Capítulo 22

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Ela lidaria com ele?

"Por que você lidaria com Lionel? Ele é um homem gentil que não merece a morte."

Sua risada amarga assaltou seus ouvidos.

"Sério? Onde estava sua bondade", Kara lançou a palavra como um epíteto, "quando arrastou sua filha de Esparta, gritando, para nunca mais ser vista por dez longos anos".

Lena ficou tensa, o pulso batendo em um ritmo pesado e monótono.

"O que você está implicando?" Ela recuou, cautelosa com o fogo violento evidente em seus olhos. "Que meu pai adotivo é o homem de quem você jurou vingança."

"Sim." Kara cerrou uma mão. "Você não revelou antes que este é o mesmo homem que te adotou. Você está protegendo ele?"

"Não! Não pode ser. Quantas vezes tenho que lhe dizer que ele não é espartano." Lena passou os dedos trêmulos pelos cabelos e começou a andar. "Ele nunca me falou de Esparta nem sabe nada sobre isso. Escute a si mesmo. É por isso que omiti minha relação com ele, porque temia que você presumisse que ele era o mesmo homem."

Ela parou no meio do caminho, intrigada com a expressão da guerreira. Parecia que Kara travava uma guerra consigo mesma sobre o que queria dizer.

"Eu disse que soubemos da ameaça por meio de um espião", Kara falou em tom comedido. "A sacerdotisa de Atenas desceu da acrópole para avisar que a ameaça era real." Seu peito se expandiu em uma respiração profunda. "Ela olhou para mim e contou sobre um espartano que escapou para Delfos." Ela lançou-lhe um olhar penetrante. "Acredito que seja o mesmo homem."

"Mesmo uma sacerdotisa nem sempre pode adivinhar os pensamentos e a vontade dos deuses", insistiu Lena. "Ele não esconderia algo tão importante de mim. Não, Kara, vocês dois estão errados."

"Talvez você esteja errada", Kara rebateu. "O tempo provará quem de nós estar."

Ela deu um grito assustado quando Kara a levantou em seus braços. Lena especulou sobre a desolação em seus olhos. Lena ansiava por apagá-la, contendo-se, sem saber se Kara aceitaria seu conforto. A guerreira a segurava como se ela fosse a coisa mais preciosa do mundo, mas ela precisava de garantias de que seu coração não seria para sempre dominado por um amor perdido.

A guerreira se sentou em uma pedra plana que se projetava do chão e a acomodou em seu colo. "O que aconteceu?"

"Você está dando ordens de novo. Não faço parte do seu exército comandante", ela reclamou sem entusiasmo para distraí-la. Preocupando-se com o interior do lábio, ela pressionou o rosto entre o ombro e o pescoço da mulher que ela tanto clamou em seu momento de provação, com medo da reação dela quando Lena lhe revelasse qual foi essa mesma provação. "Precisamos ir," ela murmurou contra sua pele, sentindo seu cheiro, encontrando consolo em seu abraço.

"Lena," Kara rosnou com uma pitada de impaciência. "Homens e suprimentos não ficam prontos num instante. Fale."

Com um suspiro pesado, ela começou a contar tudo o que lembrava de sua viagem a Amyclae. Encorajada por Kara deixá-la falar sem interrupção alguma, sua voz ficou mais forte, contando como ela enviou Lucy em busca de ajuda depois de chegar ao templo. Lena confessou suas suspeitas de que Lucy a odiava porque ela tinha chamado a atenção de Kara. A presunção e a insolência da criada durante a viagem, como se ela guardasse um segredo.

Levantando a cabeça, ela olhou nos olhos da guerreira. "Chamei por você em meu coração e rezei para que você ouvisse. Foi assim que você soube que deveria vir aqui?"

Kara a segurou mais perto. "Uma cripteia descobriu Lucy e seu capanga. As informações foram rapidamente extraídas e trazidas para mim."

Lena estremeceu, não querendo imaginar o que aconteceu com os prisioneiros. Em vez disso, ela contou a chegada repentina e inconcebível de James, o desaparecimento de Lucy e dos dois homens que os acompanhavam e tremeu novamente.

KARLENA - OdysseyOnde histórias criam vida. Descubra agora