XI

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Os encontros entre os dois sucederam-se nos dias e noites seguintes.

Era véspera da chegada ao Brasil.  O barco já havia deixado a Grécia e esta seria a última noite.

O desembarque estava previsto para as 11 horas.

- Percebeste tudo?

- Sim Rodolffo.   E se não der certo?

- Vai dar sim.  Tem que dar.

Juliette ia dormir na cabine de Rodolffo.   Durante a tarde conseguiu  transferir as malas para lá.  Deixou apenas a roupa com que ia ao último jantar.

Saiu da cabine quando Alfredo bateu à porta e foram para o restaurante.  Foi uma noite igual às outras e logo o marido a deixava sózinha para sair com Rafael.

Juliette esperou Rodolffo terminar de cantar e sem que ninguém visse foi com ele para o  quarto dele.

Amaram-se mais uma vez convictos de que não era um adeus.  Era só um até já.

Pela madrugada, bem cedo, Rodolffo despertou e levantou-se.  O barco ia aportar às 6 horas da madrugada e precisavam ser ligeiros.

Assim que o barco atracou, Rodolffo carregou as malas dela para a saída.  Era necessário trabalhar rápido enquanto a maioria ainda dormia.

De conluio com outro elemento da equipe ele retirou as malas do barco e entregou-as a Bela que já o esperava desde as cinco horas da madrugada.

Regressou depois para buscar Juliette.   Esta estava devidamente uniformizada com roupa da tripulação e não foi difícil sair do barco.

Bela partiu com ela em direcção à casa dos pais.  Depois regressaria para buscar Rodolffo.

- Amiga!  Que doidice esta do meu irmão.

- Espero que dê certo  mas tenho medo do que o Alfredo possa fazer quando não me vir.

Às 10 horas Alfredo bateu no quarto de Juliette e não obteve resposta.  Bateu uma e outra vez.  Saiu para procurar alguém que pudesse abrir a porta.

Ao entrar encontrou a cabine vazia.  Apenas umas calças e uma blusa que ela havia usado no dia anterior antes do jantar, estavam sobre a cama.

Alfredo esbracejou, barafustou e exigiu que procurassem a mulher.

O desembarque já tinha iniciado e vários elementos da tripulação correram o barco à procura de Juliette.

- Senhor, não encontrámos a sua esposa em lugar nenhum.  Tem a certeza de que ela não foi uma das primeiras a desembarcar?

Alfredo pensou e pensou.  Claro que ela ia aproveitar a oportunidade para fugir.  Era o que ele faria se estivesse na situação dela.  Fez uma  chamada, mas o telefone dela estava desligado.

Rafael conversava com ele que apesar de parecer preocupado não era verdade.

- Onde aquela diaba se meteu?

- A esta hora deve estar longe, disse Rafael.  Passou-te a perna.  Vamos desembarcar.

Juliette chegava a casa dos pais de Bela.  Esta apresentou-os.  Eles já conheciam a história dela e acolheram-a de imediato.

Juliette estava muito nervosa.  Bela trouxe um copo de àgua para ela beber.

- Fica calma.   Daqui a pouco Rodolffo chega.  Vou agora buscá-lo.

Bela chegou ao porto e cruzou-se com o seu patrão.

- Anabela!  O que faz aqui?

- Vim buscar o meu irmão que trabalha nesse navio.  A Juliette não está consigo, dr. Alfredo?

- Já foi na frente.

Entretanto Rodolffo vinha chegando.
Bela aproveitou para ajudar à festa e apresentou-os.

- Está aqui o meu irmão.   Rodolffo este é o meu patrão,  o dr. Alfredo.

- Muito gosto.  Eu vi-o algumas vezes enquanto cantava.

- Ah!  O cantor.  A minha esposa gostou de o ouvir.

- E onde ela está?  Gostava de lhe agradecer.

- Ela seguiu primeiro.  Por isso estou à espera que o meu motorista regresse.

O doutor está à espera do seu motorista?  Se quiser aproveitar, eu posso deixá-lo em casa, disse Bela.

- Obrigada, Anabela, mas vou esperar mais um pouco.

Alfredo viu os dois entrarem no carro e seguirem viagem.  Logo depois entrou no seu carro com Rafael e partiu também.

Fuga DuplaWhere stories live. Discover now