MISERABLE

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Oioi gente, soph aqui pra dar um recadinho! Esse cap pode ter gatilhos de selfharm. Por favor, quem for sensível ao assunto, tenha cuidado ao ler 💞
As escolhas das músicas dos capítulos não são feitas de forma aleatória, elas significam muito pra narrativa, recomendo que vocês dêem uma olhadinha na letra delas antes ou depois de ler, pois talvez possa ajudar enxergar o ponto de vista que foi escrito o cap💞


Taehyung POV ON

No mundo há poucas coisas que me proporcionam algum senso de paz interior momentânea e uma delas é o escuro. Ao contrário de muitas pessoas, eu me sinto bem encolhido em minha cama, escondido na penumbra, sendo refém de meus pensamentos e das melodias que tocavam em meus fones.
Devo ser honesto, não lido bem com mudanças, nunca lidei, nunca fui uma pessoa boa o suficiente para conseguir me encaixar em novas realidades. Sempre que reflito onde pertenço e para onde irei com o futuro a chegar, temo que a resposta seja "lugar nenhum", ainda não me conheço o suficiente para ter tais pensamentos de forma otimista e esperançosa. Tenho medo de que talvez não mereça poder ansiar pelo melhor no que tem pra vir.

Hoje seu cabelo está maior, o corte é similar ao meu, mas quando o conheci, Jung Hoseok tinha madeixas curtas, comportadas e um sorriso acalentador que poderia trazer conforto até para a alma mais perturbada e isso me atraiu, a paz que ele me trazia foi um fator determinante para que eu me apaixonasse profundamente por tudo aquilo que ele significava. Eu sempre tive dificuldade para entender algumas interações sociais, minhas amizades estavam em minha vida desde cedo e nunca senti necessidade de buscar outras. Relacionamentos me deixavam nervoso, enquanto fui crescendo, senti necessidade de talvez tê-los, mas ao pensar na manutenção emocional que eles precisavam, eu apenas desisti.
Min Yoongi era a pessoa mais interessante que já conheci em minha vida e tudo aquilo que saía de sua boca parecia reger minha vida. Havia algo em Yoongi que me deixava perto, inebriado, apenas esperando para ser agraciado com suas perspectivas sobre diversos assuntos, ao redor dele construí boa parte da minha personalidade, de meus ideais, de quem eu sou hoje em dia. Eu o via como um amigo e mentor, mesmo ambos sendo da mesma idade, era como se o enxergasse como alguém além do nosso ciclo. Suas raízes melancólicas me faziam reflitir sobre tudo, minhas conversas mais profundas foram junto dele, meu estilo foi aprovado por ele antes que eu mesmo o assumisse, Min Yoongi foi tudo pra mim por muito tempo, pelo menos até eu perceber que nossa relação não era tão simples quanto imaginava.
Na vida, tem coisas que apenas sabemos, não é? Tipo, sabemos quando não estamos bem, até mesmo quando ao ponto de ignorarmos nós mesmos, também percebemos quando alguém não está nos tratando como antes e notamos como um raio caindo sob nossa cabeça quando nosso olhar muda sob alguém. Foi isso que ocorreu comigo. Eramos um trio inseparável dentro do nosso grupo, Chaerin e Jimin viviam em seu próprio mundo, mas eu, Yoon e Hobi éramos grudados, qualquer pessoa poderia notar. Durante os anos, cada um de nós fomos tendo experiências pessoais e específicas sobre o que e quem nos atraía, mas eu por outro lado fugi um pouco da curva. Amizades eram difíceis de fazer e manter, me assustava o simples pensamento de ter de me jogar em outro ciclo que não fosse o que eu já participava desde infância, então não foi surpreendente quando finalmente comecei a desenvolver um olhar diferente para o mundo quando a puberdade chegou.

