Capítulo 6

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Um beijo foi suficiente por quase infartar o pai de Rodolffo e também por fazer a pressão da minha mãe cair. Quando ambos se recuperaram foi que as coisas ficaram mais tensas ainda.

Isso por que meu pai queria me bater.

- Só bate nela se bater em mim primeiro. - disse meu prometido.

- Essa desavergonhada. Como pode me fazer uma vergonha dessas? - disse furioso meu pai.

- Nela o senhor não encosta, antes de encostar em mim. Então nem se atreva. Vocês são demais. Precisa de tudo isso por causa de um beijo? Acaso nunca se beijaram?

- Rodolffo contenha-se. - o pai dele o repreendeu.

- Se nunca fizeram, façam. Eu garanto que é excelente.

- Cale a boca. - eu disse puxando sua camisa e ele olhou para mim.

- É mentira?

- Não precisa dizer isso. É desnecessário. Não me mate ainda mais de vergonha.

Todos estavam olhando o nosso diálogo.

- Desde quando se conhecem? - meu futuro sogro nos olhava atento.

Eu não respondi. Rodolffo respirou profundamente.

- Me dê o telefone Rodolffo. -

- Não. O senhor não tem nada que ver aqui.

- Quero ver e vai me mostrar.

Vi Rodolffo tirar o aparelho do bolso e simplesmente jogá-lo no chão com toda a força, destruindo o aparelho.

- Isso é uma invasão. Não vou nem alimentar isso.

Quando dei por mim minha mãe subiu e voltou com meu aparelho em mãos. Eu havia apagado as mensagens antigas, mas ela ainda conseguiu achar uma última que ele me mandou.

- Estou ansioso para te ver. Tenho saudades.

Isso foi lido em alto e bom som, voltando a transformar a nossa sala num palco de guerra.

- Vai casar com minha filha.

- Eu vou. Estou aqui para isso.

- Depois de amanhã. Nenhum dia a mais. Precisamos agir rápido, antes que a barriga apareça.

- Que barriga? Eu não estou grávida.

- Não negue mais Juliette. Todos aqui sabemos da pouca vergonha que vocês fizeram. Agora vá para o seu quarto e fique lá, só sairá para casar.

- Não vai manter ela prisioneira. - Rodolffo tentou o enfrentar.

- Calado seu sem vergonha. Inclusive saiam da minha casa, vocês todos. Saibam que esse casamento não é mais do meu gosto, mas devido as circunstâncias, não há outra alternativa.

Fui subindo para o meu quarto puxada por minha mãe, mas Rodolffo ainda se aproximou de mim.

- Não fique triste. Tudo vai ficar bem.

Eu não podia estar mais triste. Minha família me massacrou. O homem que eu confiei mentiu para mim. O quê poderia ser pior que isso?

- Está sem celular agora Juliette. Para refletir sobre o quê fez. Nunca imaginei sentir tanto desgosto. Se entregou como uma mulher da vida minha filha.

- Juro que não. Não fiz isso.

Realmente eu não tinha feito, mas vontade também não me faltou. Imagina se ele tivesse terminado tudo que começamos na noite anterior? Aí sim, eu estaria totalmente perdida.

Nunca me senti tão mal. Nunca uma desilusão doeu tanto.

...

Fui o caminho inteiro em silêncio e me culpei muito por minha atitude. Talvez se eu não tivesse agido assim teríamos mais tempo.

Em busca de uma realidade diferente, fiz coisas que podem atrapalhar muito o nosso futuro. Juliette já não desejava meu beijo como antes e só se entregou por que eu praticamente a forcei.

Não é minha intenção forçá-la, mas negar o meu desejo vai doer. Se houver uma recusa da parte dela, espero que eu reaja bem, por que já fui digno de sentir suas delícias só com os poucos momentos que tivemos. Pude ver entrega no seu olhar e ver repulsa será como tomar um tiro.

Meu pai ainda me deu um sermão ao chegar em casa e o mínimo que me chamou foi de moleque. Quando estava trancado no meu quarto, peguei o meu celular reserva e nele estava o meu chip, onde tinha salvo o contato de Juliette.

Tentei ligar, mas só dava caixa postal. Até que chega uma mensagem de um número sem foto, no meu aplicativo de mensagens.

- Você foi a maior ilusão da minha vida. Eu acreditei tanto que me salvaria. Que seria o meu herói. Como fui tonta. É o meu carrasco.

- Não é tonta. E eu não sou o seu carrasco. A dois anos venho acompanhando a sua vida, de longe e de perto até me apresentar. Sei que errei, mas podemos recomeçar.

- Não podemos. Eu te odeio.

- Não. Sei que não me odeia, só está magoada.

- Eu me apaixonei pelo Melike. Não por você.

- O Melike sou eu Juliette. Rodolffo é só meu primeiro nome. Não sou um personagem.

- Nunca será a mesma pessoa. Então também não sou a mesma. Nunca mais tente me beijar.

- Vou tentar sim. Não quero só te beijar, eu quero você inteira para mim.  Nada me importa, posso não ser o seu primeiro, mas quero ser o seu último.

Juliette demorou muito a responder essa última mensagem e suspeitei que alguém tinha lhe pego com o novo aparelho.

...

Eu li e reli a última frase que Rodolffo me enviou. Pensei bem no que eu responderia e movida pela mágoa lhe enviei uma mensagem agressiva.

- Nem foi o meu primeiro e tão pouco será o meu último. Te dei a oportunidade de estar na minha vasta lista de conquistas, mas você não teve coragem e sua vez passou. Pode vir a ser meu esposo, mas não será meu homem e nem aquecerá meus lençóis. A umidade do meu corpo você não sentirá e nem ouvirá os meus gemidos cheios de gozo.

Eu esperei não estar sendo ridícula nas minhas palavras e talvez depois dessa mensagem ele me considerasse uma pecadora incorrigível. Mas sua resposta não foi bem o quê eu esperava.

- Como conseguiu fugir tantas vezes? Que bom pai tens não? Ainda se julga honrado e a filha deitou com toda a Istambul? Desculpa, mas eu não acredito nisso. Eu estive te observando por dois anos.

- Não observou direito. Enquanto você via uma coisa, eu fazia outras.

- Vamos ver. A mentira tem perna curta e eu sou prova disso. Te espero para o nosso casamento.

O nosso diálogo teve fim e eu escondi meu aparelho celular reserva. Deitei na cama e fiquei olhando para o teto, enquanto meus olhos viam o forro, minha mente projetava o nosso momento mais íntimo, essa era a minha experiência mais intensa da vida toda, mas agora ele acredita que eu já dormi com vários homens. É uma mentira atrás da outra, isso nunca pode dá certo.

...

Os prometidosOnde histórias criam vida. Descubra agora