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CAPÍTULO SEIS

No banco de trás do táxi, tamborilei sobre o joelho e tentei não olhar para o relógio de novo. Eu chegaria a tempo ao ensaio, mas detestava estar tão em cima da hora. Quando eu enfim terminara tudo no trabalho para garantir que o fim de semana fosse realmente de folga, faltava apenas uma hora para o ensaio, e eu nem tinha me trocado. Por sorte, havia levado o terno para o escritório.
Se eu podia pegar o smoking no horário do almoço? Há! Nem sei o que é almoço. Bem, sem problema. JiLi, o super estagiário, fizera a gentileza de buscar para mim. Ele era o melhor. Quanto a Yibo, eu lidaria com ele depois.
Cheguei ao ensaio com alguns minutinhos de folga e, ao entrar, recebi uma mensagem de Yibo. Ele estava a caminho. Estremeci ao pensar em quão exausto Yibo estaria após cruzar o mundo de avião, porém o atraso no voo não tinha sido culpa dele, então fiz questão de lembrar a mim mesmo para pegar leve em relação ao smoking. Cumprimentando algumas das outras pessoas e me misturando à família de Jillian, entrei na igreja e alcancei os noivos, que estavam conversando com o padre. Ca-ra-ca, que noivo lindo.
Terno preto, pele bronzeada, uma pitada de charme com pimenta e aqueles olhos divinos, agora reluzindo de alegria. Esse é o tipo de cara que você quer que o seu cara seja um dia. Ele me cumprimentou com uma piscadinha, sabendo muito bem que, quando jogava o seu charme, todos nós derretíamos.
– Oi, Benjamin – falei.
– Xiao Zhan, você está lindo. – Com um sorriso no rosto, ele me puxou para o seu lado, e eu senti o sangue ferver nas bochechas. Derretido e corado. – E aí, onde está aquele imbecil do meu padrinho?
– Aqui! O imbecil está aqui! – ouvi a voz de Yibo, que caminhava depressa. Com o cabelo ainda úmido por causa do banho e vestido no seu próprio terno preto e gravata, ele ficou ao meu lado. – Ei, velhote, solta meu namorado.
Ele cumprimentou Benjamin com um aperto de mão, beijou a bochecha de Jillian, se virou para mim e me absorveu com os olhos. Yibo envolveu a minha cintura e me puxou para perto. O seu olhar encontrou o meu, as minhas mãos no seu peito. O rosto, bronzeado por conta dos dias na praia, tinha sardas aqui e ali. Ca-ce-te, que homem lindo! E a melhor parte? O jeito como olhou para mim. Como se eu fosse o ômega mais lindo ali.
– Oi, amor.
O homem é um poeta.
– Oi.
Eu também.
Ele se inclinou, os olhos nos meus até um segundo depois que os nossos lábios se tocaram. O seu beijo foi suave, leve como uma pena. A sua boca roçou a minha uma vez, depois duas e, na terceira, havia mais do que apenas lábios. A língua de Yibo cutucou de leve a costura dos meus lábios e, quando estes se abriram para recebê-lo, se lançou para sentir o meu gosto.
Estávamos numa igreja? Não me dei conta porque, naquele momento, tudo o que eu sentia, tudo o que eu sabia, era Yibo. As suas mãos inquietas na minha cintura, as saliências do seu corpo musculoso pressionadas contra mim, o aroma do seu xampu e o perfume sempre delicioso de Downy preenchendo as minhas narinas, a boca sobre a minha. Ouvi tossidas e, quando Yibo interrompeu o beijo e apoiou a testa na minha, vi Jillian arqueando a sobrancelha para nós dois.
– Yibo – sussurrei dentro da nossa bolha.
– Sim?
– Eu também estava com saudades – falei, beijando-o rapidamente agora.
Ele sorriu, me girou para que eu ficasse ao seu lado, e nós nos viramos para Jillian e Benjamin. E para a pequena multidão que nos observava.
– O que foi? Eu estava com saudade do meu namorado. – Ele me puxou para mais perto, e eu sorri.
– E aí, o que vamos ensaiar?
O ensaio foi ótimo; o jantar, ainda melhor. Jillian e Benjamin escolheram um restaurante lindo e reservaram um espaço privativo no terraço. Vinho e champanhe abundaram, famílias se misturaram e confraternizaram; o clima foi de festa. O coquetel – em vez de um jantar formal – encorajou os convidados a interagir conforme circulavam de mesa em mesa.
Yibo e eu permanecemos grudados um no outro na maior parte da noite – quando eu não estava ajudando Jillian com detalhes de última hora. Embora houvesse muitas madrinhas e padrinhos e uma dama de honra, Jillian implicitamente confiava em mim para ser os seus olhos e ouvidos em relação ao casamento. Motivo pelo qual era eu quem carregava na bolsa o kit de costura e o creme para hemorroida.
Para olheiras, cara!

Amor entre as paredes ( livro II)Where stories live. Discover now