Valentina
A cada segundo que se passava, sentia meu coração pulsar como se estivesse batendo fora do corpo. Uma sensação inexplicável que talvez nem Luiza que é cardiologista saberia identificar. Eu buscava resposta em seus olhos mas não encontrava, suas pálpebras estavam firmes sobre o meu olhar mas sem que eu pudesse descobrir o que se passava ali dentro. Inalei todo o ar que continha em meus pulmões, coloquei pra fora formando um freno labial e balancei a cabeça negativamente.
- Você não sabe ou você tem medo? - Meu olhar estava sério sobre o dela, eu queria que ela entendesse que aquela conversa não era mais uma das minhas brincadeiras porque de fato não era.
- Eu... - ela desviava o seu olhar pro chão visivelmente acanhada - Você tem razão, Valen. Talvez eu realmente tenha medo, mas você me faz ter coragem de tanta coisa depois que eu te conheci...
Luiza se levantou da poltrona, colocou os joelhos sobre o chão ficando agachada em minha frente, levou suas mãos até as minhas e entrelaçou as mesmas me fazendo esboçar um sorriso.
- Quero que você entenda que eu não quero te magoar, quero estar com você independente do meu medo - continuou - Eu passei por um momento difícil na minha vida e eu sei que você não tem nada a ver, claro, estou em terapia pra isso. Mas é um processo, sabe? - Luiza fixava o seu olhar sobre o meu.
- Tudo bem, Lu. Relaxa! Você acha que eu te pressionei? - Dei um suspiro demorado novamente enquanto buscava resposta em seus olhos.
- Não, não Valen. Você está certa em querer saber. Nós já ficamos há um tempo e estamos vivendo praticamente como namoradas.
- Vamos fazer assim, não precisamos rotular nada. Vamos viver e o que tiver de ser será, tá? - Aproximei meu rosto do seu e depositei um beijo em sua testa.
- Viver juntas? - Ela esboçou um sorriso.
- Juntas! Sem aquela Zara no meio.
- Zara? - bufou - Meu Deus! Eu nem lembrava da existência dessa mulher. Ela é só uma colega de trabalho, ciumenta.
Nos rimos e terminamos de curtir o café da manhã juntas. A vista para os prédios da grande cidade que é SP fazia com que eu me sentisse num filme. O ar fresco e o barulho de buzinas lá em baixo recheava a nossa conversa durante a refeição.
Depois do café, tomei um banho longo e me preparei para as reuniões que tinha. Peguei meu notebook, me direcionei até a varanda e Luiza foi tomar o seu banho. Revirei os olhos só de imaginar que teria que encarar uma reunião com Serena e minha mãe no auge da minha viagem sem elas.
- Bom dia, chefinha! Como está de viagem? - Serena dizia do outro lado da tela.
- Bom dia. Bem... Vamos pro primeiro tópico?
- Sim, estou esperando sua mãe e precisamos falar sobr...
- Pelo amor de Deus, por que ela não sentou logo aí pra fazer essa reunião? Tenho mil e uma coisas pra fazer hoje! - Falei exalando impaciência.
- Oi pra você também, minha filha linda. - Catarina surgiu com um telefone na mão - Estava com um contratante no telefone mas pelo visto você não quer fechar mais um negócio, não é?
- Que bom que você tocou nesse ponto. A partir de agora, não quero que feche nenhum contrato mais. - Eu disse seca mas sabia que um furacão estaria perto de surgir. Eu precisava me impor e esse seria o primeiro passo.
- Como assim, Valen? - Serena alternava seu olhar assustado entre eu e Catarina - Você vai dar um tempo de publicidade? Mas nós temos alguns contratos a serem cumpridos.
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GAROTA DA VITRINE
FanfictionAlmas opostas: Diferentes. Divergentes. Discretamente discrepantes & deliciosamente dominantes. Uma médica casada e discreta conhece uma influencer digital que representa a personificação da palavra inconsistência. Até onde você iria tentando alcanç...