e essa parece desacelerar o coração. Fora que uma névoa de fumaça cobre o quarto do hotel, de tantos baseados que foram acendidos aqui dentro.

— Noah? Você está bem? — Uma voz feminina me pergunta, acho que a voz da Nicole. Tento acenar, mas minha cabeça dói.

— Eu… eu vou para o quarto. — Engulo em seco, sentindo a bile subir pela minha garganta.

— Eu vou te ajudar, vem comigo, se apoia aqui. — Ela coloca meu braço em volta do seu ombro e me ajuda a caminhar. Ouço Nicole falar mais alguma coisa ao me apoiar na porta e depois de abri-la, tropeço para dentro. Quando encontro a superfície macia da cama, deixo de ouvir tudo ao meu redor, mergulhando em um sono profundo.

{...}

— Que porra é essa?! — Eu abro os olhos devagar, sentindo meus olhos arderem e minha cabeça latejar. A Kira aparece em minha frente. Não. Duas dela. Ou três. Pestanejo algumas vezes e volto a enxergar apenas uma ruiva. Quando vejo o ódio brilhar em seus olhos como fogo, faço uma expressão confusa.

— Do que você está… — passo as mãos pelo rosto e então olho para o lado. — Ô caralho… — enfio as mãos entre os cabelos e encaro a loira ao meu lado.

Nicole está dormindo, o cabelo emaranhado espalhado pelo travesseiro e os seios… expostos. Ela está de calcinha, com o meu lençol enrolado em parte do corpo e as roupas jogadas pelo quarto. Volto a olhar para Kira com os olhos arregalados. Como vou me explicar? Sequer tenho como fazer isso?

Eu me lembraria se tivesse transado com ela, não lembraria? Eu não fiz isso. Ela me ajudou a vir para o quarto e lembro que deixei que ela entrasse para me levar até a cama, mas eu não transei com ela. Eu apaguei. Ou pelo menos acho que apaguei. Engulo em seco quando vejo a ruiva cerrar os punhos.

— Moranguinho… eu… — começo a dizer, mas logo me calo. Mordo o lábio com força, contendo a explicação. Primeiro, ela não acreditaria, segundo, talvez seja bom que ela ache que isso realmente aconteceu. Assim, talvez, eu consiga afastá-la.

Seria incrível se não fosse trágico.

Eu odeio magoá-la, mas a Kira é insistente, resoluta, e não me deixará em paz para cuidar dos meus próprios problemas enquanto não voltar a me odiar. Dessa vez, odiar de verdade, pois mesmo quando jurava me querer longe, me ajudava quando eu precisava dela por perto. Dessa vez, eu preciso dela o mais longe possível. Então, fico calado.

Nicole se remexe ao meu lado e coloca a mão sobre a minha coxa, propositalmente. Ela é realmente uma cobra, maquiavélica, mas não posso surtar agora e entregar o fato de que não fizemos nada e isso é tudo uma armação.

A Kira sequer acreditaria.

Então é melhor deixar como está.

— Noah… apaga essa luz… — ela reclama, manhosa. Tenho vontade de colocar minha mão em volta do seu pescoço e esganá-la, mas apenas manipulo minha maior cara de culpado para Kira e vejo que seus olhos se enchem de lágrimas.

— Kira… — eu sussurro, quase audivelmente.

— Porra, vai se foder Noah! — Ela vira as costas abrindo a porta e quando ia sair batendo o pé, Sophia e Holly adentram o quarto.

— Foi tudo armado! — Sophia grita.

— O que? — eu e Kira perguntamos em uníssono.

— Nicole armou tudo isso. Quando ela percebeu que Noah estava passando mal, ela disse que iria se oferecer para se ajudar, fingiria que dormiu com o Noah e mandaria uma mensagem para a Kira. — Nicole se senta na cama puxando o lençol sobre os seios, se fazendo de desentendida. — Ela queria afastar vocês dois, eu sabia, e permiti. Não porquê ainda quero a Kira, mas porquê eu queria me vingar por… sei lá, não faz mais sentido para mim. — Ela esfrega as mãos no rosto. — E-eu… estava com a Holly e eu estou gostando da nossa proximidade e não quero simplesmente começar com o pé errado. Eu não sou assim, por isso vim contar.

Kira vira-se na direção da Nicole, cerrando as mãos novamente. Eu sei que tudo que ela quer é pular em cima da Nicole e estapeá-la até sentir a consistência do seu sangue, pois conheço essa sensação. Contudo, eu não posso deixá-la fazer algo do que vai se arrepender e me levanto, bloqueando sua visão.

— Ia deixar eu pensar que… — eu a interrompo, antes que seja obrigado a falar a verdade.

— Agora você já sabe que não fiz e está tudo bem, não está? — Indago. Kira expõe os dentes para mim com raiva, e afasta minha mão do seu ombro, encarando Nicole por cima do meu.

— Some daqui, sua cínica, antes que eu desça a minha mão na sua cara! — Ela rosna, e então se volta para  a Sophie, com sarcasmo aparente. — Devo agradecer por falar a verdade? — A ruiva revira os olhos. Sophie engole o seco e Holly se encolhe atrás dela.

— Desculpa, Kira, você me magoou mas entendo que não foi por querer. A Holly me explicou que vocês tem uma história que começou anos antes de mim. — Ela umedece os lábios. Está falando de nós dois? — Parecem ter sido destinados e… eu tenho me aproximado da Holly, tô gostando dela e… eu sei que te magoar a magoaria. — Não sei se é choque o que passa nos olhos da Kira, mas ela respira fundo. É uma reviravolta inesperada.

— Olha, eu realmente não estou pronta pra isso agora, nem pra você, Holly, que deve ter esquecido de me contar sobre a sua proximidade com a minha ex ficante. — Holly fica tão ruborizada que temo que vá explodir. — E você, já que vai continuar tentando me afastar…

— Eu não estava tentando afastar você. — Retruco, interrompendo-a. Ela dá uma risada sem humor.

— Ah, você estava sim, mas não se preocupe, Noah, eu faço isso por você. — Kira pesa as pálpebras e dá as costas, desaparecendo pelo corredor.

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Cara, será que homem pensa...
É isso, será que homem pensa?

Kisses, my stars! 🤍
Quando eu postar um e-book na Amazon, vocês vão comprar?

Eu Odeio Amar Você 2 - A história se repeteWhere stories live. Discover now