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Dois anos. Tudo que meu pai precisou para arrumar uma nova esposa e substituir minha mãe, foram dois anos. Ainda me lembrava de quando precisei ser levada para o hospital, apenas para me despedir dela. Mamãe me pediu para cantar sua música favorita "If I die young", que por consequência também era minha favorita. Naquela tarde, eu apenas cantei para ela, fazendo o meu melhor para segurar as lágrimas. Bom, não fui tão bem quanto achava, mas mamãe fingiu não notar. Afinal, ela já esperava que uma criança não lidasse tão bem com tudo que estava acontecendo.

Eu não entendia no começo, mas aprendi com o decorrer. Morrer não era uma viagem para a Disney ou para o campo, o céu não era um lugar que eu poderia visitar quando quisesse e minha mãe não havia se tornado uma estrela. Na verdade, morrer era frio e solitário. Toda a existência de uma vida inteira, simplesmente era colocada em um caixão e enterrada a 7 palmos do chão. Todos os sonhos, esperanças e lembranças eram deteriorados com o tempo e comidos por larvas e outros animais nojentos. A morte não era bonita e glamourosa, ela era triste.

Aprender sobre a vida e a morte quando ainda criança era algo difícil, mas entender o motivo do meu pai estar levando uma outra mulher e uma outra criança para dentro da nossa casa, foi mais difícil ainda. Eu havia me acostumado e aceitado quando meu pai me proibiu de cantar ou tocar qualquer instrumento, afinal, ele conheceu minha mãe por bem mais tempo e suas memórias pesavam mais. Cada um lidava com o luto de uma forma diferente. Enquanto a música fazia com que eu me sentisse mais proxima da minha mãe, a mesma música fazia com que meu pai se lembrasse que o seu primeiro grande amor havia falecido. Porém, como alguém poderia sentir tanto a perda de um amor, enquanto coloca outro na própria casa?

Não entendi e nem ao menos tentei. Me contentei em colocar o vestido que meu pai havia escolhido, um branco com babados, que voavam junto ao vento, tornando-se leve e fresco. Calcei também as sapatilhas escolhidas por ele e penteei o cabelo da forma que ele achava mais elegante. Fiz tudo que meu pai havia mandado, me certifiquei de estar perfeita. Afinal, a perfeição era levada a serio na minha casa, não importava a idade.

Quando meu pai terminou de montar a mesa, a campainha tocou. Logo me coloquei ao lado dele na porta, esperando enquanto o mesmo arrumava a gravata no pescoço, se certificando de estar perfeito.

― Reneé, boa noite. ― ele falou, sorrindo de forma convidativa para a mulher bonita que se encontrava na nossa varanda.

Ambos se cumprimentaram com beijos na bochecha, se separando rapidamente. Estavam nervosos, isso era claro.

― Essa deve ser a Bella. ― ele falou, agora sorrindo para a garota que parecia mais nova. ― É um prazer conhecê-la.

A garotinha deu um passo para trás, tentando se esconder atrás da mãe, enquanto eu apenas observava tudo que acontecia, esperando a minha vez.

― Ela é um pouco tímida, mas aposto que as duas serão grandes amigas. ― Renée falou, sorrindo e se virando para mim. ― Luna, certo? Seu nome é lindo, querida, assim como você.

Minha mãe havia escolhido aquele nome, já que a mesma sempre amou olhar para a lua. No primeiro encontro dos meus pais, papai havia a levado para um campo aberto e os dois fizeram um piquenique enquanto observavam o céu com um telescópio. Segundo ela, naquele momento, ela já sabia que ele era o homem da vida dela. Porém, ali estávamos.

― Obrigada, Senhora. ― agradeci, mantendo meu melhor sorriso falso no rosto. ― Gostei dos seus sapatos, são lindos.

― Obrigada, querida. ― ela sorriu de volta. ― Você é uma criança realmente encantadora.

Brutal | Jasper HaleNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