VIII

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Eu estava bem perto do palco e via bem quem cantava.

Foi preciso Alfredo chamar-me a atenção para voltar a comer.  Eu estava encantada com a música.   O som do violão era maravilhoso.

Após o jantar, Alfredo e Rafael fizeram menção de que iam retirar-se, mas eu fiquei a ouvir o cantor até ao final.

Ele até me dedicou uma música.  Disse ele;

- a próxima moda vai para uma senhorita que se perdeu na cidade.

Ele disse isto olhando para o lugar onde eu estava e eu sorri.

No final veio ter comigo e conversámos um bocado depois de feitas as apresentações.

- Eu acho que você é irmão da minha  amiga Bela.

- Sim, eu tenho uma irmã a quem chamo de Bela.  É designer.

- Na empresa do meu marido.

- O senhor que estava aqui?

- Sim.  Um deles.
Que coincidência,  ein?

- Pois é.  Vieram de Londres ou só foram lá apanhar o navio?

- Estivemos lá 8 dias.  Muito aborrecido.   Bem mais divertido,  este navio.

- Quando não nos perdemos disse sorrindo.
Podemos tirar uma foto juntos para mandar à Bela?

Olha a artimanha que eu arranjei para ter uma foto dela.  Desde mais cedo quando a vi não parei de pensar nela, mas agora que soube que é casada, fiquei decepcionado.

- Podemos ir tomar uma bebida num dos bares ou o seu marido é daqueles caretas?

- Tão careta que me deixa sózinha.  Vamos lá.  Vou aproveitar o que não posso no Brasil.

A  verdade é que Alfredo estava pouco se importando para o que ela fazia ali no barco.  Só não podia abandoná-lo e ali ele sabia que ela não fugia.

Rodolffo e Juliette conversaram no bar durante horas e depois foram até ao exterior apanhar a maresia.

Juliette sentiu frio e logo entraram para cada um seguir para o respectivo quarto.

Rodolffo no aconchego da sua cama olhava a foto que tinha tirado dos dois e sorria.  Enviou-a para Bela e logo recebeu uma mensagem.

- Como assim, tu e a Juliette?

- Ela está aqui no barco.   Conheci-a hoje.  Linda, mas é casada.

- Casada e prisioneira, mano.

- Não me pareceu.  O marido dá-lhe até bastante liberdade.

- Aí no barco porque sabe que ela não vai a lugar nenhum.  Velho nojento.   É meu patrão,  mas por isso mete-me nojo.

- Velho?  Não é muito velho.

- Como não?  Tem 55 anos.  Não que seja velho, mas é mais velho que ela.

- Ah!  Então é o mais velho.

- Eu adoro-a, mano.  Estamos sempre juntas aqui na empresa.  Queria saber ajudá-la a livrar-se dele.

- Porque não se divorcia?

- Tem a ver com o pai dela.  Acho que o pai a vendeu para esse casamento.

- Meu  Deus.  Pobre moça.
Como estão os pais?

- Estão bem.

- Vou dormir. Beijinho para todos.

- Beijo mano.  Beijo à Juliette.

- Até dava.  Tem uns lábios que dá vontade de mordiscar.

- Sem safadeza para cima da minha amiga  seu Rodolffo.

- Beijo.  Adeus.

Falei na brincadeira, mas aquele bâton vermelho deu-me vontade de o tirar com beijos.

Virei para o lado e esperei o sono chegar.  Habitualmente adormecia logo, mas hoje estava difícil.

Fuga DuplaOnde histórias criam vida. Descubra agora