012- Resistência

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[Luiza Campos Albuquerque]

Dias se passaram desde nossa última discussão, e o clima entre nós estava tenso, mas ao mesmo tempo carregado de uma estranha eletricidade. Eu sabia que não podia continuar provocando Valentina da mesma forma, que provavelmente estava indo longe demais, mas algo dentro de mim não conseguia resistir à tentação de testar seus limites mais uma vez.

Naquela noite, enquanto nos preparávamos para dormir, eu decidi usar uma estratégia diferente. Vesti uma lingerie curta e transparente, sabendo que isso atrairia sua atenção de uma forma que palavras não poderiam.

Quando caminhei pelo quarto, pude sentir o olhar de Valentina sobre mim, pesado e carregado de desejo reprimido. Ela estava ali, tão perto e ao mesmo tempo tão distante, e isso só alimentava minha determinação em me afastar dela.

- Boa noite, Valen. - murmurei, mantendo minha voz calma e neutra enquanto me preparava para deitar.

Ela não respondeu, seu olhar ainda preso em mim enquanto eu me aconchegava na cama. Eu podia sentir o calor de seu corpo ao meu lado, seu cheiro familiar me envolvendo como uma segunda pele. Mas ao mesmo tempo, havia uma barreira invisível entre nós, uma barreira que eu mesma havia erguido para proteger meu coração frágil.

Eu não podia deixar que ela me tocasse, não podia permitir que suas mãos explorassem meu corpo como antes. Então, eu me virei de costas para ela, mantendo uma distância segura entre nós. Eu sabia que ela queria me tocar, sabia que seu corpo estava implorando por contato, mas eu não podia ceder, não podia permitir que ela me machucasse novamente.

Enquanto me deitava ali, com sua respiração pesada em meu pescoço, eu sentia uma mistura de desejo e frustração crescentes dentro de mim. Eu queria que ela me tocasse, queria muito. Eu queria sentir seus lábios quentes contra o meu pescoço, mas ao mesmo tempo, sabia que isso só me faria sofrer ainda mais.

Por isso fechei os olhos e tentei me concentrar em outra coisa, qualquer coisa que não fosse ela. Mas era inútil, seu cheiro, seu calor, sua presença dominavam meus pensamentos, tornando impossível ignorá-la completamente.

Eu podia sentir meu corpo reagindo ao dela, minha pele formigando de desejo, um desejo que me queimava de dentro para fora. Eu era capaz de sentir meu coração batendo forte em meu peito. Eu queria me entregar a ela, queria me perder em seus braços e esquecer de todas as nossas mágoas e desentendimentos.

Mas ao mesmo tempo, uma voz dentro de mim sussurrava que isso só me faria sofrer ainda mais, que eu precisava manter minha guarda erguida se quisesse sobreviver a essa tempestade de emoções.

Então, eu respirei fundo e me concentrei em controlar meus impulsos, em manter minha determinação firme apesar da tentação que me cercava. Eu não podia ceder, não podia permitir que ela me machucasse novamente. Eu tinha que me manter forte, tinha que me proteger a todo custo. Eu seria forte, eu seria resiliente, eu seria invencível, se quisesse meu casamento de volta.

Mas sinceramente já estava me arrependendo do problema que criei ao me vestir assim. Eu sabia que não iria resistir, bastaria Valentina me olhar com desejo por mais de um minuto consecutivo e eu me renderia a ela.

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[Valentina Albuquerque]

Senti meu coração apertar ao vê-la parar em minha frente com aquela camisola transparente, uma mistura de desejo e frustração gritando em meus adentros. Meus olhos percorreram cada curva, cada movimento de Luiza, famintos por contato, enquanto uma pergunta fervilhava em minha mente: por que ela estava fazendo aquilo?

-Luiza... O que você está fazendo? - perguntei, minha voz carregada de urgência e desejo reprimidos.

Campos se virou para encarar, sua expressão era uma mistura de determinação e vulnerabilidade.

lembranças de nós - Valu (Reescrevendo)Where stories live. Discover now