IX Inana

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Se o estado de limerência fosse um pecado perante os deuses, teríamos dois pecadores em mesma escala numa completa e complexa linearidade de emoções, descendo de uma moto.

— Seven? — Uma pergunta meio retórica para quem estava cansado de saber onde ficava o estúdio, a ponto de reformular sua frase, enquanto tinha seu capacete sendo tirado com a ajuda de Jeon — Melhor, o que viemos fazer aqui? Tá fechado, né?

Jungkook estava com um sorriso no rosto difícil de esconder, tentava disfarçar com veemência a insegurança por trás dos lábios mordiscados, constantemente.

— Quero te mostrar uma coisa.

Digitou a senha eletrônica na entrada principal e deu espaço para que Jimin passasse antes de si. Não foi proposital, a intenção não era ver o quadril de Park ondulando a sua frente, mas foi exatamente o que aconteceu, especialmente ao subir as escadas.

Não disfarçou, não tinha como, era hipnótico a força da atração como uma lei anuída. Quanto mais perto, mais perfeita parecia, quanto maior a massa imaginada em suas mãos, maior a força da atração. Newton estaria orgulhoso do seu prático aprendizado.

Park poderia apalpar aquele estado de combustão que saía do próprio corpo, estava a um triz de perder o próprio controle, precisava fazer sentido tudo que Jungkook te mostraria, não queria soar visceral, animalesco, mas era assim que seu interior se comportava.

Chegaram os quatro ao terraço do estúdio, Jeon, Park e duas quase ereções, quase formadas, quase fisgando por atenção. Nada tinha senão o mais do mesmo... Apenas o vento fazia as honras, Jeon acionou o circuito de audioplace pelo smartphone, puxou Jimin pela mão, colocou a sua frente, de costas para si, apoiou o queixo no ombro de Park, sem colar seus corpos, diante do calor que sentia era estupidamente arriscado.

— Jimin, conheça o espaço Seven de Dança. Aqui podemos cobrir, colocar os espelhos na parede lateral, instalar as barras e... E não sei, coisas que dançarinos precisam para ensaiar e ensinar.

O orgulho dobrava Jeon de tamanho, seria possível essa massa de músculo flutuar tão alto como devaneava seus pensamentos? Talvez em phobos alcançasse seus 700 metros sem muito esforço, mas não nessa realidade gravitacional.

— E então, o que você acha?

— Você tá falando sério?

— Eu nunca falei tão sério - As expressões de Jimin não traziam muita leitura para Jungkook. Indecifrável. - Não gostou?

— Tá tentando me ganhar?

— Quê? Por quê?

Park parou com o rosto virado para Jeon analisando as suas expressões. Por que parecia tão sexy diante de tal ato? As inclinações do seu corpo, alinhadas às suas linhas undantes exalavam uma sensualidade nata, mas o seu olhar pesado quebrava qualquer ser no meio.

Porque você quer me comer e não para de olhar para a minha bunda desde que entramos aqui? Não sei... Pelos seus olhares achei que fosse por algo mais carnal e menos grandioso — debochou.

— Putz... Me desculpa, serei mais cuidadoso da próxima vez. — Não queria sentir o balde de água fria que ameaçou diminuir a sua euforia.

— Não, não será. Porque, Jeon, a próxima vez é exatamente agora e se você não me beijar nesse momento eu posso perder a minúscula sanidade que me sobra.

Parados. Os dois. Jeon ouvindo e conhecendo um lado saborosamente excitante e Park aguardando seus comandos serem obedecidos. Dominador.

Daemon estaria orgulhosa da áurea hedonista que circulava ambos, suas sensações elevadas à máxima potência, contidas numa timidez cínica como um véu transparente pronto para ser degolado pelo vento.

AleaWhere stories live. Discover now