BELLE

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A Torre Eiffel brilhava com um milhão de luzes cintilantes. Foi de tirar o
fôlego.
O monumento radiante reluziu em toda a cidade de Paris, lançando
um brilho amarelo quente enquanto todos nós olhávamos para ele.
Eu não pude evitar o sorriso que tomou conta do meu rosto.
— É isso que você estava esperando? — Eu perguntei a Grayson.
Ele acenou com a cabeça enquanto me observava, me dando um
sorriso que me tirou o fôlego.
— Quando eu era criança, minha mãe e eu costumávamos vir aqui
todos os anos após a Conferência Alfa e assistíamos às luzes se
acenderem. Ela me levava até aquela loja que fomos e comprava a garrafa
de vinho mais cara que eles tinham.
— Depois, íamos comprar pão e queijo na mercearia do fim da rua e
depois nos sentávamos aqui e assistíamos a Torre Eiffel se iluminar sob as
estrelas.
— Ela até me deixava beber minha própria taça de vinho. Era um dos
meus dias favoritos do ano — uma das razões pelas quais eu amo tanto
Paris. — Eu nunca tinha visto esse lado de Grayson. Eu o vira como um
amante agressivo e como meu cuidador, mas nunca o tinha visto
vulnerável.
Eu nem sabia que esse macho Alfa forte e possessivo tinha um lado
vulnerável.
Fiquei emocionada sabendo que Grayson estava disposto a
compartilhar esse lado comigo — me fez gostar mais ainda dele.
— O que? — ele perguntou de repente.
Isso me tirou do meu torpor de admiração.
— O que? — Eu perguntei de volta.
Ele deu uma risadinha.
— Você estava olhando para mim. Não que eu me importasse. Eu só
gostaria de saber o que você estava pensando.
Eu corei. Não podia deixá-lo saber que estava pensando no quanto
gostava dele.
— Nada, — eu disse rapidamente. — Eu só estava imaginando que
cena bonita deveria ter sido, você e sua mãe sentados sob as estrelas em
Paris.
Ele acenou com a cabeça e olhou para a torre solenemente.
— Sim. Foi.
— Ela não vem mais com você para Paris?
Seus olhos brilharam e ele ficou quieto por um momento.
— Não. Ela e meu pai morreram há quase cinco anos.
— Oh, Grayson, sinto muito. — Eu coloquei minha mão em seu
ombro. — Eu posso ver o quanto eles significavam para você. Deve ter
sido terrível.
Ele respirou fundo e, em seguida, virou a cabeça para depositar um
beijo na minha mão.
— Foi há muito tempo. Não há necessidade de ficar pensando no
passado.
Ele se inclinou para servir nossa comida e vinho.
— Tento fazer isso todos os anos para homenagear a memória dela. —
Ele abriu o vinho e estendeu a garrafa para mim. — E agora você pode se
juntar a mim.
Eu sorri.
— Estou honrada.
Passamos as horas seguintes conversando e bebendo nossa garrafa de
vinho barato.
Logo, todas as pessoas à nossa volta foram embora, apenas Grayson e
eu ficamos lá, olhando para as luzes da cidade à nossa frente.
As luzes da Torre Eiffel apagaram durante a noite, mas Grayson e eu
continuamos conversando sobre tudo e qualquer coisa.
Conversar com ele era tão fácil.
Passamos a noite inteira assim e, no momento em que o sol nasceu
no horizonte, me vi completamente encantada com Grayson.
Eu estava deitada no banco com minha cabeça em seu colo enquanto
ele brincava com meu cabelo quando ele finalmente disse: — Você quer
tomar um café? Eu conheço um ótimo lugar ali na rua.
Eu sorri e balancei a cabeça.
Uma vez no café, Grayson me disse para encontrar um lugar
enquanto ele fazia nosso pedido, mas eu rapidamente agarrei sua mão,
puxando-o de volta para mim.
Grayson me lançou um olhar questionador.
— Não me deixe, — eu disse rapidamente, com medo da dor que
poderia sentir se não tivesse contato com ele novamente. Não achei que
pudesse lidar com isso.
Minhas bochechas ficaram vermelhas com o apelo, mas Grayson
apenas sorriu. Ele levantou a mão e empurrou uma mecha de cabelo para
atrás da minha orelha.
— Estamos juntos há tempo suficiente para que nosso vínculo se
fortalecesse. Nada vai acontecer agora se estivermos separados. Nada
além de uma dor indistinta.
Minhas sobrancelhas se ergueram de surpresa.
— Tem certeza? — Eu perguntei nervosamente.
Grayson se inclinou e beijou minha testa.
— Tenho certeza. E se você sentir qualquer tipo de dor, tudo o que
você precisa fazer é chegar perto de mim e me tocar, e vai tudo
desaparecer. Estarei só a alguns passos de distância.
Ele tentou se afastar lentamente, mas eu não soltei sua mão.
— Eu, um... — Segurei sua mão com mais força. Eu não queria ficar
longe dele, nem um pouco.
— Acho que me sentiria melhor se eu for com você.
