Caminhando até você

Onde os mares se encontram

Ele acordou assustado e ofegante olhando para os lados buscando uma sensação de familiaridade, a cabeça doía como se alguém tivesse acabado de machucá-lo. Estava frio e ele estava com medo. Onde estava? Encarou as paredes daquela casa simples, aquela não era sua casa! Nem seu quarto! Nem mesmo seu costumeiro pijama de cetim preto. Sua testa suava e ele tateou a cama assustando-se ainda mais ao perceber que havia alguém nela o que fez com que retraisse o corpo e batesse a cabeça na cabeceira da cama acordando o homem ao seu lado:

- Kong?! _ ele ouviu a voz manhosa e rouca sentindo vontade de vomitar. O que ele havia feito?

- Quem é você? Onde eu estou?!

O homem ainda deitado o encarou por alguns segundos perplexo e logo depois de algum tipo de compreensão se ergueu sentando na cama com um olhar melancólico e perguntou baixo para si mesmo:

- Aconteceu de novo?

- O que aconteceu de novo?! _ Kongpob estava apavorado e ele nunca sentira isso em sua vida e sua cabeça doía terrivelmente.

- Seus episódios de amnésia estão um pouco mais frequentes...

- Amnésia?...

- Sim Kong... Já está chegando não é... Esse ano faz três anos... Você deve estar assim por que seu pai está prestes a ser solto...

- Nada do que você está falando faz sentido.

- Eu sei... _ com um suspiro forte Arthit se ergueu da cama procurando um celular. Aqueles anos foram intensos com lembranças recuperadas e alguns episódios onde o moreno não se lembrava completamente de nada. Os médicos disseram que seria normal até que recuperasse totalmente a memória _ Quer que eu ligue para Pick? Um rosto familiar pode te ajudar, certo?

- Meu irmão? Mas ele.... Ele...

- Você voltou tão atrás assim? Poxa... Isso é ruim...

- Você... Pode me explicar o que aconteceu?

- Claro querido... Você passou por um trauma muito grande e está se recuperando... Nós somos um casal e seu pai não gostou nada disso ele... Ele te machucou muito e esse ano ele vai ser solto da cadeia daqui uns dia vai fazer três anos que ele fez isso. Acredito que seja por isso que está tão agitado dessa forma..

- Pai me machucou?

- Sim...

- Ele não faria isso...

- Ele fez Kong... Mas não se preocupe estamos cuidando de você...

- Estamos?

- Claro! Eu e...

- Papai... O pai está tendo sonhos ruins de novo? _ ouviram a voz infantil de Coração e Kongpob se assustou. Ele aparentemente tinha a família que sempre quis e pagou algum tipo de preço por isso. Ele esperava se lembrar de manhã.

Coração subiu na cama e se aconchegou ao lado do jovem. Ela e Arthit sempre faziam isso quando Kongpob estava transtornado para que ele se acalmasse o suficiente pra dormir. E o mais novo sentiu que de alguma forma aquilo parecia certo então disse baixo:

- Minha cabeça dói...

- Vou pegar algo pra você. _ Arthit foi até a gaveta e pegou um frasco de remédios que eram pra efeito placebo já que a dor de Kongpob era apenas fantasma somado com as lembranças ruins _ Aqui está.

- Obrigado.

- Se quiser podemos ir pro outro quarto...

- Não! _ Kongpob espantou-se com seu próprio grito _ Por favor não... Eu... Não quero ficar sozinho.