09. Touca Azul

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Lee Minho





Não conseguia me lembrar da última vez que havia ficado tão ansioso. Apenas o fato de Hyunjin ter aceitado fazer o trabalho de Sociologia em minha casa e o pedido de desculpas, fez a minha mente começar a borbulhar.



Andei de um lado para outro em meu quarto tentando pensar em como faria para não assustá-lo e se realmente valia a pena todo o estresse.



Scarllet havia me convencido com o que eu mais desejava. Vingança.



Ignorá-los e arranjar motivos para eles intervirem não estava adiantando. Eles haviam me tirado muito para eu simplesmente seguir em frente sem ter a oportunidade de irritá-los ao máximo.



Uma parte da minha mente argumentava que era um pensamento extremamente problemático, por inúmeros motivos, e que ficar preso àquele desejo de devolver na mesma moeda era algo infantil, que eu deveria abandonar.



Mas a outra parte, não tinha nada a perder e nenhum motivo para não fazer. Pensava que sem um motivo genuíno minha vida se tornaria apenas monótona e triste, e eu não queria sentir aquela tristeza.



Sabia que nada do que fizesse chamaria atenção deles e me faria não sentir a mágoa e a tristeza, mas eu não tinha nada a fazer depois de desistir.



Scarllet trouxe um ponto válido sobre o dinheiro. Dinheiro era a única coisa que importava para os meus pais e a única coisa que eu via as pessoas ao meu redor desejando além de de sexo.



O prazer do dinheiro era algo que eu nunca havia experimentado propriamente mesmo estando rodeado dele. Estava em tudo.



Esbanjar, estragar, doar e mudar traria pessoas para a minha volta e faria papai perceber.



Ele não percebeu as tatuagens em meus braços ou as inúmeras vezes que parei no hospital por conta de algum tipo de overdose, mas qualquer movimentação brusca em sua conta, o faria perceber.



Mamãe me usou várias vezes, me oferecendo para suas amigas em troca de me deixar continuar no país. Papai fez questão de prometer inúmeras coisas que jamais teve intenção de cumprir.



Minha infância foi cheia do vazio e de pessoas pagas ao meu redor. A babá estava ali por estar sendo paga, assim como meus avós, os empregados, os professores e amigos.



Eu era apenas uma criança quando percebi que meus pais só se importavam se o retorno fosse o dinheiro.



Papai não ia nas reuniões escolares, mas nunca faltava a um desfile de modelo infantil que me fazia participar.



Mamãe sempre esquecia de me buscar quando dava folga a babá, mas jamais esquecia de me levar para eventos que tirariam foto da família.



Vovó nunca brincava ou me dava atenção, até eu começar a chorar ou chamá-la de vovó na frente de seus amigos mais novos.



Vovô nem ao menos tentava disfarçar. Chegava já exigindo que minha mãe o ajudasse em troca de suas aparições.



Mamãe sempre foi uma influencer de moda que não aceitava envelhecer. Papai, um político importante com suas várias amantes, apesar das fotos românticas que tiravam.



Eu entrava em cena toda vez que se perguntavam como estava o filho do casal internet.



O bullying que sofri na adolescência me fez perceber que eu estava sozinho. Ninguém me buscou na enfermaria quando descobriram minhas mensagens para o garoto que eu gostava. Ninguém apareceu nas apresentações do colégio ou quando recebi elogios pelas ótimas notas. Ninguém apareceu para me abraçar quando eu perdi meu único amigo. Ninguém apareceu quando decidi arranjar problemas apenas para ser aceito em um grupo.



My Blue Moon | Hyunho | Híbrido!Hyunjinحيث تعيش القصص. اكتشف الآن