𝐒𝐄𝐂𝐑𝐄𝐓 '𝐆𝐈𝐑𝐋 - 𝖧𝖺𝗇 𝖲𝖾𝗈-𝖩𝗎𝗇

⁰³

─── Que que foi? ─── eu olho para a pessoa irritada.

Ótimo, era Su-ho, meu irmão, o que ele quer. Quase nem troco palavras com ele, se em alguma conversa que tivermos um assunto além do 'oi' 'tô bem também' se passar disso, talvez, seja bom. Deve ser legal, eu acho.

─── O que você quer, tenho que ir pra casa. ─── eu solto meu pulso do mesmo.

─── Você voltou. E 'tá bem mudada. ─── eu suspiro irritada o olhando.

─── Era só isso? Eu tenho mais o que fazer, se me der licença. ─── olho para o mesmo que parecia que iria dizer algo mas ele desisti.

─── Ignorante. ─── eu digo após o mesmo ir embora esbarrando no meu ombro.

Não vou me estressar atoa, ele é meu irmão, se é que posso chamar ele assim, faz tanto tempo que não o vejo. E realmente eu mudei, não sou mais a mesma de antes.

━━━━━━━ ∙ʚ♡ɞ∙ ━━━━━━━

Eu ainda não tirei o fato de que Su-ho iria falar algo, mas ele não falou. O que seria. Deveria ser algo idiota, não temos assuntos a tratar.

Também não seria nada relacionado ao meu pai, pois pelo que eu me lembre, a relação dos dois não era nada agradável.

Quando eu era criança meu pai sempre brigava comigo e meu irmão, sempre cobrava as melhores notas de nós dois, é claro que Su-ho sempre ficava na minha frente em tudo.

O melhor filho, o filho mas educada, o filho com as melhores notas, a minha infância inteira ele foi usado como exemplo para eu ser igual a ele.

Até o dia em que minha mãe morreu, e ele foi morar com minha avó, e eu nunca mais o vi.

Alguns dias antes dele ir morar com a vovó, ele viu meu pai com uma mulher na cama, eu também vi, confesso que aquilo foi como uma pontada lá no fundo do coração. Eu tenho certeza que o tanto que doeu em mim, doeu em Su-ho.

Su-ho sempre foi o preferido da família, já eu era sempre a mais quieta e na minha.

Minha mãe sempre me chamava de laçinho, o porque, era que eu amava usar laços em tudo, no nó dos vestidos que eu usava, sempre desenhava laços, presilha de laços eu tinha uma coleção. Parece idiota, eu sei, mas é uma forma boa de eu lembrar de minha mãe.

Depois do dia em que ela morreu eu retirei todos os laços do quarto e guardei em uma caixa, ela está lá no fundo de uma das minhas gavetas que contém os outros desenhos. Eu amava desenhar e escrever. Sempre amei, é como uma terapia para mim, é uma forma de expressar o que estou sentindo.

Nesse momento eu estou numa cafeteria estudando sobre as matérias que foram passadas hoje, eu estou tomando café até alguém esbarrar em mim.

─── Me perdoe, eu não a vi. Sou uma desastrada. ─── a voz familiar disse enquanto me linpava com um lenço.