| Capítulo 22 |

249 52 6
                                    

Point Of View: Lisa Manobal

Acordei com minha loira se mexendo na cama, ela virou para mim, se aninhou ao meu corpo e eu a abracei mais perto ao meu corpo, beijando seu pescoço. Pela primeira vez eu acordava do lado de uma mulher que me fazia sentir completa, as coisas realmente pareciam dar certo agora, a reabilitação estava dando certo, o emprego era bom, e Rose era perfeita.

Eu não tinha o que querer mais, pela primeira vez parecia que as coisas estavam realmente dando certo para mim.

— Há quanto tempo está acordada? – Rose perguntou se virando para me olhar, e eu beijei seus lábios.

— Não faz muito tempo, acho que alguns minutos somente.

— E por que não me chamou?

— Queria ficar olhando você dormir, você é tão linda, Rose.

— Mesmo dormindo toda torta e babando?

— Mesmo assim. – Falei rindo do jeito dela, e me levantei da cama

— Onde você vai?

— Tomar um banho, estou com muito calor mas eu já volto. – Me levantei e fui para o banheiro jogar uma água no corpo. Logo ouvi um barulho, parecia que algo tinha caído no chão.

Acabei de me secar e voltei para o quarto. Rose estava sentada na cama segurando minha caixa dos dez passos. Isso não era algo para ela encontrar, era algo que era para ser um segredo.

{FLASHBACK ON}

Ir a qualquer local de recuperação era como um recomeço, era como nascer novamente, pelo menos era o que dizia nos panfletos. Já eu pensava que aquilo era uma vergonha, afinal de contas, eu não conseguia me controlar.

Não consegui melhorar e olha onde eu fui parar, junto com muitos dos meus pacientes, no meio de todos os meus medos.

Eu estava afastada da medicina e corria o risco de perder minha CRM. Rose não queria saber de mim, ela não conseguia acreditar que eu me esforçava, as coisas não iam bem entre nós. O garoto da Sarocha me odiava, a mini Armstrong me achava uma bruxa e Sam não queria me ver nem pintada. Acho que nos últimos dias tudo ficou confuso e apagado.

Manobal! – A psicóloga me chamou, me levantei e fui até sua sala. Ela me deu um beijo no rosto e se sentou. – Como vão os passos?

Passos... Já comentei o quanto eu odeio nomear as coisas assim?

Algumas vezes...

Me sinto um bebê!

Mas é como se fosse um bebê, começando a engatinhar para longe de tudo que lhe derruba.

Vai indo bem. – Suspirei, tirando a carta do meu bolso e coloquei em cima da mesa.

Você sabe que o problema não é o vício, não é?

Sei disso, o problema é o que ele faz comigo e com as pessoas a minha volta.

Exatamente, mas espero que tenha encontrado a razão do porque está aqui.

Eu sempre soube a razão...

Que é?

Quero voltar a ser a médica bem sucedida que eu era, quero voltar às cirurgias pediátricas, e quero voltar a ser mulher que eu era. Quero ser digna da Rose.

Catfish | Monsam VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora