Já com minha bolsa no braço, checo minha roupa mais uma vez no espelho para ter certeza de que está bonita.
Vejo a garrafa de vinho no balcão e a pego para levar para casa de Karine.
Saio e tranco a porta, chamo o elevador, que fica no final do corredor, e espero ansiosa por ele.
Quando a caixa de metal parou, eu entrei rapidamente e tratei de apertar o botão. O elevador fecharia se não fosse por um braço coberto por uma manga cumprida branca travando seu movimento.
— Boa noite. — O rapaz diz e entra no elevador. Um rapaz muito bonito por sinal.
— Boa noite! Você é novo aqui? — Eu com certeza nunca o vi por aqui.
— Não, não. Eu me mudei faz alguns meses. — Ele diz tentando o mínimo pousar o seu olhar o mim.
Bem diferente do que eu estava fazendo: analisar o homem dos pés a cabeça. Mas não um olhar de deboche, com algumas pessoas fazem, e sim um olhar de curiosidade.
Saio dos meus pensamentos com um barulho estranho no elevador. Droga!
Pensei que fosse dar tempo de chegar a recepção, pensei errado. O elevador parou bem no meio do prédio.
— Que merda. — Murmúrio olhando pra cima e para todos os lados do elevador.
— Sabe o que pode ter acontecido? — O de moletom pergunta fazendo o mesmo que eu, observando.
— Não.. nunca aconteceu algo assim.
Ficamos alguns segundos em silêncio até o homem quebrar ele.
— A luz acabou, talvez. — Ele sugeriu.
— Não! As câmeras ainda estão ligadas e a luz daqui de dentro também. — Aponto para o teto do elevador.
Como um truque de mágica, assim que apontei meu dedo para cima a luz apagou e o ponto vermelho que piscava freneticamente da câmera também.
— Agora acabou. — Ele solta um riso fraco.
— Podemos falar com o porteiro, não? — Tento propor alguma solução.
— Acho que não vai dar certo. Provavelmente a ligação não vai chegar.. ele tem telefone fixo lá em baixo. — Ele parece reorganizar os pensamentos. — Teremos que esperar até que luz volte.
— O que?! — Eu estava encrédula. A possibilidades de ficar trancada por horas com um desconhecido me assusta.
— Não é como se fosse demorar, jaja volta.
O de moletom parecia despreocupado com o fato do elevador estar parado no meio dos andares.
Eu estava indignada. Esse prédio é uma merda!
Pego meu celular no bolso da calça jeans e procuro pelo contato de Karine. Explico pra ela tudo que está acontecendo e a mesma fica triste pelo atraso, mas entende.
Meus pés batem freneticamente no chão de aço e o homem ao meu lado mexe de segundos em segundo no cabelo. Irritante.
— Bom.. — Ele suspira depois de longos minutos em silêncio. — Só nos resta esperar.
Seu corpo se inclina para baixo e ele se senta no chão.
— A princesinha quer que eu estenda minha blusa pra você se sentar? — Ele diz num tom sarcástico. O que me estressou bastante.
— Você mesmo disse que jaja volta. — Mudo meu tom de voz tentando imitar sua fala. — Vou esperar em pé.
Sou orgulhosa de mais, eu sei disso e não me orgulho. Eu até sentaria ao lado do rapaz, mas depois de sua fala praticamente debochando de mim, isso não vai acontecer.