CAPÍTULO - 40

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LETÍCIA

Tínhamos chegado à Argentina e eu estava bem animada em conhecer a casa onde o Jonathan morou e também reencontrar a família dele.

Assim que eu entrei na casa, vi que estavam todos conversando na sala. Eles ficaram bem surpresos de nos ver.

Minha cunhada se levantou e veio me dá um abraço, e durante o abraço ela me disse: “estamos com visita um tanto quanto desagradável”. Na hora eu tirei o sorriso do rosto.

Micaela estava sentada em uma poltrona que eu não consegui ver quando entrei.

Jonathan e eu fomos para o antigo quarto dele guardar as malas e conversamos um pouquinho sobre o acontecido. Dessa conversa, rolou uma provocação e nós acabamos transando.

Foi incrível, mesmo sendo rápido, esse argentino sabe que é gostoso e que eu não resisto.

Eu disse a ele que iríamos jantar normalmente pois eu não queria que a Micaela pensasse que a presença dela me incomodava. Mas o que eu não sabia era o que a noite me reservava. Parece que meu emocional estava abalado e eu não tinha me dado conta.

Logo no início do jantar, ela começou a lembrar de coisas que ela e o “Joca” faziam quando namoravam.

O fato dela chamar ele de Joca foi me dando vontade de vomitar, ela fala manso, parecendo uma marcha lenta.

Claro que ela estava querendo me provocar e conseguiu. Ouvi-la relembrar momentos dos dois fez minha mente pensar várias coisas, inclusive a de que talvez eu fosse a intrusa ali.

Brasileira, recém-chegada na família, ainda por fora de tudo, sem história, sem lembranças, sem memórias.

Enquanto ela os conhece há muito tempo, foi namorada do Jonathan, até hoje frequenta a casa da família e é argentina.

Minha mente começou a martelar que eu estava sobrando. Principalmente porque todo mundo ficou em silêncio enquanto ela falava, estavam todos um pouco perdidos, tentando não tomar partido de ninguém, mas às vezes, não tomar partido, já é tomar partido.

Talvez seja coisa da minha cabeça, sei lá, fiquei confusa, então me levantei e fui pegar o cachorro para passear.

Saí andando pela rua conversando com o Jokic, ele é o único que tomaria partido de mim, porque assim como eu, ele também é recém-chegado à família.

Fui andando pela rua, observando as casas da vizinhança, as árvores e notando as diferenças do Brasil.

– Deus, eu só queria estar em Minas agora. – falo sozinha.

Estava fazendo um pouco de frio, mas eu continuei, queria esquecer meus pensamentos, me livrar deles, pensei que caminhando, isso fosse acontecer.

Fiquei alguns minutos na rua, até ser vencida pelo frio e voltar. No caminho de volta, acabei encontrando com a Micaela. Eu ia passando direto, mas ela segurou meu braço, me fazendo parar.

Ela começou a falar, mas como era em espanhol e ela fala muito rápido, eu quase não consegui entender.

Mas o pouco que eu sei da língua me ajudou a entender que ela disse: “Joca não vai ficar com você. Ele vai voltar pra Argentina e a gente vai ficar junto aqui.”

Não respondi a provocação dela, continuei andando, senti algo tão ruim me cortar por dentro, como se uma faca bem amolada tivesse feito um corte profundo em minha pele.

Segurei as lágrimas porque já estava entrando em casa e eu não queria que ninguém me visse chorando. Abri a porta e não olhei para a mesa de jantar, mas sabia que todos me observariam.

AMIGA MÍA - Jonathan Calleri Donde viven las historias. Descúbrelo ahora