Capítulo 48

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Beatriz

Após um dia de muito cuidado com a menina que me encarava com um olhar desconfiado enquanto eu terminava de pentear os seus cabelos eu me sentia estranha.

O quarto de hóspedes ela pequeno e simples. A janela que dava acesso ao lado de fora estava entreaberta e a tv desligada. O silêncio era ensurdecedor, já que não só eu como a minha companhia não estávamos tão confortáveis. Ela me olhava com curiosidade e havia um certo receio em seu olhar.

Beatriz: Você está bem? No que você está pensando? - falei sussurrando e sorrindo enquanto tentava amenizar o desconforto que existia ali.

Ela me encarou  e permaneceu em silêncio.

Beatriz: Você pode me perguntar ou pedir qualquer coisa e se você quiser me contar um segredo eu tô aqui, não vou contar nada pra ninguém. - falei sorrindo enquanto puxava as cobertas.

Ela continuou em silêncio, caminhou até a cama e se deitou.

Beatriz: Você quer ouvir uma história sobre uma princesa? - falei sorrindo.

Ela me encarou em silêncio, mas logo me perguntou sussurrando:

"Pu que aquele galoto não tem nome?"

Logo lembrei da conversa que tive com o Ravi. Eu estava a dias tentando convencê-lo a ter um nome. Ele estava recomeçando uma vida nova e eu super entendia o fato dele deixar pra trás as coisas que viveu, então nada mais justo que um nome.

A alguns dias atrás quando sugeri que ele tivesse um nome ele me disse que tudo o que ele precisava era de um vulgo, já que sua vida só existia pra o crime.

Aquilo me partiu o coração. Ele tão jovem e sem nenhuma pretensão de viver. Ele não conseguia enxergar a si mesmo, era como se ele só visse o seu lado ruim.

Dei uma risada sarcástica pra ele e disse que ele não tinha o que querer, porque eu ia conversar com o patrão dele e mais cedo ou mais tarde ia obrigar ele a ter um nome.

Ele me olhou com raiva, mas ficou calado temendo a própria vida. Naquele mesmo dia eu conversei com o Pedro Henrique e combinamos que íamos colocar ele num beco sem saída, em um dia que estivéssemos os dois ele não poderia negar e hoje conseguimos enfim executar o nosso plano.

Beatriz: Ele passou por coisas ruins e agora está recomeçando a vida longe dessas pessoas. Ninguém vai machucar ele, nós vamos proteger ele, então ele precisa de um novo nome, porque ele agora é um novo garoto que só vai ser feliz e ganhar muito amor. - falei sorrindo.

Ela me olhou desconfiada.

" O que é amô?" - me perguntou confusa.

Beatriz: Amor é quando você cuida e protege, não pode bater e nem fazer o outro chorar. - falei triste pensando nas coisas ruins que ela certamente já passou.

Ela me olhou de um jeito triste.

Beatriz: Aqui, ninguém vai poder machucar você, nunca mais ninguém vai bater em você. - falei séria e ela me olhou desconfiada.

"Eu vô te um nome novo?"

Me perguntou e eu sorri.

Beatriz: Se você quiser, sim. - falei sorrindo.

Ela sorriu. Não um sorriso grandioso, mas um sorriso de alívio e tranquilidade.

Beatriz: vou te contar a história de uma menina muito bonita e sorridente, ela apenas via bondade nas pessoas, ela encontrou um homem muito feio, mas conseguiu enxergar o lado bom no seu coração. Essa menina não tinha medo de nada, era muito valente... - falei sorrindo.

"Qual ela o nome dela?" - me interrompeu.

Beatriz: O nome dela era Bela... - falei sorrindo.

"Quem tem esse nome não tem medo de ninguém? - me perguntou.

Beatriz: Isso, quem tem esse nome consegue ver apenas a bondade até mesmo nas pessoas ruins. - falei com calma.

"Eu sou a Bela..."

Beatriz: Então Bela, esta na hora de dormir, porque amanhã vamos comprar roupas bem menores pra você! - falei sorrindo e fazendo cócegas nela que começou a dar uma risada contagiante.

Após algum tempo notei que ela dormia tranquila, me levantei fazendo o mínimo de barulho e fui até o quanto ao lado, notando um ronco de um certo escorpião. Tirei o celular do bolso e gravei o seu roncado para no dia seguinte ter como prova quando eu fosse rir da cara dele.

Após um banho e um dia totalmente diferente do "normal" eu estava deitada na minha cama. Há pouco tempo Pedro havia chegado e agora tomava banho.

Eu estava pensativa, o dia ocorreu bem e apesar das muitas dificuldades que enfrentei junto com a menina que estava ao quarto ao lado, eu me sentia feliz em perceber que em apenas um dia ela se mostrava bem mais tranquila.

Pedro saiu do banheiro com um toalha enrolada na cintura e logo entrou no closet, saindo de lá somente de cueca.

Ele estava preocupado, eu conseguia ver isso no seu rosto. Assim que ele deitou ao meu lado passou a mão no seu rosto, fechando os olhos de forma cansada.

Logo abriu os olhos e me encarou.

Pedro Henrique: Aí, a gente vai ter que resolver essa parada. Eu tô ligado que ontem eu trouxe a menina pra cá e tu nem tava sabendo desse bagulho, mas eu pirei, essa fita mexeu com a minha cabeça. - falou tudo de uma vez.

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Preciso de comentários.

Me digam o que estão achando e o que vocês esperam que aconteça nessa história...

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