Capítulo 16

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Correr sempre foi algo que a acalmou, a floresta é sua casa e nunca seria diferente, pois é o lugar que mais se sente bem, se sente viva.

Isis caminha distraída, gosta de sentir a natureza, é o momento em que se sente verdadeiramente viva, respira fundo olhando para as árvores em um verde tão vivo que a faz suspirar.

Agora como os olhos fechados, a garota se concentra no som da natureza, aquele som capaz de acalmar tudo dentro dela. Saber que Afonso está disposto a tê-la intensifica ainda mais seus sentimentos  e ao ver que ele aceita morrer apenas para ficar com ela por uma noite seu coração bate ainda mais forte.

Por um momento ela queria arriscar, isso é de fato a maior declaração de amor que já teve e esse sentimento de se sentir desejada é o que a move.
A menina ainda concentrada, sente um vento forte ao seu redor, suas braços abraçam o seu corpo no   momento em que um sussurro a faz abrir os olhos.

— Ele não.

Assim que Isis abre os olhos ela o vê, o homem que era para estar morto, como rosto tão próximo ao seu, sendo possível ver suas olheiras e sentir seu halito  que possui um cheiro assustador.

Ela o encara com raiva e gruda sua mão em seu pescoço enforcando-o, a menina parece esquecer o seu tamanho e o levanta do chão, arremessando-o longe. O homem morto voa e bate em uma árvore, ele caí  no chão e sente o seu corpo começar a tremer, enquanto isso a garota se aproxima lentamente.

—  Acho que esta na hora de acabar com suas brincadeiras – diz quando está próxima a ele, o rapaz encara seus olhos e vê apenas escuridão, ela não está lá.

— O que quer? - indaga com medo.

— Que deixe a garota em paz – diz com a voz metálica.

—  E se eu não fizer isso? - questiona reunindo sua coragem.

—  Se não fizer isso meu caro, seu castigo será a eternidade – ameaça.

Um grito ao longe, faz a garota despertar e assim que ela o vê em sua frente, sente-se apagar.
Afonso não estava com vontade de sair de casa naquele dia, principalmente após saber que haviam perdido a única prova que tinham.

Ele se  sentia exausto, principalmente agora que seus sentimentos estavam confusos, não conseguia identificar o homem que chegou naquele lugar com tanta vontade de fazer justiça e agora tudo o que desejava era estar com a mulher que queria prender.

O detetive estava tomando um café na lanchonete quando viu a garota passando pela cerca e indo em direção a floresta, sem compreender o que estava acontecendo, pois ela parecia amedrontada demais para sair de casa e agora se dirigia para um lugar isolado, ele pagou a conta e resolveu ir atrás dela.

A menina caminhava a passos largos, como se soubesse exatamente onde estava indo, ele a chamou, no entanto a garota não o ouvia, quando um grito saiu de sua garganta Isis olhou para trás e assim que o viu começou a correr, em desespero e sem compreender o que  estava acontecendo o rapaz começa a correr atrás dela.

Os galhos das árvores o atingem diretamente, mas isso não o abala Afonso corre ainda mais rápido, contudo em uma distração ele escorrega e caí no chão, neste momento chama-a novamente, mas seu corpo o impulsiona a rolar morro abaixo.

Quando finalmente para, levanta sentindo-se tonto, passa a mão pelo rosto sentindo alguns arranhões e olha para os lados, surpreende-se quando vê Isis caída perto de uma árvore.

Ele corre até ela, sem compreender o que está acontecendo. Agacha ao seu lado e coloca sua cabeça em seu colo, em desespero acaricia o seu rosto.

— Isis, por favor, acorde – suplica sentindo-se completamente perdido.

Ela continua estática, o detetive passa a mão pelo seu rosto, ansiando para vê-la abrir os olhos, e quanto mais isso demora de acontecer, mais o medo o invade.

Ao longe, ele não observa, mas seu amigo o está observando, tentando entender como o homem que um dia tanto admirou foi se apaixonar pela mulher que ele amava. Quando o homem finalmente se vai, um vento leve passa pelo casal.

Isis respira profundamente e seus olhos se abrem devagar, ela olha para Afonso e pisca algumas vezes, fazendo com que sua vista se acostume com a claridade.

— O que aconteceu?- questiona o detetive desesperado.

— Eu não sei, não me lembro de nada – murmura sentando-se.

— Eu fiquei desesperado, pensei que iria perdê-la – fala o homem, seu olhar apenas confirma suas palavras.

Isis o encara, sem saber o que dizer, ela se lembrava de estar ouvindo o som da natureza, contudo não sabe como foi parar em frente a essa árvore nem o motivo de estar desmaiada.

Sem pensar o homem aproximasse da garota e beija seus lábios, Isis retribui o beijo sabendo que não consegue mais ficar longe dele, é como se algo dentro de si dominasse tudo o que sente, e por mais que lutasse contra, jamais poderia lhe dizer não.

Quando finalmente se afastam, seus olhares mostram que desejam muito mais do que um único beijo, ele a ajuda a levantar  e lhe abraça, quando se separam é como se  tudo ficasse bem pelo simples motivo de estarem juntos.

— Venha, vamos voltar para casa – ordena o detetive.

—  Sim, eu o acompanharei, de qualquer forma aqui já esta fazendo  frio – fala e acaricia os próprios braços.

Afonso tira a sua jaqueta e coloca e a ajuda a vesti-la, quando vê que está mais aquecida acaricia o seu rosto e beija sua testa. Ele nunca havia se sentido tão protetor com alguém, agora tudo o que desejava era cuidar da garota, neste momento não se importava se ela é de fato culpada de algo ou não, deseja apenas vê-la bem e fora de perigo.

Eles caminham em silêncio, é um momento em que as palavras não fazem mais diferença, elas simplesmente não importam mais, a necessidade de dizer algo desaparece apenas para sentia alguma coisa.

E neste momento em que caminham lentamente de mãos dadas, tudo o que querem sentir é que pertencem um ao outro.





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⏰ Última atualização: Apr 21 ⏰

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