Capítulo_01

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Sabemos o que acontece quando uma pessoa tem esperança de obter uma coisa desesperadamente desejada; parece bom demais para ser verdade.

- As Crônicas de Nárnia

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No orfanato, tínhamos várias histórias.

Relatos sussurrados, contos de ninar... Lendas na ponta da língua, iluminadas pela chama de uma vela. A história mais conhecida era a do Natal proibido.

Falava-se de um lugar onde o Natal era um segredo, um murmúrio entre as crianças, uma esperança proibida...

Um mundo onde a neve caía suavemente, cobrindo tudo com um manto de silêncio e pureza. Mas,
escondido de todos, em uma imensa solidão, havia um anseio guardado nos corações dos pequenos e um desejo secreto, acalentado em noites frias.

As crianças se reuniam em torno da
lareira, seus rostos iluminados pelo brilho das chamas dançantes, e sussurravam histórias sobre um tempo em que o Natal era permitido, quando a alegria e a esperança enchiam os corações como os flocos de neve enchiam os campos.

E sonhavam...

Sonhavam com árvores brilhantes, luzes cintilantes e o calor de um abraço familiar. Com a música suave das
canções natalinas e o aroma doce dos biscoitos recém-assados. Sonhavam com a generosidade, com o amor compartilhado e com a paz que o Natal trazia.

Mas o Natal era proibido...

E a neve caía lá fora, cobrindo os sonhos das crianças com um véu de realidade. Porém, dentro de cada pequeno coração, a chama da esperança continuava a brilhar, lembrando que, mesmo na mais profunda solidão, o espírito do Natal jamais poderá ser apagado.

Não podiam festejar, não podiam ir à neve, não podiam comer doces. E a neve caía lá fora, cobrindo os sonhos das crianças com um véu de realidade. Porém, dentro de cada pequeno coração, a chama da esperança continuava a brilhar, lembrando que, mesmo na mais profunda solidão, o espírito do Natal jamais pode ser apagado.

E assim, em meio à proibição, em meio à neve e ao frio, o verdadeiro Natal vivia... Nos olhos brilhantes e nas almas esperançosas daqueles que ainda acreditavam na magia de um tempo melhor.

E essa é a minha história.

Com o grande azar de ser deixada numa cesta na noite de Natal na porta do grandioso Orfanato Sanctuary of Forgotten Souls quando os flocos de neve caíam suavemente, transformando o chão em um tapete branco e sereno. A cesta, adornada com laços vermelhos, parecia um presente envolto em mistério, depositado à porta como um tesouro esquecido pela vida.

Enquanto eu dormia, aquecida por roupas macias e um cobertor reconfortante, a paisagem ao meu redor brilhava sob a luz das estrelas e das velas nas janelas. Era como se a noite de Natal, com todo o seu encanto e magia, tivesse conspirado para me receber neste mundo de forma especial e única.

Portanto, o natal sempre teve um lugar especial em meu coração, uma paixão que transcende o simples encanto das decorações brilhantes e das histórias encantadoras. Sim, parte desse amor vem dos contos que eu lia, onde o Natal era sempre mágico, repleto de alegria, amor e milagres. Sonhar com um Natal perfeito, onde cada momento fosse como uma cena de filme, era minha forma de escapar da realidade muitas vezes sombria do orfanato.

E neste dia, passou a ser a data do meu aniversário, talvez não o dia do meu nascimento mas a noite em que cheguei em meio às luzes cintilantes e à atmosfera de encantamento que permeia essa época do ano.

As Crônicas De Everdon - A Ascenção Da Profecia Where stories live. Discover now