Capítulo 20

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"O tempo corre contra mim
Sempre foi assim e sempre vai ser
Vivendo apenas pra vencer a falta que me faz você
De olhos fechados eu tento esconder a dor agora
Por favor entenda eu preciso ir embora porque"

Um minuto para o fim do mundo - cpm22


Giovanna

Assim que Enzo adormece, me levanto com cuidado ignoro os sapatos sem fazer nenhum ruído. Vou até o closet e me visto com um moletom preto de capuz e tênis na mesma cor. Estou pronta para a guerra.

Ainda dentro do closet, acesso o cofre de segurança e retiro duas pistolas e uma faca, prendo um coldre na cintura e um na perna, onde coloco cada um dos itens. Não sou idiota de sair desprotegida.

Adoraria caprichar na maquiagem, mas não tenho tempo nem vocação para isso. Saio sem fazer barulho e caminho até o quarto onde deixaram a Ruth, os soldados que guardam o cômodo me deixam passar sem fazer perguntas.

- Sabia que você viria - ela diz assim que abro a porta e entro - já tem um plano?
- Na verdade não. Só preciso fazer algo o quanto antes. Não posso deixar meu amigo lá
- Está tudo pronto para que eu possa fugir. Ganhei tempo para a gente marcando um horário bem mais tarde do que o ideal. Eu sabia que você viria, e não podemos chamar muita atenção.
- Ótimo. Deixo bem claro que não confio em você, ao menor sinal de traição, eu te mato - digo firmemente e ela sorri
- Igualmente, agora vamos. Tenho alguns soldados que farão nossa escolta.
- Perfeito

Saímos pela janela, com cuidado, Ruth já tinha tudo planejado desde o início. Até mesmo abordar Enzo em um momento em que eu presenciasse. Ela conseguiu chamar minha atenção.

Ainda não tenho conhecimento de todo o plano e posso estar me metendo em uma armadilha... Mas foda-se, não vou ficar parada enquanto meu amigo corre perigo. Eu vou matar o desgraçado que assassinou Luigi.

Já no gramado do jardim, seguimos abaixadas e entramos em uma SUV preta enorme. Tudo grita emboscada, confesso que estou com um pouco de medo, mas a adrenalina é ainda maior. Não quero nem pensar no meu castigo quando Enzo descobrir. Isso se eu sair viva dessa, o que acho pouco provável.

A verdade mesmo é que no fundo, o perigo e o risco são quase bálsamos. Eu quero isso, eu não me importo se morrer no processo, a morte iria finalmente me tirar desse tormento todo de vida.

Eu sou fraca, eu sei.

Almejo tanto o fim, e não é só por ter um marido filho da puta. Suas merdas foram apenas o último prego no caixão. Eu cresci sozinha, nunca tive amigos, família, a única constante era Luigi, e agora ele se foi. Pietro é um irmão que amo demais, mas se tivesse que escolher entre mim e Lorenzo, eu não seria sua prioridade como em muitos momentos da nossa vida.

Não que eu vá me matar ou facilitar para que isso aconteça, só não é o fim do mundo.. se acabar, acabou.

- Tudo bem Giovanna? - Ruth me tira de meus devaneios
- Vai ficar quando eu conseguir minha vingança
- Calma. Vamos conseguir, eu também tenho contas a acertar - seu olhar se torna sombrio
- Ótimo - sorrio satisfeita, de alguma forma, agora sei que posso confiar nela.

O carro para após alguns minutos na estrada, chegamos em um lugar totalmente deserto e me pergunto se era uma armadilha e vão me matar aqui.

- Que lugar é esse? - questiono
- Temos que ir a pé por aquela trilha, a construção fica há uns 5 km daqui. Se formos de carro, seremos detectados e alvejados antes de perguntarem nossos nomes
- Ok. Então vamos

Descemos do veículo e seguimos em direção a mata fechada. Há uma pequena trilha, quase imperceptível.

