parte 4

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Meus pés começam a doer e nada da luz voltar. Isso vai levar quanto tempo?

Minhas pernas queimam de dor e o jogo do homem sentado é chato pra caralho.

— Você pode abaixar o som dessa merda? — Digo já cansada do som que o celular fazia sempre que pulava de fase.

— Está incomodada, princesa?

— Você é sempre chato? — Me rendo ao cansaço e sento no chão, descansando a cabeça na parede de aço.

O de moletom da uma leve risada e desliga o celular, pousando as mãos na perna. E agora o elevador está num completo breu.

— Qual seu nome, esquentadinha?—

— Se eu te falar você para de me dar apelidos? — Pergunto sem olhar para o seu rosto.

— Talvez, se o seu nome me agradar..

— Presunçoso.. — Murmúrio apenas para mim, e viro o rosto de frente para o seu. Mesmo que fosse quase impossível de ver seus olhos naquela escuridão eu tinha certeza que ele também me olhava

— Vou fingir que não escutei e vou voltar a esperar você me dizer seu nome.

— Camilla, com dois L. — Levanto as sobrancelhas.

— Ok, Camilla com dois L. Meu nome é Rafael, com um L só.

Sua piada me faz rir, e tapar o rosto com as mãos.

— Olha só! Ela sorri. — Ele diz fingindo surpresa após escutar o som da minha risada.

— É óbvio! Achou que eu fosse uma velha rabugenta?

— É o que parecia até uns 2 minutos atrás. — Sua fala me faz revirar os olho, sorte minha que está escuro.

— Por que veio morar pra cá? — Pergunto cortando os segundos de silêncio que se instalaram no elevador.

— Foi minha única opção. O aluguel do meu apartamento antigo aumentou e eu precisava de um lugar mais barato.

Sua voz era calma, e falou daquilo com uma tranquilidade que me assustou.

— E veio parar nesse fim de mundo... boa sorte. — Ouço uma risada leve sair de seus lábios.

— Por que odeia tanto aqui?

— É um jogo de perguntas agora?

— Só estou querendo saber um pouco mais da pessoa que tá presa comigo numa caixa de metal.

— E depois me sequestrar, saquei seu plano.. — Finjo uma voz de suspense.

— Deixa de ser idiota garota! Agora conta.. por que odeia tanto aqui?

Um suspiro sai dos meus lábios antes de começar.

— O encanamento é horrível, a síndica é um cu, os vizinhos são insuportáveis, as crianças vivem quebrando os vazos de planta lá de baixo e o porteiro nunca tá acordado. — Falo tudo numa frase só. — E ainda tem mais..

— Não! Tá bom assim. Já entendi, eu acho!

— É simplesmente um dos piores prédios da região, mas pelo menos o preço é acessível.

— Acho que é por esse o motivo das pessoas virem pra cá. — O homem cujo eu ainda não sabia o nome encosta a cabeça na parede assim como eu, e parece um pouco pensativo.

Mesmo com a escuridão total dentro do elevador, eu podia ver sua silhueta, o formato do seu rosto e o cabelo completamente bagunçado. Isso era o charme, eu acho.

Não sabia que poderia ter alguém bonito nesse prédio.

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⏰ Last updated: Apr 16 ⏰

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