Sete

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Victoria

𝒱olto do banheiro até a sala em que eu e meus colegas estamos, na casa de Valentina. Me jogo ao lado de Vinicius e ele me cutuca com uma caneta.

Valentina ri da nossa interação e eu consigo lembrar da época em que eu a fazia sorrir. Não sinto saudades.

— Tá chovendo — Lara aponta com o lápis pra janela meio aberta, coberta por uma persiana e apoia a cabeça no ombro do namorado — De novo.

— Tá começando a anoitecer, né?— Arthur põe a mão no cabelo da namorada — Vic, será que você consegue levar a gente, já? O trabalho a gente termina na segunda.

Olho pra Vinicius, que concorda com eles. Todos nós quatro nos levantamos e vamos até o carro do meu padrasto, nos despedindo de Valentina.

Deixo o casal no apartamento dele e poucos minutos depois paro em frente à casa do meu amigo.

— Tchau, bem! — Vinicius se despede quando eu acelero o carro e dirijo até a casa da namorada do meu irmão, indo buscar ele.

Estaciono em frente ao que eu ainda acho que deveria ser chamada de mansão e buzino. Nada acontece. Pego meu celular e bombardeio Matheus com mensagens dizendo que cheguei, mas ele nem as recebe.

As gotas de chuva começam a ficar mais fortes, batendo contra a janela do carro e eu fico impaciente esperando por ele, batendo a mão contra o volante do carro. Talvez ele seja tão apaixonado que não consiga desgrudar dela.

Largo o meu celular no banco do passageiro e saio correndo do abrigo quentinho que é dentro do carro até a porta da casa, que felizmente é uma área coberta.

Bato na porta enquanto sinto o meu cabelo pingar nos meus ombros. Ninguém atende, então toco a campainha e segundos depois consigo escutar a porta sendo destrancada.

Dou de cara com Nadine, com uma blusa social bordô mal colocada, aberta mais do que deveria, e com uma saia lápis preta, porém seus pés estão descalços.

— Meu Deus — ela coloca as mãos nos meus braços e antes que eu possa perceber sou arrastada até o lado de dentro — Tá frio aí fora.

Deixo meu olhar cair pro sutiã de renda preto exposto pelos botões abertos de sua camisa, enquanto ela fecha a porta, e eu percebo que ela percebe, porquê seus dedos finos se erguem até eles e ela abotoa dois deles, enquanto arruma a camisa na cintura, até onde sua saia vai.

— O quê aconteceu? — ela me olha, estranhando a minha presença ali, enquanto a chuva do lado de fora se intensifica.

— Vim buscar o meu irmão.— Nadine arqueia uma sobrancelha — Ele foi no shopping com a sua filha, não?

— Eles foram. — Nadine caminha discretamente até a entrada da sala e veste uma pantufa preta perdida por ali — Mas hoje é sexta-feira e as meninas ficam com o pai na semana que vem. Ele disse que ia levar seu irmão pra casa.

— Ah. — dou uma olhada ao redor e levo a minha mão à maçaneta da porta — Então eu já vou, desculpa o incômodo — falo com um sorriso amarelo no rosto e Nadine põe uma mão no meu ombro.

— Fica aqui um pouco. — Viro meu rosto na direção do seu e vejo a mesma cicatriz do outro dia, na bochecha esquerda, quase imperceptível, diferente de seu batom vermelho vibrante, o mesmo que eu já vi ela usando antes — Não quero que você dirija com uma chuva dessas.

Ela se afasta e sinto saudades da sua mão em mim.

— Um pouco — Assinto com um sorriso sem dentes e fico parada em frente à porta de entrada, quando ela finalmente percebe o meu cabelo molhado.

Tic-Tac do Destino | Romance Lésbico Where stories live. Discover now