𝖢𝖺𝗉𝗂́𝗍𝗎𝗅𝗈: 𝟣𝟢

7 7 4
                                    

A manhã seguinte começou com a luz suave do sol filtrando-se através das cortinas do quarto do hospital. Acordei sentindo o peso do luto ainda presente, mas a presença reconfortante de Christian ao meu lado trouxe uma pequena sensação de calma. Ele ainda estava adormecido, sua mão segurando a minha.

Eu me mexi lentamente, tentando não acordá-lo, mas ele abriu os olhos e me deu um sorriso sonolento.

- Bom dia - ele disse suavemente, sua voz rouca de sono.

- Bom dia - respondi, sentindo um pouco de alívio ao ver seu rosto amigo. - Obrigada por ficar comigo, mesmo essa cama sendo horrível. - dei uma leve risada cansada.

Christian se espreguiçou e se levantou, ajeitando o cabelo bagunçado.

- Sempre que precisar, estou aqui - ele disse, seu olhar sincero.

Enquanto ele se despedia e deixava o quarto, senti uma pontada de gratidão. Apesar da dor ainda ser intensa, a presença dos meus amigos estava me ajudando a enfrentar um dia de cada vez.

Pouco depois, Barbie entrou no quarto, trazendo a rotina matinal com ela. Seu sorriso caloroso era uma tentativa de me animar.

- Bom dia, Teté. Como você está se sentindo hoje?

Suspirei, sentindo a tristeza ainda presente, mas também uma pequena faísca de determinação.

- Ainda é difícil, mas acho que estou melhorando, aos poucos.

Barbie assentiu, seu olhar cheio de compreensão.

- Isso é tudo que podemos pedir, um passo de cada vez. Hoje você tem uma consulta com o Dr. Rodrigues para discutirmos seu tratamento. Está pronta?

Respirei fundo e assenti. Levantei-me e me preparei para o dia, sentindo a rotina familiar do hospital se instalar ao meu redor.

Na consulta, Dr. Rodrigues revisou meus exames e falou sobre o próximo passo do meu "tratamento". Suas palavras eram técnicas, mas ele sempre tentava explicar de forma que eu pudesse entender.

- Estella, sabemos que a notícia sobre sua mãe foi devastadora e que isso afetou seu estado emocional e físico. Precisamos garantir que sua saúde continue estável para que nada de ruim aconteca, então, agora os remédios serão um pouco mais fortes.

Eu assenti, tentando absorver suas palavras.

- Vou fazer o meu melhor, Dr. Rodrigues.

Ele me deu um sorriso encorajador.

- Sabemos que você é forte, Estella. Estamos todos aqui para te apoiar.

A consulta terminou, e voltei ao meu quarto. A tarde passou lentamente, e, para minha surpresa, meu pai apareceu. Seu rosto estava marcado pelo cansaço e pela tristeza, mas ele tentou sorrir para mim.

- Oi, Estella - ele disse, a voz quebrada. - Como você está?

Eu o abracei, sentindo a dor e a saudade de minha mãe nos envolverem.

- Estou tentando, papai. E você?

Ele suspirou, segurando minhas mãos.

- É difícil, mas precisamos ser fortes, por nós dois. Sua mãe queria que lutássemos, que continuássemos.

Aquelas palavras me tocaram profundamente. Sabia que ele estava certo. Minha mãe sempre foi a pessoa mais forte que conheci, e eu precisava honrar sua memória sendo forte também.

- Vamos conseguir, papai. Juntos.

Passamos o resto do dia juntos, compartilhando lembranças de minha mãe e tentando encontrar conforto na presença um do outro. Embora a dor fosse esmagadora, havia uma pequena chama de esperança começando a crescer dentro de mim.

ᥫ᭡ᥫ᭡ᥫ᭡

Nas semanas seguintes, os dias começaram a se misturar. Stefan, Christian, e Barbie continuaram a me visitar regularmente, cada um trazendo um pouco de luz e conforto. Mason estava ocupado com seus estudos, mas sempre que conseguia vir conversavamos por um bom tempo. Meu tratamento prosseguia, e eu tentava focar na recuperação, tanto física quanto emocional.

Uma tarde, enquanto estava no jardim do hospital, sentindo o sol aquecer meu rosto, Christian apareceu novamente. Ele parecia mais relaxado, trazendo um sorriso leve.

- Estella, tem algo que eu quero te mostrar - ele disse, com um brilho nos olhos.

Curiosa, levantei-me e o segui até uma pequena área do jardim que eu ainda não tinha explorado. Para minha surpresa, havia uma pequena árvore recém-plantada, com uma placa ao lado.

- Esta é para sua mãe - ele disse suavemente. - Achei que seria uma boa forma de lembrar dela, algo que crescesse e florescesse como as memórias que você tem dela.

Não pensava que ele fosse o tipo de cara que faz esse tipo de coisa, mas isso mecheu comigo.

As lágrimas encheram meus olhos, mas desta vez, eram lágrimas de gratidão e amor.

- Obrigada, Christian. É perfeito.

Nós nos sentamos ao lado da árvore, compartilhando histórias e memórias. Aos poucos, percebi que, embora a dor da perda nunca desaparecesse completamente, havia maneiras de honrar minha mãe e encontrar força para seguir em frente.

Enquanto o sol começava a se pôr, lançando um brilho dourado sobre o jardim, senti uma nova determinação crescer dentro de mim. Eu lutaria, não apenas pela minha própria vida, mas também para honrar a memória de minha mãe, e com o apoio dos meus amigos, sabia que poderia enfrentar qualquer coisa.

A vida era uma batalha constante, mas com raízes de esperança e o amor de quem me cercava, eu poderia encontrar uma maneira de florescer novamente.

𝖬𝖾𝗎 𝖯𝗋𝗂𝗆𝖾𝗂𝗋𝗈 𝖴́𝗅𝗍𝗂𝗆𝗈 𝖠𝗆𝗈𝗋Where stories live. Discover now