Encontro sob o Pôr do Sol

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Noah Benjamin

Ao cruzar o limiar do apartamento de Isabella, uma onda de raiva incontrolável tomou conta de mim. Meus olhos queimavam, meus punhos se cerravam e meu coração batia descompassadamente no peito.

Eu não conseguia olhar para ela. Mas eu precisava conter meus impulsos. Precisava jogar o jogo dela, fingir que nada estava acontecendo.

__ Não esperava você aqui. Ela disse.

Com um esforço sobre-humano, respirei fundo e me obriguei a manter a calma. __Só estava passando, disse, minha voz áspera e tensa. Quis te ver.

Um sorriso se formou nos lábios de Isabella, um sorriso que me fez sentir ainda mais raiva e repulsa. Ela se sentou na cama, me convidando a me juntar a ela.

Relutante, me sentei ao seu lado, mantendo uma distância. O silêncio se instalou entre nós, um silêncio pesado e carregado de tensão.

A pergunta de Isabella me pegou de surpresa. __Como andam as investigações do seu passado?, ela indagou com um tom de falsa preocupação.

Encarei-a fixamente, meus olhos buscando qualquer sinal de culpa ou remorso em seu rosto.

Uma onda de raiva me invadiu, misturada com uma profunda tristeza. Como ela podia ser tão hipócrita? Como podia fingir que se importava com meu passado enquanto escondia um segredo tão terrível?

Com um tom frio e cortante, respondi: __As investigações estão um pouco devagar. Ainda não tenho muitas informações, mas tenho certeza de que chegarei à verdade.

Minhas palavras soaram como uma indireta, um aviso para Isabella de que eu não era tão ingênuo quanto ela pensava.

Ela se aproximou de mim, fingindo estar preocupada. __Se você precisar de ajuda, pode contar comigo, disse ela, com um sorriso falso nos lábios.

Quase me descontrolei. A falsa bondade dela me enfurecia ainda mais. Virei o rosto para esconder a raiva que me consumia.

__Já tem gente o suficiente envolvida nisso, respondi, minha voz carregada de sarcasmo. Não quero colocar você em risco.

As palavras falharam em minha garganta. A raiva me impedia de pensar com clareza.

Isabella insistiu: __Eu não ligo, não tenho medo do perigo.

Olhei para ela com desdém. As palavras dela eram vazias, sem valor. Como ela poderia não ter medo do perigo quando ela mesma era a fonte de todo o mal?

Encarando Isabella com intensidade, lancei a pergunta que me atormentava desde que descobri a verdade: __Você me disse uma vez que havia perdido seu pai, você seria capaz de fazer qualquer coisa para vingar sua morte?

A pergunta pairou no ar como uma espada afiada, esperando por uma resposta que confirmasse ou desfizesse minhas dúvidas.

Isabella abaixou a cabeça, seus olhos fixos no chão como se estivesse buscando as palavras certas. Finalmente, ela ergueu o rosto e disse com voz firme: __Sim, Noah. Eu faria qualquer coisa para vingar a morte do meu pai.

Suas palavras ecoaram em meus ouvidos, me fazendo refletir sobre as diferenças entre nossas situações.

__Mas nosso caso é totalmente diferente, ela continuou, sua voz carregada de tristeza. Você teve a chance de conhecer seu pai, de criar um laço com ele. Já eu... não tive a oportunidade de conhecer o meu. Ele foi tirado de mim antes mesmo que eu pudesse nascer.

Herdeiros da Máfia Where stories live. Discover now