Grayson não protestou. Em vez disso, seu rosto se abriu em um
sorriso de tirar o fôlego.
Ele me envolveu em seus braços e me puxou para ele, aninhando seu
rosto no meu cabelo e respirando profundamente.
— Estou mais do que satisfeito com isso.
Depois de comermos nossos cafés e croissants, Grayson e eu vagamos
pelas ruas de Paris, conversando e assistindo a cidade acordar.
Eu estava começando a entender por que Paris era considerada uma
cidade tão romântica.
Eu posso definitivamente me imaginar me apaixonando aqui.
Caminhamos até a catedral de Notre-Dame e sentamos nos degraus
um pouco antes de irmos almoçar em um restaurante muito chique nas
proximidades.
Eu me senti estranha sentada ali, de jeans e suéter, mas a comida valia
qualquer desconforto que eu pudesse ter.
— Oh meu Deus, isso foi incrível! — Eu disse quando terminei de
comer.
— Eu disse que iria levá-la ao melhor restaurante de Paris, — disse
Grayson.
— Sim, bem, você não mentiu.
Nosso garçom apareceu e deixou a conta.
— Quando estiverem prontos, — disse ele com um forte sotaque
francês e depois foi embora.
Peguei o cheque, pronta para pagar qualquer preço, já que Grayson
tinha pago por nossa comida na noite passada e nosso café esta manhã,
mas ele o pegou antes que eu pudesse tocá-lo.
— Não, — ele disse com firmeza.
Eu revirei meus olhos.
— Grayson, por favor, deixe-me pagar por isso. Você já gastou muito.
Vou me sentir péssima se você não me deixar pelo menos te pagar um
almoço.
Ele já estava colocando a mão no bolso para pegar a carteira.
— De jeito nenhum. Enquanto você estiver comigo, você nunca
pagará por nada. Na verdade, vou garantir que você nunca mais precise
pagar por nada.
Eu zombei. De maneira alguma eu deixaria isso acontecer.
— Pelo menos, me deixe pagar pela minha comida, que tal? Isso vai
fazer com que eu me sinta melhor e não como se estivesse me
aproveitando de você, roubando todo o seu dinheiro.
— Pode discutir o quanto quiser; Isso não vai acontecer.
Ele colocou seu cartão junto com a conta e o ergueu para o garçom
ver. Mas antes que ele fechasse a pasta, vislumbrei o preço da refeição.
Meus olhos se arregalaram. Talvez fosse melhor eu não pagar.
Só minha refeição teria me custado vários horários na lanchonete.
— Onde você consegue todo esse dinheiro, afinal? — Eu perguntei.
Então percebi o que acabara de dizer.
— Oh, desculpe, essa foi uma pergunta rude?
— Não, não foi. Minha família é dona de uma grande empresa de caça
com milhares de trabalhadores que mantêm minha matilha à tona e mais
um pouco. Fornecemos animais vivos e mortos para quem quiser
comprá-los.
Nesse momento, nosso garçom apareceu. Ele se aproximou de nossa
mesa quando viu Grayson acenando.
— Por favor, leve isso embora antes que minha acompanhante tente
pagar novamente, — Grayson disse em tom divertido, entregando ao
homem a pastinha.
Eu olhei para ele.
Quando o garçom saiu, perguntei:
— Então você mata animais?
Grayson riu e pegou minha mão do outro lado da mesa.
— Não fique tão assustada, linda. É o círculo da vida. E tenho que
prover para minha matilha de alguma forma.
— Além disso, o que mais você esperaria de um bando de lobisomens?
Nós já caçamos em nossas formas de lobo para mantê-los sadios.
Podemos muito bem ganhar um dinheiro com isso.Ainda não gostava da ideia, mas decidi não discutir.
Assim que Grayson pagou oficialmente por nossa refeição, nos
levantamos e saímos do restaurante, continuando com nossa exploração
de Paris.
Eu nunca tinha caminhado tanto na minha vida; meus pés estavam
começando a doer, mas eu não queria que meu tempo com Grayson
acabasse. Tudo parecia tão mágico.
— Este dia nem parece real. Provavelmente foi o melhor dia da minha
vida, — eu disse a Grayson, minha voz cheia de sinceridade.
Grayson acenou com a cabeça em concordância e sorriu.
— Apenas espere. Amanhã, vou levá-la ao Louvre. Você vai ficar
encantada.
Eu parei de andar.
— Amanhã? — Eu perguntei. — Pensei que íamos para casa amanhã.
Grayson me encarou.
— Sim, mas pensei que mais um dia não faria mal. Tenho que voltar
para minha alcateia, de qualquer maneira. E meu jato particular não
estará pronto até amanhã à noite.
— Você tem um jato particular? — Eu perguntei em choque
completo.
— Por que você simplesmente não voou com ele para Paris?
Ele deu de ombros.
— Eu só comprei ontem. Sempre tive essa teimosia estranha na hora
de comprar meu próprio jato, sempre preferi voos comerciais.
— Eu não conseguia entender até te conhecer naquele avião. Foi
porque o destino estava me preparando para conhecê-la.