A caminhada é difícil, o percurso é todo desnivelado e cheio de armadilhas, Ruth sabe como evitar cada uma delas. Dou graças a Deus pelo meu condicionamento estar em dia. Mesmo não praticando atividades físicas constantemente, eu acabo usando muito a piscina, treinando nela mesmo, o que ajuda a manter a forma e a sanidade

A cena que avisto após quase uma hora de caminhada, faz meu estômago se retorcer. Diversas estacas estão ao redor de um muro cinza enorme, em cada uma delas tem uma cabeça humana em estados de diversos de decomposição. Merda, no que foi que eu me meti.

- Vem, por aqui - Ruth indica a lateral, onde vemos vários arbustos - atrás deles tem uma entrada. Você se lembra de tudo que temos que fazer a partir do momento que entrarmos?
- Sim - o plano foi debatido ao longo do caminho - entrar, matar Nikolaus, o chef da organização Russa, localizar e libertar Pietro
- Isso, vamos entrar sem que ninguém perceba. Mas não posso garantir a sua segurança lá dentro
- Tudo bem. Eu vou dar o meu melhor para sair com vida
- Ótimo

Passamos por uma rachadura no muro, apesar de estar de dia, aqui dentro é totalmente escuro, mal vejo ou escuto o barulho das nossas respirações. Assim que o último soldado entra, seguimos adiante, sendo liderados pela ruiva.

O plano parece simples, mas para executar com maestria, preciso me manter nas sombras.

- Por aqui - ela indica uma porta de ferro e estremesso, parece um tipo de calabouço
- Que merda é is.. - mal termino minha frase e sou acertada na cabeça, a última coisa que vejo antes de apagar é o rosto da ruiva
- Desculpe, mas preciso que pensem que te raptei para dar certo. Esconda as armas e confie em mim.
- Vaga.. - Apago antes que possa completar a frase

Enzo

Eu vou estrangular o pescocinho da Giovanna assim que colocar minhas mãos nela! Vadia! Não acredito que traiu minha confiança dessa forma.

Saio em disparada do quarto, antes de alertar a todos, preciso ter certeza de que ela saiu mesmo.

Passo em frente ao quarto onde a Ruth está e dois soldados conversam tranquilamente

- Bom dia, viram a Giovanna? - Questiono os homens
- Bom dia senhor, ela está no quarto com a Ruth, estão conversando há mais ou menos quarenta minutos
- Porra! - Grito e eles se assustam - Sumam daqui antes que eu mate vocês. Vão já acionar os soldados para irmos atrás delas
- Se-senhor, elas não saíram daí
- Ah, jura? Então abre a porra da porta, inútil - Ordeno já sem paciência

A porta se abre, e como eu imaginei o quarto está vazio, a janela aberta mostra por onde as garotas passaram. Merda!

- Se algo acontecer com a minha mulher - falo, segurando o soldado pelo colarinho - eu mesmo vou te matar, bem lentamente
- Eu sinto muito senhor
- Vai sentir muito em breve. Agora faz o que mandei, vou avisar o dom

Saio em disparada para os aposentos do Lorenzo. Merda! Não acredito nisso ainda!

- Lorenzo, abre a porta - bato e chamo ao mesmo tempo
- Que merda aconteceu? - Ele questiona, ainda sem camisa e os cabelos bagunçados
- A sua irmã fugiu com a Ruth
- Porra! Você não consegue controlar a própria esposa? - esbraveja - saímos em cinco minutos

Não retruco, ele ainda é meu dom, não posso dar a resposta que gostaria. Eu vou por uma coleira na Gio assim que encontrá-la. Tentei ser legal, agora ela me paga!

- Senhor - um soldado me para no meio do caminho - pelas câmeras de segurança, conseguimos ver por onde elas saíram e com quem. Elas devem ter ido em direção ao galpão que a BRATVA está ocupando na mata
- Porra!

Isso significa que a Giovanna caiu em uma armadilha e a Ruth estava aqui apenas para isso. Eu vou matar essa puta! Não acredito que minha esposa seja tão burra e ingênua! Não é possível

Eu vou trazê-la com vida - prometo a mim mesmo - só para poder puni-la!

Lorenzo aparece com a expressão sombria, entramos no carro e um plano é traçado. Que a guerra se inicie
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Domine meu coração - Dark Romance [Completo]Where stories live. Discover now