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8 de novembro de 2019 | France

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8 de novembro de 2019 | France

O som da música eletrônica vibrava no ambiente, um ar envolvente na balada. Entre as pessoas na frenética pista de dança, Nayeon se entregava aos ritmos pulsantes, com o seu corpo mergulhado por suor e bebidas alcoólicas.

Suas amigas, preocupadas pela pessoa que ela estava se tornando, faziam o possível para trazer de volta a faísca perdida em seus olhos, até mesmo arrastá-la para uma balada lotada — onde no passado ela confessava odiar o local.

Sentia a pressão dos olhares e dos sorrisos encorajadores de suas amigas, mas a tristeza ainda persistia, uma sombra que recusava a se dissipar. Era um loop sem fim por meses, com tantos porquês rodeando sua cabeça, tantas culpas.

Corpos se moviam em sincronia, formando uma energia com suavidade. Im Nayeon, agora acompanhada por estranhos, dançava colada a eles.

Em meio à névoa de luzes coloridas e neblina, compartilhava um cigarro de maconha com uma mulher de cabelo rosa, suas bochechas estavam avermelhadas pelo calor ao se movimentar muito. Sentia os risos e olhares em meio a gestos sutis.

Aquela fumaça envolvia suas dúvidas e questionamentos internos, criando um cenário de confusão onde a linha entre a ilusão e realidade se tornava cada vez mais tênue.

Nayeon questionava se, de alguma forma, poderia ter evitado o destino que se desenrolou. A carta que mantinha consigo estava dobrada e desgastada, não esquecia as palavras. Após tantos dias, ela havia decorado o que estava escrito, letra por letra, infelizmente permanecia vívido em sua mente.

Ainda não entendia, parecia que havia sido abandonada, lembrava de todas as noites o silêncio das chamadas não atendidas, fazendo a culpa pesar em seus ombros, uma carga invisível que ameaçava esmagá-la. Hirai Momo só desapareceu de sua vida, não deixando nenhum registro de que iria voltar.

Suas amigas observando de longe, sentiam um alívio momentâneo ao vê-la sorrir e se entregar à aparente "diversão". Acreditavam, talvez com ingenuidade, que aquela noite era o sinal de que finalmente estava superando a pessoa que elas detestavam. No entanto, o único problema era que, sem saber, a levaram para o lugar errado. Momo adorava dançar, especialmente ao som da doce voz da cantora e sua banda. Ela dançava por qualquer motivo, um traço encantador vindo de uma mulher geralmente séria.

— Está se divertindo?

Ouviu a voz suave e feminina tirando a garota totalmente dos seus devaneios, atenta agora a mulher que dançava naquela noite, era a primeira vez que ouvia sua voz.

— Sim… — respondeu, mal audível sobre a música.

— Você parece estar com a cabeça em outro lugar. O que aconteceu? — Estreitou os olhos, soltando uma nuvem de fumaça para cima, mas que caía sobre elas.

— Só algumas lembranças, talvez eu só esteja muito chapada!

Mentiu. Não queria falar sobre o assunto em voz alta, já era ruim o suficiente estar com sua mente infestada de coisas que ela deveria deletar.

— Vamos esquecer o passado, pelo menos por esta noite. O que acha disso? — sugeriu, oferecendo outro toque no cigarro.

Nayeon sorriu amarelo, deixando-se levar pelo flerte que se desenrolava. Aceitou o gesto, permitindo que a fumaça criasse um véu entre as duas. Ambas permaneceram próximas o suficiente para que a garota percebesse os olhares tão calorosos, arrancando um suspirar sôfrego dos lábios finos.

Enquanto seus corpos se moviam em harmonia, os rostos formavam um cenário de efervescência, por um instante, flashes das noites que passara dançando com Momo invadiam novamente, fazendo ela puxar cada vez mais o cigarro entre seus lábios. Ela se lembrava dos olhares cheios de amor e da sensação de estar completa nos braços dela. Desejava esquecer tudo aquilo.

Sentiu os dedos da mulher à sua frente acariciando com avidez sua cintura, observava as orbes dela, era ácido o suficiente para lhe deixar inerte. Passou as mãos em seu rosto, enquanto seus olhos continuavam tentando se manterem presos sobre ela. Aproximando-se ainda mais, com a ideia de um beijo, e Im hesitou um pouco antes de se deixar levar. Porém, conforme seus lábios se encontravam, uma sensação de nojo se apoderou dela. A sensação de estar no lugar errado, fazendo algo errado, era avassaladora.

Cada toque, cada carícia, era um lembrete doloroso daquilo que perdera, um amor que já não existia. Beijar alguém que não fosse a sua Hirai parecia que estava acabando com à sua própria lealdade, como se estivesse traindo a si mesma. A culpa apertava cada vez mais em seu peito, transformando o momento em uma experiência angustiante.

Não eram os lábios macios e quentes de Momo, onde seus suspiros reverberavam uma explosão de sensações, onde encontrava conforto. Aquela mulher era alguém que ela não conhecia, Nayeon nem sabia o seu nome. Cada segundo era como uma punhalada dolorosa, o sabor enojado impregnava seus lábios.

Nayeon tomada pelo remorso, afastou os ombros da mulher lentamente. Com os olhos marejados, ela fitou o cigarro em seus dedos se apagando aos poucos, ao perceber a fragilidade da fumaça dispersa, sentiu-se novamente exposta à realidade.

— Desculpe… — murmurou, se distanciando com cuidado.

Andou apressadamente para o banheiro, onde ao lavar o rosto, encarou o reflexo borrado em um espelho embaçado e quebrado. Seus olhos estavam avermelhados, marcados por pequenas bolsas de olheiras. Passou as costas da mão sobre seus próprios lábios, tirando o batom forte e pegajoso que traçava sua pele.

As gotas da água fria escorria por seu rosto, sentia-se como se tivesse desonrado a memória de seu amor. Um sentimento que a acompanharia até o amanhecer.

Ainda com os olhos querendo transbordar em lágrimas, notou uma mulher lavando as mãos com uma serenidade quase reconfortante, observava atentamente enquanto a cantora tentava recuperar a compostura diante do espelho.

Ela sorriu de maneira gentil e estendeu uma toalha de papel, um gesto de compreensão silencioso que desarmou as defesas da mulher. Im aceitou o papel, balançando a cabeça em gratidão.

— Precisa conversar? — sussurrou cautelosa. — Eu me chamo Yoo!

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Teoria - NaMo | 2yeonWhere stories live. Discover now