Ele se aproximou e me puxou para o seu peito, deixando um beijo na
minha testa.
— Agora, não há motivo para eu não ter meu próprio jato. Vai ser
muito mais conveniente. — Seu corpo estremeceu de tanto rir.
— Além disso... eu meio que não tenho mais permissão para pisar no
MSP ou no aeroporto de Paris depois do que aconteceu no último voo. —
Eu fiquei boquiaberta com ele.
— Bem feito! Você quase matou um homem!
Grayson riu novamente.
— Vou dizer isso mais uma vez. Ele mereceu. Ninguém olha para o
que é meu.
Eu bufei e o empurrei para longe de mim.
— Você é um Neandertal.
Continuei a andar e ele rapidamente me alcançou, segurando minha
mão e beijando a parte de trás dela.
— Serei um Neandertal, contanto que você continue ao meu lado.
Eu corei em um vermelho profundo.
Eu pensei sobre o que ele disse. Não podia ficar mais um dia em Paris.
Eu tinha que ir para casa...
Eu já estava arriscando ser expulsa do meu apartamento por não
pagar o aluguel.
Na verdade, eu provavelmente seria despejada.
Eu não trabalhava há tanto tempo que provavelmente não
conseguiria pagar o aluguel. O que significava que eu tinha que
encontrar uma maneira de escapar de Grayson e voltar para Minnesota.
Talvez eu pudesse convencer a companhia aérea a remarcar meu voo
de volta mais barato?
Não me preocupei em dizer alguma coisa para Grayson. Eu sabia que
ele apenas tentaria me convencer a não ir.
Fiquei triste em pensar que teria que ir para casa amanhã e continuar
com meu trabalho medíocre na lanchonete, com meu chefe chato.
Mas eu sabia que esse sonho bizarro e lindo não poderia durar para
sempre, por mais que parte de mim desejasse isso.
Enquanto continuamos a andar, Grayson passou o braço em volta da
minha cintura, puxando-me para perto dele e olhando para mim com um
sorriso satisfeito.
Isso me fez sentir um calor no peito.
Ele está ficando muito apegado a mim. Ao perceber isso, aquela
sensação cálida deixou meu coração.
Não havia como esse relacionamento continuar quando voltássemos
para Minnesota.
Claro, morávamos a apenas algumas horas de distância um do outro,
mas eu não tinha carro, não teria como chegar até ele. E eu não iria
forçá-lo a dirigir até mim toda vez que eu quisesse vê-lo.
Eu me sentiria muito culpada.
Eu sabia que com os sentimentos que ele despertava em mim, deixá-
lo e voltar à vida real só se tornaria mais difícil pra mim..
O pensamento fez com que eu parasse..
Grayson também parou e olhou para mim.
— O que foi?
Eu respirei profundamente e passei meus braços em volta de mim
mesma.
— Isso não é um encontro, — eu disse com firmeza. As palavras
doíam para dizer, mas mantive minha compostura.
Grayson ergueu as sobrancelhas.
— Desculpe?
— No restaurante, você me chamou de sua acompanhante. Eu só
queria que você soubesse que não vejo isso como sendo um encontro.
Ele lambeu os lábios e se aproximou de mim lentamente.
— É mesmo?
— Mmm, — eu disse, me sentindo mais estranha e nervosa agora que
ele estava parado bem na minha frente, olhando fixamente para mim. Por
que ele tem que ser tão alto?
— Quer saber o que eu acho? — Ele colocou o polegar em meus
lábios, traçando-os.
Eu não respondi, paralisada pelas faíscas em minha boca.
Ele se inclinou para que seus lábios tocassem minha orelha.
— Eu acho que você quer muito que isso seja um encontro. — Ele
colocou minha orelha em sua boca e mordeu levemente.
— E sabe de uma coisa? Este é um encontro, quer você queira admitir
ou não. Você não pode dizer nada sobre o assunto.
Isso me irritou. Por que ele pensou que poderia me controlar?
— EU...
— Shh... — Ele me interrompeu. Sua voz ficou mais grave. — Quer
saber o que mais eu acho?
— Não, eu realmente... — eu comecei.
— Eu acho... — Grayson interrompeu mais uma vez quando eu bufei,
afrontada, — que você não conseguiu parar de pensar em me beijar desde
a última vez em nosso quarto.
Ele passou um braço em volta de mim e me puxou para seu peito.
Arrepios percorreram minha coluna.
— Porque eu sei que não consegui parar de pensar nos seus doces
lábios nos meus, e isso está me deixando louco.
Tentei me afastar dele, sabendo para onde isso levaria e que beijá-lo
definitivamente lhe daria a ideia errada, mas não pude escapar de seu
aperto firme.
Antes que eu pudesse protestar, seus lábios estavam nos meus. E eu
me derreti. Eu me derreti em uma poça pegajosa de gosma em seus
braços.
Oh Deus, como eu poderia deixá-lo?

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⏰ Last updated: May 12 ⏰

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Sequestrada por um Alfa - Annie Whipple Where stories live. Discover now