Capítulo 12

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Meus sogros fizeram aquele dramalhão e depois se foram. No fim, ficou Rodolffo e eu.

- O quê o Doutor Ali lhe dizia? - ele perguntou enquanto eu me sentava na sua cama.

- Ele tem suspeitas Rodolffo.

- Suspeitas de quê?

Contei tudo que o médico me disse e ele fechou os olhos, mas eu vi lágrimas finas molharem os seus cílios.

- Mas não vai ser isso. Eu tenho certeza que não. É só uma suspeita.

- O doutor Ali é muito bom. Ele não erra nos seus diagnósticos e eu sei que já fui fumante, além de ter o fator hereditário, então...

Eu segurei sua mão e lhe olhei nos olhos.

- É um homem forte. Se for isso mesmo, vai vencer. Ainda está no início.

- Não merece um casamento tão desastroso quanto esse. Se quer o divórcio, te dou. Não quero que perca seus melhores anos ao lado de um homem doente.

- Não falamos disso agora. Eu quero que você fique bem e que tudo isso passe.

Busquei uma sopa para que ele comesse, mas não passou de três colheradas e Rodolffo disse estar enjoado. Isso não era de hoje, dos poucos dias que convivemos ele mal comia, então isso podia ser mais um sinal.

Fui em casa e fiz uma mala com coisas minhas e dele. Iríamos ficar uns dias no hospital, então era bom que nossas coisas ficassem acessíveis.

Quando retornei ao seu quarto no hospital, ele estava no banheiro e incrivelmente tossia muito.

- Rodolffo... Rodolffo... Como está? - eu bati na porta e ele não abria. - Abra para mim.

- Um momento. - sua voz estava muito cansada e ele estava sem a ajuda do balão.

- Sua saturação pode cair. Abra por favor.

- Eu só quero tomar um banho.

- Então abra para que eu te ajude. Trouxe suas coisas de casa.

Ele abriu a porta e estava só de cueca. Mesmo que eu não quisesse era inevitável não olhá-lo. Meu marido era um homem tão bonito.

- Não estou confortável com essa situação. - ele disse enquanto eu o arrastava para baixo do chuveiro.

- Faça de conta que não estou aqui. Sou invisível.

- Não mesmo.

Ele preferiu não se despir completamente, mas o banho deu certo. Eu só sai para que ele se trocasse.

- As coisas não deviam ser assim... - ele disse em murmúrio enquanto eu lhe abotoava a camisa. - Nós devíamos tomar banho juntos em outras circunstâncias e não nessas.

- O quê importa agora é que fique bem. O resto fica para depois.

E realmente ficaria. Eu só queria vê-lo bem, mas sua noite não foi fácil e ele foi a UTI. A febre voltou antes do amanhecer de um novo dia e sua respiração ficou muito difícil. Acharam que liga-lo a vários aparelhos era o melhor.

Fiquei o observando da janela de vidro e só queria que aquilo terminasse.

- Senhor perdoe-me pelas minhas palavras. Eu só estava magoada. Não leve ele de mim. - dizia enquanto chorava.

...

Naquela manhã, ele retornou ao quarto e eu não fui a universidade.

- Devia estar assistindo suas aulas. - ele disse bem rouco.

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