Capítulo 8

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Acordo estressada tirando o cabelo do rosto. O barulho do alarme me incomoda assim que começa, falto me debater contra o colchão. Não acredito que já está na hora de levantar e sair da realidade confortável do meu sono.

Olho para o lado praguejando céus e terras, até que noto a branca de neve, com seus cabelos negros bagunçados dormindo tranquilamente. Ela é uma boneca, toda fofinha dormindo. Eu não canso de admirar essa mulher.

Um sorriso escapa de meus lábios quando noto um roxo forte em seu pescoço e lembro o que fizemos na noite anterior. Dela gemendo meu nome, mordendo o lábio para abafar o gemido, dela batendo na minha bunda, ou da parte em que deixou a assinatura no meu pescoço.

Essa Simone é uma safada mesmo, certeza que meu pescoço está estraçalhado também, espero que dê para cobrir com maquiagem. A janja com aqueles olhos de águia jamais deixaria passar algo desse tipo.

Ainda olhando para o meu amor, penso em tudo que ela passa sozinha, as coisas que ela não me conta, sabe? E penso em como odeio a mania da Simone em esconder tudo que sente de ruim para mim. Ela pode contar coisas absurdas e coisas tristes. Não é como se eu não fosse entender, ou comi se eu fosse invalidar seus sentimentos.

Mas, como ela é cabeça oca, ignora minhas tentativas de escancarar seus sentimentos. Talvez, eu acho que sim, ela ainda não está pronta para isso.

– Está planejando me matar enquanto eu durmo, Moranguinho? – Ela sorri com olhos ainda fechados.

– Você tem algum tipo de pacto com algum ser místico que te mostra as coisas enquanto dorme? – Falo séria.

– Não, mas é impossível não sentir esses olhos secantes em mim. – Vira o rosto em minha direção e me mostra seu lindo sorriso.

Reviro os olhos e retribuo o sorriso.

– Mas o que você tanto pensa? – Pergunta.

– Eu pensava em você – Falo sem enrolação.

Se ela quiser saber, eu, provavelmente, vou querer conversar sobre os sentimentos dela e ela vai correr.

– O que pensava sobre mim? – Franze o cenho.

– Você esconde alguma coisa de mim? Por exemplo, tem alguma coisa muito importante sobre você que você não me conta, ou que gostaria de contar?

Acho mais fácil fazer um enigma do que ir direto ao ponto com ela. A Simone tem que estar muito mal para falar sobre seus sentimentos, e hoje ela me parece bem, então vou enrolar até ela perceber onde quero chegar.

Acho que meu problema é tudo estar calmo demais, sei lá, mas parece que eu só consigo estar bem se tiver alguma coisa errado.

– O que você acha que eu escondo de você? – Ela ri.

Apesar de estar rindo ela parece estar mentindo, esse é um riso nervoso, tenho certeza. Tinha outra outra hora para eu surtar? Está tudo tão bom, por que eu tenho que surtar?

– Ah, não é nada... – Abraço seu corpo quente. – É coisa da minha cabeça, ignora.

Não ignora, por favor, Tebet!

– Tem uma coisa que eu tenho que te contar, sim, So – Ela fala baixo e meu cérebro entra em um túnel de desespero e paranóias.

– É o que? – Sento rápido na cama e abraço minhas pernas – Não enrola, Simone. – Falo quase chorando.

Ela senta de pernas cruzadas e coloca o braço nos meus ombros me puxando para deitar a cabeça nas suas pernas, eu faço.

Com carinhos leves na minha cabeça ela começa.

O jogo do amor - PoderWhere stories live. Discover now