Capítulo 17

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O ato foi consumado! A Srta. Sheffield agora é Katharine, viscondessa de Bridgerton.
Esta autora deseja os melhores votos ao feliz casal. Pessoas sensatas e honradas decerto andam escassas na alta sociedade e com certeza é
gratificante ver duas pessoas assim unirem-se em matrimônio.

CRÔNICAS DA SOCIEDADE DE LADY WHISTLEDOWN, 16 DE MAIO DE 1814.

Até aquele momento, Anthony nem mesmo percebera que desejava que ela dissesse “sim”, que admitisse seu desejo. Ele a apertou contra si, e sua bochecha encostou na delicada curva da barriga dela. Mesmo em seu vestido de casamento, ela cheirava a lírios e sabonete, aquele perfume enlouquecedor que o assombrara durante semanas.

– Eu preciso de você – murmurou ele, sem saber ao certo se suas palavras se perdiam nas camadas de seda que ainda a mantinham fora de seu alcance. – Preciso de você agora.

Pôs-se de pé, tomou-a nos braços e em poucos passos alcançou a imensa cama de dossel que dominava o quarto. Nunca levara nenhuma mulher ali – sempre preferira ir com as amantes a outro lugar. De repente, sentiu-se contente por isso. Kate era diferente, especial, sua esposa. Ele não queria outras lembranças se intrometendo naquela nem em qualquer outra noite.
Deitou-a no colchão e não desviou os olhos por um só momento de sua forma graciosamente desgrenhada enquanto tirava a própria roupa de maneira metódica: primeiro as luvas, uma por uma, depois o casaco, já amarrotado por
seu entusiasmo.
Fixou os olhos nos dela – escuros, grandes e cheios de admiração – e sorriu, bem devagar e com satisfação.

– Você nunca viu um homem nu antes, não é? – murmurou ele.

Ela balançou a cabeça.

– Ótimo. – Inclinou-se para a frente e retirou um dos sapatos do pé dela. – Nunca verá outro.

Ele passou para os botões de sua camisa, tirando cada um de sua casa bem devagar, e seu desejo aumentou dez vezes ao ver Kate umedecendo os lábios com a língua. Ela o queria. Anthony conhecia o suficiente das mulheres para ter certeza disso.
E, quando a noite tivesse acabado, não conseguiria viver sem ele. Que ele não fosse capaz de viver sem ela era algo que se recusava a considerar.
O que acontecia em seu quarto e o que ocorria em seu coração eram duas coisas diferentes. Ele podia mantê-las separadas. Ele as manteria separadas.
Anthony podia não querer amar a esposa, porém isso não significava que não poderiam desfrutar um do outro na cama.

Deslizou as mãos até o primeiro botão da calça e o abriu, mas parou por aí.
Kate ainda estava completamente vestida, e continuava sendo completamente inocente. Não estava pronta para ver a demonstração de seu desejo.
Ele subiu na cama e, como um gato selvagem, engatinhou até ela, aproximando-se cada vez mais até chegar a seus cotovelos, nos quais ela se
apoiava. Então deslizou-os por debaixo dela e a deitou de costas. Ela o fitava com a respiração rápida e superficial através dos lábios abertos.
Não havia nada, pensou ele, mais impressionante que o rosto de Kate corado de desejo. Os cabelos, escuros, sedosos e volumosos, já se libertavam dos prendedores usados no elaborado penteado de casamento. Seus lábios, sempre um pouco cheios demais para a beleza convencional, assumiram uma cor rosada sob a luz oblíqua do fim de tarde. E sua pele nunca parecera tão perfeita, tão
luminosa. As bochechas estavam ruborizadas, e não do tom pálido que as senhoras elegantes pareciam sempre desejar, mas Anthony achava a cor encantadora. Ela era real, humana, e estremecia de desejo. Ele não poderia desejar mais nada.

Com reverência, tocou sua bochecha com as costas dos dedos, então deslizou a mão pelo pescoço até a pele delicada acima do corpete. O vestido era fechado por uma fileira enlouquecedora de botões nas costas, mas ele já abrira quase um terço deles, deixando o traje frouxo o suficiente para que pudesse deslizar o tecido de seda por cima dos seios dela.
Eles pareciam no mínimo ainda mais belos que dois dias antes. Os mamilos eram rosa-claros, encimando seios que ele sabia caberem perfeitamente em suas mãos.

– Sem combinação? – murmurou ele, apreciando, percorrendo com o dedo a linha proeminente da clavícula.

Ela balançou a cabeça, e respondeu com a voz entrecortada:

– O modelo do vestido não permitiu.

Ele deu um típico meio sorriso masculino.

– Lembre-me de enviar uma bonificação à sua costureira.

Deslocou a mão para um dos seios e apertou-o com delicadeza, dando um gemido de prazer enquanto ouvia um arquejo semelhante escapar dos lábios
dela.

– Que delícia – sussurrou ele, erguendo a mão e deixando seus olhos acariciarem-na.

Nunca lhe ocorrera que poderia ser tão prazeroso apenas observar uma mulher.
Fazer amor, para ele, sempre se relacionara ao toque e ao paladar. Pela primeira vez, achava a visão tão sedutora quanto os outros sentidos.
Ela era tão perfeita, tão linda, que ele teve uma estranha e primitiva sensação
de prazer ao pensar que a maioria dos homens era cega à sua beleza. Era como se um certo lado dela fosse visível apenas para ele. Anthony adorou o fato de seus encantos serem ocultos do restante do mundo.
Isso a tornava mais dele.
Subitamente ansioso para ser tocado, Anthony ergueu uma das mãos dela, ainda calçada com a comprida luva de cetim, e levou-a a seu peito. Ele podia sentir o calor de sua pele mesmo através do tecido, mas não era o suficiente.

– Quero sentir você – murmurou ele, em seguida retirou os dois anéis do dedo de Kate e colocou-os no espaço entre os seios dela.

Ela arfou e estremeceu com o toque do metal frio contra a própria pele, então observou, sem fôlego e fascinada, enquanto Anthony lidava com sua luva, puxando cada um dos dedos com delicadeza até que ele se soltasse e depois deslizando-a por seu braço e pela mão até tirá-la. O roçar do cetim era como um beijo sem fim, deixando-a toda arrepiada.
Em seguida, com uma gentileza que quase a levou às lágrimas, ele recolocou os anéis em seu dedo, um por um, parando apenas para beijar a palma sensível de sua mão.

– Dê-me a outra mão – pediu com amabilidade.

Ela obedeceu e ele repetiu a mesma tortura deliciosa, puxando e deslizando o cetim por sua pele. No entanto, dessa vez, após terminar, levou o mindinho dela à boca e chupou-o, rodeando-o com a língua.
Kate sentiu uma onda de desejo lhe atravessar o braço, percorrer o peito e se insinuar por todo seu corpo, até acumular-se, quente e misteriosa, entre suas pernas. Aquele homem estava despertando algo nela, algo obscuro e talvez um pouco perigoso, algo que permanecera inativo por muitos anos, apenas esperando por um único beijo dele.
Toda a sua vida fora uma preparação para aquele momento, e ela nem mesmo sabia o que esperar depois. Ele deslizou a língua pela parte de dentro do dedo, então traçou linhas em sua palma.

– Que mãos maravilhosas – murmurou ele, mordiscando a parte carnuda de seu polegar enquanto seus dedos entrelaçavam-se com os dela. – Fortes e, ainda assim, graciosas e delicadas.

– Você está falando bobagem – disse Kate, constrangida. – Minhas mãos...

Mas ele a silenciou com um dedo sobre seus lábios.

– Shhh. Você não aprendeu que nunca deve contradizer seu marido quando ele está admirando suas formas?

Kate estremeceu de prazer.

– Por exemplo – continuou ele, soando como o próprio demônio –, se eu quiser passar uma hora examinando seu pulso – com movimentos rápidos, raspou os dentes na pele fina e delicada do pulso dela –, decerto é um direito meu, não acha?

Kate não respondeu e ele deu uma risadinha, o som baixo e cálido nos ouvidos dela.

– E não pense que não vou – avisou o visconde, traçando, com a ponta do dedo, as veias azuis que pulsavam sob sua pele. – Posso decidir passar duas horas examinando seu outro pulso.

O Visconde que me Amava ( Livro 2 )Onde histórias criam vida. Descubra agora