Capítulo 26 - Tudo diferente

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E quando a aurora chegar, eu terei que ir
Mas esta noite vou lhe abraçar forte
Porque no amanhecer estaremos por conta própria
Mas esta noite preciso lhe abraçar bem forte

(And when the daylight comes I'll have to go
But tonight I'm gonna hold you so close
Cause in the daylight we'll be on our own
But tonight I need to hold you so close - Daylight)

******

Magnólia estava um caos. Os sinos tocavam pela cidade inteira e certas buzinas com asas voavam pelo céu, gritando: "Altivar o modo Gildarts!". Todos sabiam o que isso significava e estavam correndo desesperados pelas ruas. A cidade começou a se dividir, a terra começou a tremer, crianças agarrando nas pernas dos pais e todos agarrando alguma coisa para se segurar, tudo para formar uma longa estrada no meio dela.

Um mago de cabelos longos alaranjados de barba e vestindo uma longa capa preta andava na estrada formada com um sorriso no rosto. Depois de um tempo, ele chegou na frente da guilda Fairy Tail e escancarou a porta. Entrou, abrindo os braços e gritou:

- Cheguei pessoas!

Ninguém respondeu. Parecia até que ninguém tinha notado o "terremoto" que havia acabado de acontecer ou a presença do ruivo. A guilda estava com uma áurea roxa depressiva a rondando, todos estavam tristes.

Certos adultos tomavam copos de cerveja tentando afogar suas magoas, Cana ficava mexendo em suas cartas sem nenhuma emoção, os irmãos Strauss estavam com as cabeças deitadas em uma mesa com os rostos arrasados. Levy estava sentada em um dos bancos em frente ao balcão de bebidas lendo seu livro, enquanto comia o que parecia ser algum tipo de creme doce em uma tigela com uma colher, junto com Happy, que sentava em cima do balcão comendo seu peixe, e os dois tinham lágrimas nos cantos dos olhos. Erza estava na mesma situação que os azulados, só que comia um bolo de morango e estava sentada em uma mesa mais afastada das pessoas, Gray estava sentado em outra mesa com a expressão mais assustadora possível, não era possível chegar perto sem ser contagiado. E finalmente Natsu, que parecia que nem era o mesmo, estava sentado em uma canto da guilda abraçando os joelhos, calado e com a expressão séria.

O sorriso do rosto de Gildarts desapareceu em instantes. Ele não estava acreditando que a Fairy Tail que ele conhecia, aquela guilda que não ficava em silêncio nem mesmo um instante e que exalava alegria, estava naquela situação horrorizada.

- O que aconteceu aqui? - foi a única coisa que consiguiu sair de sua boca.

- Lucy! - Levy começou a chorar, largando o livro e colocando todo o creme na boca.

Com essa fala todos começaram a chorar juntos e uma gota se formou na cabeça de Gildarts. Ele andou até Natsu, tentando passar longe das pessoas que choravam, já que o rosado era o único que não estava em prantos.

- Natsu, você poderia me dizer o que esta acontecendo aqui? - ele indagou, sentando-se ao lado do mago de fogo.

- Não.

- Que grosso! Cadê aquela felicidade? Você não quer lutar comigo?

- Não.

- Nem um pouquinho?

- Não.

- Não quer pescar no lago?

- Não.

- Não quer brincar?

- Não.

- Não quer sair com o Happy?

- Não.

- Você só sabe falar não?

- Não.

Gildarts sorriu, quase rindo.

- Agora é serio. O que aconteceu?

- Quem disse que eu não estou sendo sério? - Natsu olhou para Gildarts pela primeira vez.

- Ninguém. Só estou querendo saber o que aconteceu.

- Por que você acha que aconteceu alguma coisa?

- Você ainda pergunta? - Gildarts apontou com a cabeça para o resto da guilda. - E parece que tem haver essa tal de Lucy. Quem é ela?

Ao ouvir o nome da loira, o coração de Natsu falhou uma batida.

- Não te interessa - ele virou bruscamente a cabeça para frente.

- Nossa! Tá de mal humor, hein? E se eu perguntei é porque estou curioso.

Natsu não sabia se contava ou não. Por um lado, Gildarts era como um pai para ele, a pessoa que tinha lhe ajudado nas situações difíceis, mas por outro ele não queria falar sobre aquele assunto, não queria nem tocar. Mas, acima de tudo isso, ele era um amigo que queria conversar.

- Ela foi uma pessoa que entrou na guilda entre o tempo que você esteve fora, mas depois foi embora de uma hora pra outra - o rosado tentou resumir a história toda.

- Suponho que ela foi uma pessoa muito especial, para a guilda estar desse jeito.

Gildarts olhou para os outros novamente e outra gota formou-se em sua cabeça: todos continuavam a chorar.

- Ela é uma pessoa muito especial.

- Hm - o ruivo olhou para Natsu maliciosamente. - Suponho também, que ela é uma pessoa muito especial para alguém.

Ele deu pequenas cotoveladas no braço de Natsu, mas ao ver aqueles olhos verdes brilhando de tristeza, ele parou. Sabia que Natsu estava quase chorando.

- É - foi a única coisa que respondeu.

Gildarts não sabia o que fazer em relação à situação em que todos, e especialmente Natsu, se encontravam.

- Não se preocupe! - tentou dar um sorriso consolador. - Tenho certeza de que se ela também ama vocês do jeito que vocês amam ela, ela vai voltar mais rápido do que você pensa!

Natsu sabia que Gildarts poderia estar certo, mas tinha mais certeza ainda de que ela não voltaria tão cedo assim. Ele sabia que ela voltaria muito tarde ou até mesmo nunca.

An Early LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora