28. Um Amor Incondicional

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         A sensação de estar caindo é bem semelhante ao que Aquila sentiu quando reconheceu o corpo em cima da Limusine cara.
Sentia a dor invadindo seu coração, as mãos formigando, ele quer gritar.

E ele grita, grita e corre em direção a pessoa deitada ali.

Salatiel — Que teve sua festa de aniversário interrompida — tenta o segurar, pois o campo iria tirar seus poderes por um tempo.

Quando um deus morre, libera poder, força sobrenatural e em alguns casos— Como esse—, quando são deuses muito antigos, estar perto pode anular seus poderes por um tempo.

Áquila não se importa. Ele está chorando, sentindo o pulmão doer pela força que usa para fazer o ar chegar a eles. O peito dói, deus, ele sente vontade de morrer.

Detestava ser imortal as vezes.

Empurra Salatiel e faz o mesmo com Mee que está chorando também e tentando o impedir. 

Ulisses já está perto do carro, o rosto vermelho, chorando, desolado pela perda. Quando consegue se aproximar, Aquila sobe no carro.

Foda-se se estão todos olhando.

Foda-se se sua roupa está suja de sangue.

Foda-se tudo!

Abraça aquele corpo com força, o desespero tomando conta de cada parte sua quando nota alguns detalhes.
Ele sente que pode desmaiar quando Ulisses toca seu ombro.

— Tio ... como isso aconteceu? — Ele pergunta olhando para o rosto marcado de Ulisses.

Os cabelos longos do deus mais velho estão bagunçado, as mãos também sujas de sangue.

— Eu não sei. Quando nós notamos, ela já estava caindo. Eu corri pra cá e a vi assim ... Se não fosse o sangue, diria que ela está dormindo. —Sua voz falha. Mesmo entre os seres do Paraíso, não era comum um filho morrer antes dos pais.

Aquila chora mais ainda. Ele toca a mão fechada da deusa, abrindo devagarinho e encontrado o colar que deu a ela de presente ali.

O olhar segue para a barriga pequena ... ele desaba. Não consegue sentir a energia do filho, então logo conclui que ele também está morto.
Ulisses tenta tirá-lo dali, mas ele não consegue.

— Eu disse que estaria com ela, que iria proteger, tio. — Ele segura o colar que antes estava na mão a deusa, o pingente está quebrado. —Eu prometi, eu prometi isso a sua filha e eu falhei. — Ele beija a testa da deusa falecida e sussurra, mesmo sabendo que ela não pode ouvi-lo.

Um pouco distante dali, alguém vigia tudo. Com um sorriso enorme no rosto, ele desaparece.

Ao soltar o copo da deusa, Aquila desce do carro.  — De onde ela caiu? — Pergunta para um deus menor que está presente.

— Da cobertura, última janela da torre.— Ele diz e aponta para tal lugar. 

É possível ver uma névoa naquela janela, alguma cortina de proteção. O cupido tenta voar, se teleportar, mas nada da certo. Xingando, ele segue para as escadas, visto que é tudo que pode fazer. 

A porta da torre está fechada, mas não trancada, está fechada com um feitiço mesmo. Nenhum deus conseguiria entrar até que Aquila o fizesse. Não ha impedimento para ele. 

Seus olhos correm pelo local. Ha sangue para todo lado. Na janela, no chão, na cadeira, na cama ... Uma energia forte faz Áquila olhar para lá e ele fica estático quando ouve um choro.

Choro de bebê, mas não vem da cama, vem de debaixo dela.

Tremendo, há passos lentos, ele segue nessa  direção e se senta no chão, puxando o pano que ha la embaixo. O pacote vem bem enroladinho e seguro. Ha sangue em algumas partes do tecido  e Aquila percebe que o bebê segura uma pena.

Enquanto Não Me Lembro De Nós Where stories live. Discover now