STELLA

CAPÍTULO 17 - LUNA

Ao levantar da cama, Luna lembrou do que havia acontecido na noite passada e, na mesma hora, sentiu o rosto corar. Ela quis acordar antes do despertador para que desse tempo de passar no dormitório e colocasse uma roupa mais confortável. Seria um dia pesado, com muitas aulas e mais um jantar na casa do Sr. Peterson. Era dia de fazer tudo o possível para descobrir os segredos do professor.

Para o dia então começar, ela saiu do quarto para agradecer Callum pela hospitalidade e, também, fingir — ou tentar fingir — que nada tinha acontecido. Ela escutava um murmurinho e sabia que eram Callum e Hunter conversando, mas eles param assim que ela chega na cozinha. Os dois a encararam petrificados, sem reação. Luna demorou para perceber que ela estava usando somente uma camisa grande que Callum havia emprestado para que não dormisse com a roupa do dia anterior, e nada mais. No mesmo instante, ela deu meia volta e fechou a porta do quarto atrás de si, olhando para a sua roupa no canto da cama. Seu rosto estava queimando como nunca e o coração mais acelerado do que tudo — ela não conseguia acreditar no que tinha acabado de acontecer.

O silêncio ainda era perceptível, o que a deixou ainda mais constrangida, mas logo trocou de roupa e saiu novamente do quarto, deixando toda a vergonha para trás.

— Obrigada por me deixarem passar a noite, meninos, mas eu já vou indo para não me atrasar para a primeira aula — disse ela, sem olhar para os dois.

— Tome um café antes, pelo menos. — Hunter propôs, parecendo que nada tinha realmente acontecido.

— I-isso, tome u-um café. — Callum gaguejou por um segundo, perdendo sua compostura; o que tinha sido até fofo. — Não é tão bom, ainda mais que Hunter quem fez, mas ah... — Ele se aproximou de Luna, deixando o cheiro de seu perfume da noite anterior juntamente com o cheiro de menta tão chamativo de seu cigarro penetrar as narinas dela e fazendo seu coração acelerar levemente.

— É mentira, Luny, o meu café é o melhor que você vai experimentar na sua vida. — Hunter olhou de cara feia para Callum, tirando uma risada de Luna.

— Agora eu vou ter que provar e te dizer que você está errado — provocou Luna.

Callum ainda a encarava, porém com uma expressão de estranhamento.

— Luny?

— É, meu apelido para ela. — Callum ainda tinha o olhar desconfiado.

— Eu gostei. — Luna abriu um sorriso, mesmo se sentindo um pouco envergonhada. Ela andou até Hunter, pegando a xícara que ele oferecia e dando um gole, com os olhos do menino penetrando a sua alma, esperando por uma resposta.

Luna tentou saborear e tirar proveito do café, mas não conseguiu evitar fazer uma careta, o que fez Callum cair na gargalhada e Hunter fazer um biquinho.

— Infelizmente, não é o melhor que já provei, mas também não é o pior. — Isso deixou Hunter um pouco alegre. — O segredo está no açúcar. Não adoce. O café tem o próprio açúcar que o deixa incrível.

— Anotado. — Ele levou dois dedos à testa, fazendo uma saudação.

Callum se aproximou dos dois e pegou uma xícara, cuspindo logo em seguida.

— Café definitivamente não é para mim. — Luna riu e deixou a xícara na pia.

— Bom, eu estou indo, meninos. Preciso trocar de roupa antes.

— Deixe que eu te levo. — Callum ofereceu. — Meu carro está logo ali fora, e assim eu te garanto que não vai chegar atrasada.

— Eu também vou precisar. Tenho aula no primeiro horário. — Hunter olhou para Callum, esperando uma resposta positiva.