001 - A morte e o amor.

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Erika Stark.

O amor apressou a morte em uma partida de xadrez. Era uma jogada importante, do tipo que significa tudo ou nada. A morte era estratégica e na maioria das vezes se saía melhor nas partidas, mas uma qualidade do amor se chamava persistência. Ele permaneceu confiante e tentou adivinhar qual peça os dedos adornados por anéis negros iriam mexer.

Com um sorriso esticando seus lábios, a morte tocou seu rei negro. Era divertido ter os olhos do amor fixos em sua jogada. Morte recuou liberando um suspiro. "Apenas os tolos aceleram a morte." Disse ela antes de mudar a estratégia e arrastar o cavalo preto por cima do rei branco do amor, assim ganhando o jogo.

Engraçado. Eu já havia lido aquele livro mais vezes do que podia contar. Conhecia cada palavra, cada frase, e ainda assim a leitura me arrancava risadas como se fosse a primeira vez. Sozinha, eu podia rir da vitória da morte sem constrangimento, longe dos olhares dos servos que me achavam esquisita.

Para eles, eu era a nortenha que recusava casamentos vantajosos, vestia-se para batalhas que nunca lutou e carregava um arco antigo como se fosse meu bem mais precioso. Mas o que realmente me tornava uma aberração na Fortaleza Vermelha era o fato de eu ter um dragão. Irônico, não é?

- O que é tão engraçado? - Lyonel, o guarda grosseiro, interrompeu meu divertimento.

- Deve ser algum texto erótico - sugeriu Hubert, o baixinho, com uma risada maliciosa.

Eu torci o nariz, enojada com a insinuação e com a presença deles. Desde a chegada de Vermithor, meu pai se tornou frio e distante. As minhas saídas noturnas, antes motivo de orgulho, agora eram vistas com desaprovação e resultaram nessa vigilância constante e sufocante.

Fechei o livro com força.

- Já é dia. Vocês não deveriam estar me importunando.

Eles apenas trocaram sorrisos e saíram, deixando-me com a expectativa de um dia que poderia ser mais do que a monotonia dos últimos meses.

A agitação na Fortaleza Vermelha era palpável com o retorno dos Velaryon, trazendo à tona memórias de um passado tumultuado entre as famílias reais. Disfarçada em minha leitura, eu captava cada sussurro e rumor, descobrindo que a sucessão de Driftmark era a causa do retorno.

Apesar da tensão, a perspectiva de encontrar velhos colegas trazia um vislumbre de esperança para dias menos solitários.

O reencontro foi um espetáculo de queixos caídos. Todos haviam mudado, crescidos e formados. Apenas Luke mantinha uma inocência vibrante em seus olhas. Baela e Rhaena, mais belas do que nunca, eram o oposto uma da outra, como o sol e a lua.

Jacaerys não tirava os olhos de mim. Eu sentia seu olhar respeitoso percorrendo os traços que o tempo esculpiu, mas não me interessava por isso. Sabia que Baela nutria sentimentos por Jace, e esperando que em breve juntassem os dois em matrimônio, eu não iria me intrometer.

Criticamos baixinho cada detalhe da nova decoração do castelo enquanto caminhávamos. Os antigos estandartes Targaryen eram muito mais imponentes do que as estrelas atuais.

Eu conhecia a Fortaleza melhor do que os próprios filhos da herdeira do trono de ferro, o que era uma ironia que não me escapava.

GUILTY AS SIN, Aemond Targaryen.Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang