How to disappear.

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3 de Maio de 2014.

Penélope sentiu uma mão rodeando sua cintura, sua cabeça apoiada sobre o peito de alguém, ergueu o pescoço para descobrir quem era, reconheceu Colin que dormia ambém, julgou ser um sonho. "Em que mundo eu dormiria com um Bridgerton, que não fosse a Eloise? Eu e Colin dividindo a mesma cama, só em sonho mesmo." pensou consigo e deixou uma risada nasal escapar, fechando os olhos para voltar a dormir. Talvez o álcool ainda estivesse fazendo efeito naquela cabeça, pra tamanha distração.

...

Pela segunda vez, Penélope acordou, ainda com um corpo abraçado ao seu, estando agora de costas para o homem. Sentiu seu coração bater freneticamente, aquilo era tudo, menos um sonho. Flashbacks da noite passada vieram em sua mente, num solavanco ela se lembrou de todos os detalhes, do jogo, das doses de tequila e de ter aceitado dormir com Colin, em um dos quartos da casa alugada por ele e alguns amigos, pra dar a festa.
Os pensamentos em sua cabeça eram desordenados, quando se deu conta que transou com Colin, só faltou pular da cama.

Se sentiu burra por ter gostado e por ter cedido, bastou ingerir álcool pra ela se comportar como uma desesperada, o que ele iria pensar dela? o que diria a Eloise? Não iria beber nunca mais, no mínimo sumiria pra todos eles, como se nada tivesse acontecido e sua existência fosse apenas imaginação de todos. Sumir pareceu uma ótima ideia, tão mais simples.
Com cautela, se desvencilhou dos braços que ainda estavam unidos ao seu corpo e se levantou, em uma busca desesperada por suas roupas espalhadas pelo chão. Capturou peça por peça e correu até o banheiro, para se recompor. Enquanto se arrumava, ainda considerava fugir, até cair na real e perceber que era uma ideia tão estapafúrdia quanto beber na maldita festa. Então ela só iria pra casa e fingiria que nada aconteceu, foi só um rompante que não se repetiria nunca mais. Mal sabia ela que sua ideia iria por água baixo.

Quando saiu do banheiro fazendo o mínimo de barulho possível, escutou a voz rouca de quem recém acordou, ecoar pelo quarto.

— Você acorda cedo até de ressaca, não são nem dez horas, Pen. — Colin falou em um tom divertido, como se aquela situação não fosse o fim do mundo.

Porque de fato não era, pelo menos não pra ele.

As bochechas de Penélope esquentaram tanto, que ela poderia facilmente ser confundida com um tomate, de tão vermelha e a cena fez Colin rir. Penélope nunca desejou tanto um buraco, pra se enfiar ali e parar em um outro mundo, poderia ser até o de Alice no país das maravilhas ou qualquer outro lugar, que cancelasse sua existência no planeta Terra.

— Olha, Colin... — Ela que era tão boa com as palavras, agora não sabia o que dizer. — Eu não sei o que deu em mim ontem, mas podemos só fingir que não aconteceu? — Proferiu em um fôlego só, desesperada pra sair daquela situação.

A preocupação tomou conta de Colin, com medo de ter sido desrespeitoso, ou de ter machucado ela de alguma forma. Com uma postura tão assustada quanto a da garota, em um ato de diligência, parou em frente Penélope e segurou suas mãos, suplicando por respostas.

— Eu fiz algo de errado? Eu te machuquei? — Proferiu ansioso, com receio do que viria a seguir.

Penélope esqueceu que apesar do que era divulgado nos sites, Colin não era um cafajeste desesperado por sexo e ela sempre soubesse disso, porque o conhecia além das fofocas.

— Você não fez nada de errado, eu estou bem. Não foi nada sem consentimento — Quando escutou aquilo, Colin soltou a respiração que nem sabia que estava segurando. — Mas nós somos amigos, sempre fomos e eu não quero que você pense, que sou mais uma desesperada pra ficar com você ou sei lá, que faço isso com qualquer cara. — Explicou ela, ainda querendo virar um fantasma, não via razão pra prolongar aquilo.

Colin sabia que Penélope não era de fazer aquilo, conhecia a melhor amiga de Eloise tão bem quanto a própria, mesmo distante, ele sempre se preocupou e observou o crescimento de Penélope. E aquilo realmente não passava de uma atitude desesperada pra ser radical e se sentir viva, mas fingir ser algo não é legal cai e ela apreendeu a lição.

— Calma, Pen. Eu te conheço e não pensei em nada disso que você tá dizendo. Muito pelo contrário — Tentou soar brando, acolhendo o receio dela. — Você pode ficar, esperar eu me arrumar também e aí nós tomamos café da manhã e eu te deixo em casa. Como amigos, da melhor ou pior maneira possível, depende do ponto de vista.

Ele tentou, não queria sufocar e nem assustar Penélope, mas era o mínimo que ele podia fazer, não era? Sim, era. Tudo pra situação não ficar estranha.

Relutante em aceitar, Penélope pensou por breves segundos como negar educadamente, mas ele era um Bridgerton, o que significa que ele não desistiria fácil.

— Tudo bem, Col. — Sorriu em concordância, deixando Colin contente. — Eu vou te esperar lá embaixo, pra te dar privacidade, já vi coisa demais.

Não deu tempo pra Colin responder, se distanciou e saiu do quarto, deixando o garoto parado olhando ao redor, o galã as vezes parecia um bobo.

Colin.

Tentei contornar a situação, apesar do afastamento, Penélope ainda é importante pra mim. Mas nem eu estava acreditando, nem nos melhores vislumbre de paraíso eu imaginaria, que transar com Penélope Featherington seria tão bom.
Mas não vai se repetir, ela deixou claro e talvez seja melhor assim. Eu vou embora daqui quando terminar o colegial, ela vai conhecer alguém legal e ainda vamos rir dessa história um dia.

Tratei de afastar meus pensamentos, quando terminei de me vestir e desci pra encontrar Penélope. Dar vazão pra pensar no que aconteceu entre nós, só vai me trazer problemas.

(...)

Penélope revirou os olhos com o celular em mãos, enquanto esperavam seus pedidos, tentando se distrair dos olhares que queimavam ela e Colin. Desvantagens de ser uma figura pública, o que nem fazia sentido pra ela já que ela nunca fez nada pra ser famosa, além de ter nascido em uma família atualmente influente.

— Ser conhecida te incomoda, né? — Indagou o rapaz, quando notou desconforto da amiga. — Que pergunta idiota, eu já sei a resposta.

A cara irritadiça deu lugar a uma risada genuína, Colin era atrapalhado por natureza e com fome, ficava mais ainda.

— Eu me sinto como um quadro em exibição, sabe? Pronta pra receber críticas de quem nem conheço. — Admitiu, quase bufando.

— Pode parecer mentira, mas as vezes eu também não gosto. — Colin falou tão baixo, que parecia a confissão de um segredo.

— Eu realmente não acreditaria, se você não dissesse. A letra C do alfabeto é quase um diamante, de todas as temporadas da mídia. — Penélope brincou, fazendo reverência, como se saudasse alguém da realeza.

...

Como combinado, Penélope e Colin tomaram um café da manhã amigável e nostálgico, deram boas risadas e trocaram implicâncias, como sempre e por fim, ele a deixou em casa e seguiu para sua.  Era sábado, poderiam voltar a dormir em suas respectivas camas ou se ocupar com qualquer outra coisa, que não fosse a escola.
No final das contas, foi bom. Eles combinaram de fazer isso outras vezes, mas sem a parte que transam antes, marcaram de se ver sem ser em um almoço ou evento, quem sabe assim a amizade voltaria a ser como era quando crianças. No fundo, ambos torciam por isso.

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Considerações da autora: Espero que tenham gostado do primeiro capítulo, caso tenham dúvidas podem deixar nos comentários e me avisem, se os capítulos estiverem curtos ou longos demais. Nos vemos na próxima!

Com amor e história, medusa.🎀

Blue Velvet | Polin.Onde histórias criam vida. Descubra agora