Paranóia

32 9 8
                                    

Estou fazendo uma contagem das coisas que precisamos e das coisas que não precisamos, Nathan está comigo no porão onde fica nosso estoque, tem uma pequena mesa e estamos sentados em duas cadeiras um de frente para outro. Ele está me ditando os produtos que precisamos.

— Então você e a Maria estavam mandando ver ontem à noite, hein?

— Isso se você não fosse um empada foda.

— Desculpa, mas sei que vocês vão ter outras oportunidades. E qual é? Gosta mesmo dela?

— Não é da sua conta, Nate.

— Caralho, tanto assim? — ele ri — Normalmente você só joga o seu charme para deixá-las gamadas e dispensa. Achei que ia ser a mesma coisa com essa.

— Maria não é assim, ela é especial.

— Você mudou desde a prisão.

— Mudei o quê?

— Está quieto, mais responsável, não sabia que isso era possível, porque você sempre foi centrado e organizado, mas agora eu...

— O que foi, Nate? — pergunto ansioso.

— Noto você olhando pra trás a cada dois segundos e não é só ansiedade para ver Maria, porque até quando ela está aqui você faz isso, sempre fica olhando pra trás quando anda e fica atento ao que está acontecendo ao redor. Está mudando muito mais do que antes também. E você nem sequer comentou como foi na prisão, e se você não falou comigo, sei que provavelmente não falou com mais ninguém, nem com a Maria.

— Não é só pela prisão.

— Então é pelo o que?

— Acho que estou sendo seguido.

— O quê? — ele pergunta espantado.

— Eu não sei explicar, mas desde que saí da prisão tenho notado coisas acontecendo.

— Talvez seja somente paranóia por causa da cadeia, se você falasse com alguém sobre isso, não comigo, claro eu adoraria sou seu amigo e quero te ajudar, mas talvez com algum profissional, psicólogo ou psiquiatra, sei lá. — ele coça a cabeça.

— Não sei se é apenas isso, Nate... Vi um cara estranho no bar dia desses, ele ficou estranho quando tentei puxar conversa, acho que é o mesmo que está saindo com a Amber e ele encurralou Maria no banheiro.

— Ciúmes?

— Não, Nate, você não está me ouvindo, de verdade ou eu só posso estar finalmente ficando louco. Eu ouço passos quando estou sozinho, barulhos de portas se fechando, o bar que eu sei que você disse que trancou estava aberto, coisas aleatórias do bar estão sumindo sem registro e da minha casa também, ela também estava com a porta aberta quando cheguei outro dia e posso jurar que ouvi alguém tirando fotos minhas.

— Você precisa chamar a polícia.

— Pra dizer o quê? Que tem um fantasma me seguindo? No máximo eles vão me dizer o mesmo que você, que estou sendo paranoico por causa da prisão. E fica pior.

— Como pode ser pior que isso? — Nathan passa as mãos no rosto.

— Acho que eu fui drogado.

Quebrados - (versão do Phil) Where stories live. Discover now