Nunca me enxerguei de forma interessante, nunca achei que poderia de fato namorar alguém, pois julgava ser muito difícil entender um outro alguém e também ser entendido. Para mim, a bagunça em minha cabeça pertencia apenas a mim mesmo, eu não me sentia confortável em me tornar vulnerável com um outro alguém, pelo menos da forma que namoros exigiam. Tinha medo e ele me petrificava. Porém, pouco a pouco fui percebendo que o que me assustava eram as interações emocionais, com o tempo fui descobrindo necessidades que não sabia que tinha, a volúpia que surgia e tomava de conta de meus pensamentos intrusivos e sem receio me fazia ansiar por outros corpos que não fossem o meu. Mesmo tendo dificuldade de apreciar isso, eu sabia que era uma pessoa atraente, percebi que as outras pessoas também haviam desenvolvido os mesmos desejos que eu, todos haviam mudado e eram envoltos pelos hormônios da adolescência, todos queríamos algo em comum.
Minhee foi a primeira garota que beijei, ela costumava me observar na biblioteca em aulas livres, sua beleza era encantadora e assim como eu, não trocava muitas palavras, apenas tinha necessidades, então tudo se tornou mais fácil. Ao contrário de Jimin, eu não tinha problemas em me envolver com pessoas da Manchester, não era nada emocional, era apenas físico, eu era o irmão Orázio que estava disponível, isso enlouquecia a todos, era claro. A troca de favores, de sensações, de satisfação e saciação me mantinham vivo, ser desejado era melhor que desejar, o poder que regia em minhas mãos me tornava um narciso recluso, mas cheio de vontade. O primeiro por quem me senti completamente rendido e me vi quase de joelhos para que pudesse ter a sorte de beijá-lo foi Hoseok. Hobi era para mim um dos homens mais lindos que já vi, mas com o tempo fui percebendo como todos meus pensamentos se tornavam conturbados com sua mera presença, como quando praticávamos natação e eu o via sair da água com o corpo enxacardo, madeixas pingando e coladas em sua testa, seu peitoral que me fazia perder um pouco da sanidade quando o admirava e aquele sorriso desgraçado e descontraído, cheio de boa fé e modéstia destruía tudo dentro de mim. Eu não queria o querer tanto, sentia que não podia e que cometia um pecado. Tínhamos tanta intimidade, nos trocávamos na frente um do outro e tomávamos banho no vestiário desde que temos 10 anos, ele dorme em minha casa e na mesma cama e eu na dele desde que me entendo por gente, temos acesso um ao outro de uma forma que seria uma quebra de confiança o desejar tão ardentemente. Seria mentira dizer que não me derretia ao vê-lo nu ou que não sentia minhas mãos suarem quando ele dormia ao meu lado e eventualmente me abraçava de noite, como costume desde criança. Nunca fui religioso, mas pecava tanto, tanto que doía, eu tinha necessidade de Hoseok mais do que já tive por qualquer outra pessoa. Até que finalmente chegou, aquele dia que você sente, você apenas sabe que algo mudou, você sabe que está sendo visto de outra forma, considerado de outra forma, admirado de outra forma e eu não poderia perder a oportunidade de testar se isso era real, se eu estava certo. Eu pequei de tantas formas em pensamento que poderia reconhecer outro pecador tão fácil como o diabo e assim que vi como Hoseok não conseguia conter o desejo em seus olhares necessitados que me seguiam sem que o mesmo conseguisse raciocinar o que realmente queria, eu sabia que não era o único. Em uma noite de verão, ele havia discutido com os pais e como sempre, buscou abrigo comigo, minha casa era tão sua quanto minha, seus problemas eram tão seus quanto meus, ele contava comigo para tudo, mas fui pego de surpresa quando em um dos seus famigerados abraços durante a noite, enquanto a insônia o consumia, ele sabia que eu ainda estava acordado e então cedeu a sua necessidade. Em minha nuca senti sua respiração quente se tornar um pouco acelerada, suas mãos que antes me envolviam amigavelmente, desceram para minha cintura de forma maliciosa, nossos corpos não podiam mais ser separados e a cada movimento que fazíamos um contra o outro deixavamos escapar arfadas que demonstravam reciprocidade e não devorou muito para que tivéssemos nosso primeiro momento envolto em completa volúpia. Hoseok, não era hetero, nem mesmo de longe, eu sabia que ele e Yoongi tinham seus momentos, se descobriam juntos, mas sempre fui apenas  uma vela, um ouvinte enquanto eles brigavam, às vezes o mediador na relação, então eu sabia que a possibilidade de que pudesse ser fruto de desejo de Hobi não era remota, na verdade era muito possível. E eu aproveitei a primeira oportunidade de tomar esse papel.

POSH! - JIKOOKWhere stories live. Discover now