Capítulo 10 - " Os Zodíacos entre a Luz e a Escuridão"

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À medida que o sol marciano mergulhava no horizonte, pintando o céu de tons ardentes, Aurora girava livremente pelas estepes com uma risada que se misturava ao sussurro do vento, criando uma melodia que parecia dançar com as folhas vermelhas das árvores marcianas.

Aurora avançou em direção a Leon, a esfera de Marte repousando em sua palma como um pequeno sol rubro. A luz do crepúsculo acariciava a fruta, realçando seu brilho e revelando uma textura complexa que convidava à exploração. Com um movimento fluido e cheio de intenção, ela estendeu a mão, oferecendo a ele não apenas um fruto, mas um pedaço do próprio planeta.

- Aqui, come! - disse ela, os olhos cintilando com um convite silencioso. - É uma delícia!

Leon hesitou por um momento, admirando a beleza alienígena da oferta antes de aceitá-la. A casca da fruta cedia sob seus dedos, sugerindo a promessa de um sabor tão vasto quanto o céu marciano que se desdobrava acima deles. Pequenas saliências adornavam a superfície, cada uma brilhando como as estrelas que começavam a piscar na imensidão noturna. Quando seus dentes romperam a resistência inicial da polpa, foi como se ele mordesse em uma nuvem de sabor — uma explosão de doçura gelada e cítrica que se espalhava por sua língua, tão surpreendente e bem-vinda quanto o sopro da vida que enchia seus pulmões.

- Realmente, Aurora. Esse fruto é... - começou Leon, mas sua voz se perdeu quando Aurora se distraiu com a visão da coelha roxa, cujo peito subia e descia em um ritmo pacífico de sono.

- Nossa, que lepre lindinha! - exclamou Aurora, deslizando para o chão ao lado da criatura adormecida. Com dedos leves, ela acariciou o pelo macio, despertando Pandora com um sobressalto.

- Ei! O que pensa que está fazendo? - Pandora endireitou-se, franzindo o focinho em desaprovação.

Aurora recuou, surpresa, enquanto Pandora sacudia a cabeça, como se afastasse o torpor do sono.

- É claro que eu falo! Acha que eu sou muda, Aurora? - Pandora lançou um olhar travesso para a deusa, que ainda se recuperava do choque.

- Espera, você sabe meu nome? - Aurora perguntou, a curiosidade superando sua surpresa inicial.

- Bem, eu deveria, não é? Somos primas, afinal - Pandora respondeu com um sorriso malicioso, seus olhos brilhando com um humor que só a família compartilha.

Leon observava a troca, sua expressão um misto de incredulidade e fascínio.

- Pandora, você é uma... deusa também? - ele perguntou, ainda tentando entender a natureza da coelha falante.

- Oh, Leon, algumas coisas são melhores deixadas ao mistério - disse Pandora, piscando com um ar de mistério que apenas aumentava a curiosidade de Leon.

Aurora, transbordando de alegria, envolveu Pandora em um abraço apertado, quase sufocando a pequena coelha com seu entusiasmo.

- Aurora, com calma! Não quero vomitar na minha pelagem nova - Pandora protestou, lutando para respirar.

Enquanto Aurora, Leon e a coelha compartilhavam o momento tranquilo, uma presença quase imperceptível começava a se fazer notar. No limite do campo de visão, onde as sombras das dunas se encontravam com os últimos raios do sol, uma figura solitária observava. Era a silhueta de um homem velho, cujo manto desbotado se mesclava com as cores do crepúsculo, emergindo lentamente como um fantasma das areias.

Seus passos eram medidos, cada um marcando o ritmo de um tempo que só ele parecia entender, e enquanto se aproximava, o vento carregava fragmentos de uma melodia antiga, uma canção do tempo que precedia a chegada dos viajantes a Marte.

- Saudações, jovens viajantes! - A voz de Kairos cortou o silêncio, profunda e ressonante como um eco das eras passadas. - Sou Kairos, o Sábio das Areias Vermelhas, guardião dos segredos do tempo e do espaço.

Cosmonígma - A Saga do Zodíaco(Vol. I)Where stories live. Discover now