Sinfonia das Almas | Drarry Fanfic |

|08| Como Confiar em Alguém não Confiável?

Eu estou correndo, mas não importa o quão rápido eu vá, algo está sempre atrás de mim. Meus pés mal tocam o chão, e meu coração bate tão forte que parece que vai escapar do meu peito. O ar está frio e úmido, e uma névoa espessa limita minha visão a apenas alguns metros à frente. Eu ouço passos se aproximando, pesados e implacáveis, ecoando no silêncio sufocante que me envolve.

De repente, tropeço em algo invisível e caio de cara no chão. O impacto é brutal, e por um momento, fico sem ar. Tentando me levantar, percebo que meus movimentos estão lentos, como se estivesse debaixo d'água. O pânico se instala, e uma sensação de desespero me inunda. Eu grito por ajuda, mas minha voz é apenas um sussurro, engolido pela neblina.

Olho para trás e vejo uma sombra se formando na bruma. Não tem rosto, não tem forma definida, mas posso sentir que é algo terrível, uma presença maligna que deseja me alcançar. Eu me esforço para me levantar, mas meus membros não obedecem. A sombra se aproxima, e uma sensação de frio intenso percorre minha espinha. Rapidamente a sombra me alcança, suas mãos alcançam meu pescoço e ali vejo o meu fim sendo sufocado enquanto olho para um rosto vazio totalmente preto sem face alguma.

Acordo num sufoco, naquele instante respirar era impossível o ar faltava em meus pulmões, me sentia assustado como se ainda estivesse sendo sufocado até a morte.

- Potter - Sinto mãos em meu corpo esfregando meu peito - Respire.

Me concentro na mão que toca meu coração tentando me ajudar a controlar a respiração, parece inútil tal atitude até sentir algo diferente. Começo a ouvir uma sinfonia que vem da pessoa a minha frente, quanto mais me concentro nela mais meu coração começa a entrar em sincronia.

Leva um bom tempo até que meu coração se acalme e eu consiga respirar direito, com a visão focada consigo ver Draco sentado em minha frente ainda tocando em mim. O afasto de perto me esticando e tateando a cômoda ao lado a procura dos meus óculos.

- Foi um pesadelo? - Ele perguntou se escorando na pilastra que segurava o dossel.

- Sim.

Pesadelos eram recorrentes na minha vida, sempre os tive, às vezes sonho com a morte dos meus pais, em outros via meus padrinhos morrendo e até mesmo meus amigos, mas existia alguém que sempre estava presente neles. Como um personagem principal, uma sombra sem rosto ou formato definido sempre presente como se fosse um personagem principal dentro dos meus pesadelos.

Na grande maioria eu não costumava acordar Malfoy, ele dormia como uma pedra e não importa o quanto eu resmungue ele continua dormindo, mas naquela noite eu o acordei - inconscientemente - e ele estava ali me ajudando a respirar após o choque.

- Eu senti pelo laço - Malfoy estava me encarando, avaliando cada movimento meu - Consigo sentir muitas coisas por ele.

- Você não é o único - Respondo como se fosse óbvia essa compreensão da parceria.

- Eu senti você morrer sufocado - Ele disse os olhos vidrados em mim.

- Era só um sonho.

- Pareceu bastante real pra mim.

Malfoy olhou através de mim, como se pudesse ver a minha alma - provavelmente podia -, ele me encarou como se conseguisse sentir o medo através de mim. Fui obrigado a quebrar o contato, uma sensação de formigamento no peito me incomodando, ignoro a sua presença e volto a me deitar após tirar os óculos.

- Volte a dormir Malfoy.

Ele não demora muito, levanta da minha cama e volta para a sua no chão.

- Eu também tenho pesadelos - Draco admiti.