Prólogo

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— Bom dia... — disse enquanto abria os meus olhos, vendo o bolo que minha mãe havia feito para mim. — Café da manhã na cama e bolo? Agora sim eu estou me sentindo especial!

Mamãe riu — Você é, amor! — ela disse beijando minha bochecha — Feliz aniversário, Clara. Eu te amo.

Ela cantou "Parabéns para Você", comemos o bolo e nos preparamos para o dia. O dia foi perfeito, o melhor aniversário que já tive. O melhor aniversário que eu poderia ter. Mas faltava alguma coisa, ou melhor, alguém.

– Clary? — Ouvi mamãe entrando no meu quarto, sorrindo. — Seu pai enviou algo para você... — ela disse me entregando um envelope branco com um selo de coração vermelho. Abri com cuidado, tentando não rasgar o coração.

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Minha Querida Clara,

Palavras não conseguem expressar o quanto eu sinto sua falta e gostaria de poder estar ao seu lado. Mesmo com essa guerra nos separando, fico tranquilo em saber que estou lutando para garantir um mundo melhor e mais seguro para vocês. O tempo passa e eu só penso no quanto desejo que isso acabe logo, para que eu possa voltar para casa. Até esse dia chegar, Clary, se cuide e lembre-se de que posso estar longe de, mas o meu amor por você se estende por todo o mundo. Feliz aniversário de 12 anos, minha Clara.

Com amor, Papai.
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— Eu só queria que ele estivesse aqui... — eu disse enquanto saía do meu quarto, seguindo em direção à sala. Uma lágrima insistente havia acabado de escorrer por meu rosto.

— Eu sei, amor... ele vai voltar logo, eu... — Mamãe começou, mas foi interrompida por um som sibilante. Nos olhamos, confusas, tentando entender de onde estava vindo. — Se abaixa, Clara! — ela gritou.

Todas as janelas quebraram, vidros estilhaçados voaram para todos os lados. Uma luz tão brilhante quanto o sol foi a última coisa que eu vi antes de tudo escurecer.

***

Quando eu abri os olhos, não conseguia mais ver a luz ofuscante, na verdade, não havia nenhuma luz acesa. Não conseguia ouvir nada, exceto um zumbido insistente. Tentei olhar em volta, mas não conseguia ver muita coisa. Tentei me levantar, mas não conseguia me mover muito. Comecei a tocar no meu redor, no que pude alcançar, e foi quando senti a mão fria da minha mãe.

— M-mãe? Mãe, eu... eu não consigo me levantar. O que aconteceu? — mas não tive resposta. Se tivesse, provavelmente não conseguiria ouvir por conta do zumbido. — Mãe... você tá bem?

Meu corpo inteiro doía e parecia estar flutuando, e então tudo ficou escuro novamente.

***

Segurei a mão do meu pai com força enquanto caminhávamos em direção ao funeral da minha mãe. Lágrimas estavam começando a aparecer em meus olhos, mas eu não queria chorar na frente de todos aqueles estranhos de rosto triste que me cercavam. Além disso, eu tinha que permanecer forte pelo meu pai.

— Clary! — Foi a primeira voz que eu reconheci. Era Susan, minha melhor amiga. Não pude deixar de notar o lindo vestido preto que ela usava, Su sempre teve o melhor gosto para roupas, muito melhor que o meu. — Como você está se sentindo? — Ela perguntou enquanto agarrava a minha mão e me olhava com seus olhos tristes.

— Eu... estou melhor. — Na verdade, eu não estava melhor, mas Susan não precisava saber disso.

— Sinto muito pela sua perda... — A Sra. Pevensie estava logo atrás de Susan. — Se vocês precisarem de alguma coisa é só me avisar, tudo bem? — Ela disse olhando para o papai.

– Agradeço, Helen. — Papai sorriu, tristemente. — Na verdade, há algo que precisamos conversar sobre... — Eles se afastaram.

Papai só começou a falar quando teve certeza de que eu não conseguiria o ouvir. Quando chegamos em "casa", ele me contou sobre o que estavam conversando. Ele disse que estava ficando muito perigoso em Finchley, e que não estaria lá para me proteger.
Depois de alguns dias, batemos na porta dos Pevensies. A Sra. Pevensie a abriu, com um grande sorriso no rosto.

—Clara! Estávamos esperando por você! — Eu estava segurando a mão do meu pai o mais forte que podia. — Entrem! — Quando entramos, percebi que todos os seus quatro filhos estavam parados alinhados olhando para mim. Fazia um tempo que eu não os via tão de perto - eu nunca conversei muito com nenhum deles, exceto Su. — Como eu já falei mais cedo, Clara vai ficar conosco até o pai dela voltar para casa. Ela também vai viajar com vocês para o interior! — A animação dela estava me matando por dentro.

— Espera, para o interior? — perguntei confusa, olhando para meu pai.

— É o lugar mais seguro no momento, querida. Não posso arriscar que você se machuque de novo. — Tentei respirar fundo, não queria entrar nessa discussão com papai novamente. Meu pai me ajudou com toda a bagagem e depois se ajoelhou em minha frente. — Clara, eu prometo que não demorará muito até que possamos estar juntos novamente. Vou escrever para você toda semana, está bem? E tenho certeza que você vai se divertir muito com os seus amigos.

Eu estava com tanto medo de chorar de novo que nem consegui dizer nada. Eu sabia que, se dissesse uma palavra, iria desabar em lágrimas ali mesmo, e não queria chorar na frente dos Pevensies, especialmente na de Edmund. Susan sempre me dizia que ele era "o garoto mais insuportável que ela conhece". Felizmente, meu pai me abraçou antes que eu pudesse chorar. Eu o abracei de volta, tentando manter a calma. Tentando não pensar em mamãe, na guerra ou em ir para longe.

Meu pai já havia ido embora há cerca de meia hora. Eu ainda estava muito sensível, tentando ao máximo não chorar. Enquanto estava pegando algumas coisas em minha mala, vi um garoto abrir a porta lentamente.

—Clara? — Era Peter, o irmão mais velho de Susan. — A minha mãe pediu para avisar que o jantar está pronto.

— Ah, obrigada! — eu disse, fingindo estar o mais animada que pude, mas me recusando a olhar diretamente para ele.

— Hum... está tudo bem? — Acredito que não consegui esconder a terrível expressão em meu rosto. — Quer dizer, você está com esses cortes... Susan me contou o que aconteceu, mas eu não sabia que você estava tão machucada assim.

— Já está quase tudo curado. — Mentira. — Não se preocupe com isso, nem dói mais. — Outra mentira.

— Está bem... acho que devemos ir, a minha mãe fica brava quando nos atrasamos ​​para o jantar.

A Audaz | Pedro PevensieOnde histórias criam vida. Descubra agora