2|Poesias que cantam

189 46 22
                                    

Música do capítulo: "September", Earth, Wind & Fire e "Maniac", Michael Sembello

Música do capítulo: "September", Earth, Wind & Fire e "Maniac", Michael Sembello

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Eu nunca fui de frequentar bibliotecas. Sempre achei que os livros eram muito silenciosos, muito parados. Eu gostava do barulho, da ação, da adrenalina do fliperama e do skate.

Mas naquele dia, eu precisava de silêncio. Precisava entender o que estava acontecendo comigo. Por que a derrota para Jihyo estava me afetando tanto? Por que eu não conseguia tirá-la da minha cabeça?

Entrei na biblioteca da cidade, um lugar que parecia pertencer a outra época. O cheiro de papel velho e tinta seca era estranhamente reconfortante. Eu me perdi entre as prateleiras, deixando meus pensamentos vagarem. Jihyo. A patricinha. A rival. A garota que roubou meu recorde e, de alguma forma, encontrou um lugar nos meus pensamentos. 

Mas eu estou aqui atrás de revistas de música, nada mais que isso, mas meus pensamentos ainda estão nela e na sua feição idiota de divertimento com a minha frustração.

E então, como se o destino estivesse brincando comigo, eu a vi. Jihyo, sentada em uma das mesas da biblioteca, completamente absorta em um livro de poesias. Ela vestia roupas de marca, como sempre; short jeans azul claro, um casaco rosa e uma jaqueta jeans do mesmo tom do short por cima. Em sua cabeça prendendo sua franja para trás, óculos escuros. 

Movida por uma certa curiosidade, me aproximo como quem não quer nada. 

— Não esperava te encontrar aqui. — digo, tentando manter minha voz neutra. 

Jihyo me olha, incialmente parecendo surpresa, mas então um sorriso irônico aparece em seus lábios pintados de vermelho. 

— Eu poderia dizer o mesmo. Veio procurar um manual de como me vencer no Speed Demons?

A provocação dela é leve, mas me atinge como uma bola em alta velocidade, disfarçando minha irritação, dou um sorriso ainda mais irônico que o dela e dou de ombros. 

— Na verdade, eu estava procurando algo sobre músicas. Mas parece que você já encontrou todos os livros de poesias. — esse comentário faz Jihyo rir. Um som que inesperadamente eu acho agradável. 

— Poesia é uma forma de música, você não acha? — Ela responde, fechando o livro a sua frente. 

— Talvez seja. — Eu respondo, me sentando na cadeira vazia em frente a Jihyo. — Mas eu prefiro o tipo de música que você pode sentir no peito, sabe? A batida, o ritmo, a energia. Poesia é muito... calma para mim.

Jihyo parece considerar minhas palavras por um momento, seu olhar se perdendo em algum ponto atrás de mim. Então, ela pega um livro de sua bolsa, um livro de capa dura com um título em letras douradas: "Poesias que Cantam".

— Talvez você só não tenha encontrado a poesia certa ainda. — Ela diz, empurrando o livro em minha direção. — Este é um dos meus favoritos. Tem uma energia que eu acho que você pode gostar.

Eu olho para o livro, surpresa. Não esperava esse gesto dela. Mas, de alguma forma, isso faz com que Jihyo pareça mais... humana. Menos uma patricinha e mais uma pessoa real.

— Obrigada. — Eu digo, pegando o livro. — Eu vou dar uma olhada.

Jihyo sorri, um sorriso genuíno que ilumina seu rosto. E, por um momento, eu esqueço tudo sobre o fliperama, sobre o recorde, sobre a rivalidade. Tudo que vejo é Jihyo, a garota da biblioteca, compartilhando um pedaço de si mesma comigo.

E, de repente, eu estou ansiosa para ler poesia.

Observo enquanto Jihyo volta a abrir seu livro e então olho para o livro que ela me deu, está em minhas mãos e nada me impede de abri-lo e começar a ler ali mesmo. 

Então o faço. 

Aproveitando do silêncio confortável que a biblioteca quase vazia proporciona, viro a pagina. E eu leio, por um tempo. Se passam cinco, dez, quinze paginas e eu estou ansiosa por mais. E é surpreendente, porque eu realmente gostei do livro. 

As palavras dançam nas paginas, cada poema uma canção sem música. Eu me perco ali, mal notando o tempo passar. Mas, quando eu finalmente olho para cima, me assusto quando percebo que Jihyo ainda está ali, seu livro de poesias agora fechado a sua frente, seus olhos estão em mim. 

Pigarreio, corando pelo olhar que ela me dá e vistorio ao redor, a biblioteca, antes não tão cheia, agora está praticamente vazia. 

— Você gostou? — Jihyo pergunta, sua voz suave e um sorriso pequeno nos lábios quando a olho novamente, menos intimidada. 

Mas eu hesito por um momento antes de responder, sem entender exatamente o porquê. 

— Sim, eu gostei. É diferente, mas...bom. Muito bom. 

— Fico feliz que tenha gostado. — Ela parece satisfeita. Ela se levanta, pegando sua mochila. — Talvez a poesia não seja tão ruim quanto você pensava. 

Dou risada, fechando o livro e o erguendo em sua direção. 

— Talvez não. 

Jihyo olha para o livro que está em minhas mãos e sorri, de um jeito diferente, muito mais diferente do que os que eu já a vi dar em todos os nossos anos de escola juntas, por mais que eu nunca tenha conversado com ela. 

— Termine de ler, — diz — depois você me devolve.

E nada mais ela diz, se virando em direção a porta da biblioteca, saindo de lá como se não tivesse me deixado ainda mais confusa. 

Primeiro, ela age feito uma patricinha mimada na escola, então ela me vence no Speed Demons e me provoca por uma tarde inteira por causa daquilo, mas agora ela simplesmente age como uma adolescente comum, me trata bem e sorri feito uma boba o tempo inteiro?

Reviro os olhos para os meus próprios pensamentos e coloco os fones no ouvido, dando play no walkman. Maniac do Michael Sembello começou a tocar, me recosto na cadeira e volto a abrir o livro que Jihyo me emprestou, dando continuidade de onde parei. 

Como estamos?

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Como estamos?

Estão gostando da história??

Votem, bebam água e até a próxima! :)

GAME OVER, LOVE START|SAHYOOnde histórias criam vida. Descubra agora