Capítulo 1

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Maus vícios

A solidão nos muda, e aos poucos nos enlouquece.

Sentir-se sozinho em meio a tantas pessoas conhecidas era normal? Sabia que não era, mas ainda sim sua cabeça buscava motivos para achar algo assim normal. 

Talvez seja o medo de nunca se encaixar em lugar nenhum, afinal nunca se sentiu parte de algo. 

Já estava no seu terceiro cigarro quando achou uma brecha para escapar de mais umas das festas entediantes que sua colega Sakura fazia.

Não estava fazendo desfeita do local e muito menos da Haruno, mas a época que se encaixa no meio dessas pessoas passou. E a única coisa que deixava marca de ter vivido algo assim eram seus cigarros, que havia tomado vício em uma das várias noites que havia passado na casa da garota.

Quando o vento tocou seu rosto depois de escapar da multidão teve o prazer de sentir-se renovado, andou alguns minutos até finalmente ter a visão de sua moto. 

Um suspiro prazeroso saiu de seus lábios quando o vento bateu em seu rosto após aumentar a velocidade. 

Quando estava ali, tudo parecia certo mas sua mente temia ao que seu coração desejava. 

Quando chegou à costa deixou o capacete sobre o banco, sentado no ferro que dividia a estrada e o desfiladeiro, o vento tocou seu rosto como um suave carinho. E naquele lugar diante daquela imensidão azul de mar a sua frente desejou ser livre.

 A fumaça que saiu de seus lábios sumiu com o vento que dessa vez parecia mais forte e motivado ou essa seria a sua motivação de sumir se misturando com o vento? deixou uma risada abafada sair de seus lábios, como queria que tudo fosse fácil assim...

atrás de si o sol começou a aparecer, não se virou para observar o astro.

Deixou com que seus olhos se focassem no azul do oceano, que aos poucos se tornava mais claro, apenas superficial, por trás da superfície clara tudo ainda estava escuro e sombrio. achou irônica a comparação que sua mente fez, mas não discordou, afinal mentiria se dissesse que não se sentia da mesma maneira.

O sol tocava seu corpo igual tocava o mar, alcançaria a superfície mais jamais tocaria a escuridão que se instalava em sua alma, jamais alcançaria o vazio que o matava todos os dias.

era assim que a vida funcionava. 

Quando o vento da velocidade mais uma vez parou de tocar seu rosto, já estava longe daquela área, a parte mais empobrecida da cidade era onde se localizava seu pequeno apartamento, continha cozinha, quarto e banheiro. Era mais do que precisava, sequer se incomodava com tamanho, afinal, não passava seu tempo ali.

 Se jogou no pequeno sofá e encarou o teto, perguntas surgiam de todas as partes, mas a que deixou sua expressão nauseada foi quando a voz de seu irmão entrou em sua cabeça perguntando se ele realmente era feliz. 

Essa pergunta o acompanhava há anos, desde o falecimento de Itachi até agora, mas nunca soube responder a pergunta do irmão. Jamais conseguiria dizer se era realmente feliz, não conhecia outra felicidade sem ser aquela genuína de criança. 

Nos seus piores dias se perguntava se Itachi havia sido feliz, mas duvidava e parte dessa dúvida virava ódio por saber que seu irmão nunca foi feliz de verdade.

Seu ódio tinha nome, sobrenome e endereço. Mikoto e Fugaku, seus próprios pais. 

Muitos achavam que estava equivocado ao falar dos pais dessa maneira, mas não estava. O inferno que havia aguentado não poderia ser descrito por apenas palavras, precisava de mais, muito mais do que apenas palavras. Se hoje seu irmão está morto é por eles, por culpa deles, que sequer haviam se importado com a saúde mental do próprio filho.

Maus víciosWhere stories live. Discover now